PRESIDENTE DO IRÃ DIZ QUE “OS
SIONISTAS APELAM PARA A SABOTAGEM ONDE O IRÃ JÁ TEVE SUCESSO”
Francisco Vianna
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O Presidente do Irã, Hassan Rouhani, discursa durante uma entrevista à TV estatal do país em setembro último, em Teerã. Foto: AP/Escritório da Presidência/Rouzbeh Jadidoleslam |
O Presidente Hassan Rouhani
disse no último domingo que seu país tem tido sucesso em isolar Israel e que
esta foi a razão de o estado judeu ter tentado “arruinar a atmosfera positiva”
em torno das conversações sobre o programa nuclear do regime iraniano.
Falando numa reunião de
gabinete, Rouhani disse que “o Irã tem que ser cuidadoso com os planos de seus
inimigos externos que visam danificar a unidade nacional”, relatou a agência de
notícias estatal iraniano IRNA. Rouhani acrescentou que Israel estava tentando
sabotar as negociações nucleares em curso.
“Os sionistas têm apelado
à sabotagem e criado incidentes domésticos e no exterior”, disse ele,
assinalando que a história da Revolução Islâmica mostra que isso acontece cada
vez que a República Islâmica se aproxima de um marco de entendimento na arena
internacional. O mandatário elogiou os esforços diplomáticos do seu país,
afirmando que sua administração tomou ativamente a iniciativa na arena global e
“venceu a batalha no ‘tribunal da opinião pública’ nos países que impuseram as
sanções contra o Irã via ONU”, segundo a mídia local.
Concluiu dizendo que seu
governo já conseguiu sucesso diplomático ao suspender a aplicação de sanções
adicionais ao país e ao se engajar construtivamente com as potências mundiais.
“Com a graça de Deus e graças ao feito épico do povo persa nas eleições
presidenciais, o movimento diplomático do governo, numa interação construtiva
com o resto do mundo e através do apoio e confiança do Líder Supremo da
Revolução Islâmica, tem produzido resultados avaliáveis neste curto período, os
quais têm não só motivado os governos a elogiar a democracia no Irã como também
a suspender a tendência de aplicar novas sanções contra Teerã”, disse em sua
peroração de gabinete. “O governo do Irã está consolidando seus direitos
nucleares passo a passo e removendo obstáculos do caminho do progresso da
nação”, acrescentou.
O presidente iraniano concluiu
dizendo que “o caminho digno do Irã está claro, e os objetivos que têm sido
estabelecidos pelo Líder Supremo da Revolução para o desenvolvimento do país
serão vigilantemente buscados”.
No último domingo, o orador do
Parlamento iraniano, Ali Larijani, advertiu que “uma pressão exagerada por
parte do Ocidente, durante as conversações sobre o assunto nuclear pode levar
os legisladores iranianos a apelar para uma aceleração dos trabalhos atômicos
em toda a sua gama, inclusive a militar”. Essa mensagem de Larijani foi seguida
de apelos por parte de alguns membros do Congresso dos EUA no sentido de
aumentar ainda mais a severidade das sanções apesar e independentemente de
qualquer negociação nuclear em curso ou em vista de ocorrerem como as que
começaram na semana passada em Genebra. “Os iranianos têm que mudar sua atitude
e seu discurso, ambos ameaçadores, em relação ao Ocidente e particularmente a
Israel, ou jamais ganharão a confiança do mundo em relação ao seu programa
nuclear”, disse um senador americano. Também foi claro ao se referir às
preocupações dos ‘linha-duras’ com relação às possíveis concessões que os
iranianos possam obter nos seus esforços para aliviar as atuais sanções
impostas pelos EUA e seus aliados via Conselho de Segurança da ONU.
Larijani disse que o
Parlamento do seu país pode e deve ser ouvido no tocante à “quantidade e
diversidade” das atividades nucleares do país, sugerindo que é urgente expandir
essa atividade nuclear caso o Ocidente mostre um “comportamento de duplo padrão
e injustificável”. Não forneceu mais detalhes em seus comentários relatados pela
agência de notícias semioficial FARS.
Detalhes das conversações
iniciadas na semana passada permanecem fortemente secretas, mas as prioridades
no curto prazo, ficaram mais claras. Os EUA e seus aliados procuram reverter as
ações de enriquecimento de urânio de alto nível por parte do Irã, as quais
ainda estão diversos passos distantes do grau de aquisição de capacidade
bélica.
O Irã quer que o Ocidente
comece a suspender as sanções, que têm atingido seriamente a vital exportação
de petróleo do país.
A próxima rodada dessas
conversações está marcada para os dias 7 e 8 de novembro próximo em Genebra
entre o Irã e o G5+1, os países integrantes permanentes do Conselho de
Segurança da ONU mais a Alemanha. Tanto o Ocidente como outros países temem que
o Irã possa eventualmente produzir uma ogiva nuclear, ao passo que o regime
persa insiste em que busca apenas construir reatores para a produção industrial
de energia elétrica e para uso médico.
Segundo autoridades
israelenses – que receberam informes reservados sobre as discussões da semana
passada –, o Irã está alegadamente querendo limitar o enriquecimento de urânio
em 20% e “restringir amplamente” a atividade de suas instalações nucleares em
troca da suspensão das sanções econômicas ocidentais impostas contra a
República Islâmica, mas ao mesmo tempo não quer desistir de progredir com sua
tecnologia nuclear.
O primeiro-ministro israelense
Benjamin Netanyahu, falando na reunião de seu gabinete, no domingo, instou que
o Ocidente aumentasse a pressão internacional sobre Teerã e além de manter as
atuais sanções, até mesmo as aumentem em variedade e severidade, pelo menos
enquanto “as ações persas não se tornarem mais visíveis do que suas palavras
têm sido audíveis”. Netanyahu destacou que o mundo não deveria esquecer que o
Irã tem “sistematicamente enganado a comunidade internacional” no tocante ao
seu programa nuclear e principalmente ao que pretende dele a cúpula
islamofascista do regime de Teerã, que já foi bastante explícita quanto a elas.
O jornal americano, de
esquerda, o The New York Times, disse
na sexta-feira passada que o governo de Obama estava ponderando um
“descongelamento gradual” dos depósitos iranianos no exterior, sem rescindir propriamente
as sanções.
O Ministro para Assuntos
Estratégicos e de Inteligência, Yuval Steinitz, tem agendada uma viagem aos EUA
neste fim de semana, tanto para ser informado sobre o que foi conversado em
Genebra, quanto para avisar Washington para não se deixar enganar, de novo, ao
fazer concessões prematuras a Teerã. Netanyahu também tem agendado com o
Secretário de Estado, John Kerry, uma discussão sobre o Irã durante um encontro
em Roma nesta semana.
A posição de Israel, Segundo
uma reportagem da mídia hebraica, é a de que concessões dadas a Teerã ainda
deixarão que o Irã mantenha sua infraestrutura em funcionamento para retomar
seu programa nuclear a qualquer momento no futuro. Netanyahu tem exigido
repetidamente, que o Irã deva ser privado inteiramente de qualquer
possibilidade “de uso militar da energia nuclear”, uma vez que, declaradamente,
o mundo todo sabe o que o regime persa pretende fazer com ele, assim que o
conseguir.
“O fechamento incondicional
das usinas nucleares de Arak e Fordo é fundamental para que a capacidade de
enriquecimento de urânio em nível militar seja eliminada. Com isso, todo o
urânio enriquecido deve ser enviado para for a do Irã e ser armazenado em local
seguro, com a AIEA da ONU fiscalizando amplamente os reatores e fornecendo o
combustível atômico apenas para o funcionamento pacífico que os persas dizem
buscar e até ajudando os cientistas iranianos a obtê-lo”.
No fim de semana passado, o
presidente Rouhani disse que o Irã “tem a vontade política necessária” para
chegar a um acordo com a comunidade internacional “que represente uma vitória
para ambos os lados” quanto ao seu programa nuclear, como publicou o jornal “Tehran Times” no domingo. Disse ainda
que o encontro da semana passada em Genebra, chamado de “o mais sério até o
momento” pela Casa Branca, mostrou que “os outros países [menos Israel, é
claro] ficaram cientes da vontade política da República Islâmica do Irã”.
Teerã procura o alívio de anos
de sanções paralisantes impostas pela ONU, as quais Israel insiste que sejam
mantidas como sendo determinantes para que o Irã seja forçado a se amoldar às
regras nucleares internacionais de segurança estabelecidas pela Organização
Mundial.
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia
internacional), 25-10-2013
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