Da descoberta do Manuscrito 512 ao desaparecimento
do coronel Fawcett agita-se um mundo de sonho e de mistério.
Luís Almeida Martins
Existe na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, um
misterioso manuscrito que descreve a descoberta das ruínas de uma estranha
cidade perdida no coração da selva amazónica, há mais de dois séculos e meio. O
documento, conhecido por “Manuscrito 512”, está datado de 1753 mas é anónimo, o
que só contribui para adensar o enigma. Como o Brasil era, na altura em que o
texto foi escrito, uma colónia portuguesa, o seu autor, fosse ele quem fosse,
era um súdito de D. José, o rei obscuro que teve a lucidez de confiar o Governo
ao Marquês de Pombal, ele próprio um grande construtor da grandeza do Brasil.

E, como todas estas coisas estão ligadas, o
escritor inglês Ridder Haggard, autor de As
Minas de Salomão e inventor do género literário que fez furor na época
vitoriana e que ficou conhecido por los trace tales (histórias da raça perdida)
terá oferecido a um coronel seu compatriota chamado Percy Fawcett uma pequena
estatueta de pedra negra supostamente originária das ruínas da Chapada
Diamantina.
A história da descoberta dos bandeirantes
desconhecidos popularizara-se entretanto em Inglaterra graças à tradução do
manuscrito feita por Isabel Burton, mulher do famoso explorador africano
Richard Burton e também ela uma viajante intrépida. Entusiasmado, o coronel
Fawcett, que efetuara já diversas viagens pelo interior ignoto da América do
Sul, dedicou anos de esforços à busca das ruínas, que batizou de Cidade de Z.
Desconhecemos se alguma vez as encontrou, pois ele próprio sumiu algures na
selva, desaparecendo sem deixar rasto em 1925. Até à década de 1950, as
tentativas para encontrar Fawcett substituíram temporariamente a eterna procura
da cidade perdida. Num livro publicado em 1953, um filho do coronel afirma que
o pai encontrou no sertão vestígios de mais cidades misteriosas e ainda uma
tribo de homens-símios.
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Percy Fawcett |
O interior brasileiro é um mundo de fábula, que,
por sorte nossa e para nosso encanto, fala português.
As míticas Minas de
Muribeca, segundo a tradição existentes algures no interior brasileiro mas
nunca encontradas, suscitaram também, nos séculos XVII e XVIII, uma busca
apaixonada protagonizada por viajantes e aventureiros intrépidos.
Título e Texto: Luís Almeida Martins, in
“365 DIAS com histórias da HISTÓRIA de PORTUGAL”, páginas 427/428.
Digitação: JP
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