Uma investigação da Associated
Press concluiu que os atletas que vão participar nos Jogos Olímpicos de 2016,
no Rio de Janeiro, vão nadar e navegar em águas com níveis tão elevados de
contaminação com fezes humanas que arriscam ficar gravemente doentes
Visão
![]() |
Foto: Reuters |
Análises realizadas no âmbito
da investigação da agência de notícias revelaram níveis perigosamente elevados
de vírus e bactérias, provenientes de fezes humanas, nos locais onde vão
decorrer algumas das provas olímpicas do próximo verão.
Os resultados alarmaram
especialistas internacionais, apesar de as autoridades brasileiras garantirem
que a água vai ser segura para os atletas que participarem nos Jogos. Segundo a
Associated Press (AP), no entanto, o Brasil não realiza análises capazes de
detetar vírus.
Nalguns casos, chegou a ser
detetada uma presença de vírus nocivos para a saúde humana 1.7 milhões de vezes
superior ao que seria considerado perigoso, por exemplo, numa praia do sul da
Califórnia.
"O que temos aqui,
basicamente, é esgoto sem tratamento", explica John Griffith, um biólogo
marinho norte-americano, que examinou os protocolos, metodologia e resultados
dos testes da AP. "É a água das sanitas e chuveiros e tudo o que as pessoas
atiram para os lavatórios, tudo misturado, e vai tudo para as águas das
praias".
Leonardo Daemon, coordenador
da agência ambiental brasileira que faz a monitorização da água, esclarece que
as autoridades cumprem as regras em vigor no Brasil sobre a qualidade da água,
com base nos níveis de bactérias. "Qual seria a medida a seguir para a
quantidade de vírus?", questiona o responsável. "Não há uma medida
para a quantidade de vírus em relação à saúde humana quando em contacto com a
água".
O Rio de Janeiro espera mais de
10 mil atletas, de mais de 25 países, para os Jogos Olímpicos de 2016. Quase
1400 vão nadar na praia de Copacabana e participar nas provas de remo e
canoagem no lago Rodrigo de Freitas.
A AP pediu quatro rondas de
testes para cada um dos três palcos aquáticos das competições olímpicas e
também da praia de Ipanema, pela sua popularidade. Foram analisadas 37 amostras
para três tipos de adenovírus, rotavírus, enterovírus e coliformes fecais.
Nenhuma das amostras foi considerada segura pelos especialistas consultados.
Em causa estão problemas
respiratórios e digestivos, mas também a possibilidade de graves complicações
cardíacas e mesmo cerebrais.
Kristina Mena, especialista
nore-americana, analisou os resultados e estimou que os atletas têm 99% de
hipóteses de ficarem infetados se ingerirem o equivalente a apenas três
colheres de sopa de água. Depois, dependerá do sistema imunitário de cada um se
da contaminação resulta mesmo a doença.
"Se eu fosse aos
Olímpicos, provavelmente iria mais cedo para ficar exposto e preparar o meu
sistema imunitário para estes vírus antes da competição", sugere John
Griffith.
A AP mostrou os resultados
também ao treinador de vela da seleção austríaca, mas Ivan Bulaja já os
conhecia de perto: a equipa perdeu vários dias de treino, com vómitos e
diarreia.
"Esta é, de longe, a pior
qualidade de água que alguma vez vimos na nossa carreira", conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-