A drástica mudança de rota anunciada pelo
chanceler José Serra implodiu a opção preferencial pela infâmia que envergonhou
o país decente por mais de 13 anos
Augusto Nunes
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Lula com o iraniano Ahmadinejad em 21 de novembro de 2009 e Dilma Rousseff com o venezuelano Maduro em 9 de maio de 2013 |
O pedido de socorro remetido
por Dilma Rousseff à comunidade internacional foi ouvido por cinco países da
série D ─ Cuba, Nicarágua, Bolívia, Venezuela e Equador ─ e duas organizações
regionais: Alba e Unasul. A isso se resumiu a aliança com a qual a presidente
de férias no Palácio da Alvorada pretendia neutralizar o golpe imaginário e
voltar ao emprego: uma ditadura caribenha, uma irrelevância centro-americana,
três vizinhos bolivarianos e duas siglas inúteis. Sete anões. Com a adesão de
El Salvador, segundo baixinho centro-americano a meter-se em assunto de gente
grande, os sete viraram oito. Ou sete e meio.
Dilma viu no punhado de
pigmeus insolentes a perfeita tradução da “indignação internacional diante da
farsa aqui montada”. Governantes de nações civilizadas, que têm mais o que
fazer, só conseguiram ver um tedioso esperneio de outra nulidade demitida com a
aplicação de normas constitucionais. O ministro das Relações Exteriores, José
Serra, viu um bando de farsantes assustados com as evidências de que uma das
primeiras vítimas da troca de governo seria a política externa da cafajestagem.
E decidiu mostrar com quantas palavras se desfaz um desfile de bravatas.
Bastaram duas notas oficiais e
meia dúzia de declarações para calar o coro dos cucarachas. Nesta quarta-feira,
em seu discurso de posse, o chanceler concluiu o serviço de desmonte da usina
de falsidades. Como constatou o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, o país que presta não vai mais
envergonhar-se com a submissão do Itamaraty aos velhacos da seita lulopetista e
aos matusaléns do Foro de São Paulo. “A política externa será regida pelos
valores do Estado e da nação, não do governo e jamais de um partido”, resumiu
Serra ao anunciar a prioridade número 1.
A número 2 formalizou a
retomada da defesa sistemática dos direitos humanos, da democracia e da
liberdade “em qualquer país e qualquer regime político”. Que se cuidem os beneficiários
da diplomacia nascida do acalamento incestuoso de stalinistas farofeiros
do PT e nacionalistas de gafieira do Itamaraty, uns e outros sonhando com a
Segunda Guerra Fria que destruirá para sempre o imperialismo ianque. Em janeiro
de 2003, o aleijão que pariram subiu a rampa do Planalto acampado na cabeça
baldia de Lula.
Nos oito anos seguintes,
fantasiado de potência emergente, o Brasil envilecido pela abolição de valores
morais não perderia nenhuma chance de reafirmar a opção preferencial pela infâmia.
Acoelhou-se com exigências descabidas do Paraguai e do Equador, suportou
com passividade bovina bofetadas desferidas pela Argentina, meteu o rabo entre
as pernas quando a Bolívia confiscou ativos da Petrobras e rasgou o acordo para
o fornecimento de gás, hostilizou a Colômbia democrática para afagar os
narcoterroristas das FARC.
Confrontado com bifurcações ou
encruzilhadas, nunca fez a escolha certa. E frequentemente se curvou a
imposições de parceiros vigaristas. Quando o Congresso de Honduras, com o
aval da Suprema Corte, destituiu legalmente o presidente Manuel Zelaya, o
Brasil se dobrou às vontades de Hugo Chávez. Decidido a reinstalar no poder o
canastrão que combinava um chapelão branco com o bigode graúna, convertido ao
bolivarianismo pelos petrodólares venezuelanos, Chávez obrigou Lula a
transformar a embaixada brasileira em Tegucigalpa na Pensão do Zelaya.
Para afagar Fidel Castro, o
governo aprovou a deportação dos pugilistas Erislandy Lara e Guillermo
Rigondeaux, capturados pela Polícia Federal quando tentavam fugir para a
Alemanha pela rota do Rio. Entre a civilização e a barbárie, o fundador do
Brasil Maravilha invariavelmente cravou a segunda opção. Com derramamentos de
galã mexicano, prestou vassalagem a figuras repulsivas como o faraó de opereta
Hosni Mubarak, o psicopata líbio Muammar Kadafi, o genocida africano Omar
al-Bashir, o iraniano atômico Mahmoud Ahmadinejad ou o ladrão angolano José
Eduardo dos Santos.
Coerentemente, o último ato do
mitômano que se julgava capaz de resolver com conversas de botequim os
antagonismos milenares do Oriente Médio foi promover a asilado político o
assassino italiano Cesare Battisti. Herdeira desse prodígio de sordidez, Dilma
manteve o país de joelhos e reincidiu em parcerias abjetas. Entre
o governo constitucional paraguaio e o presidente deposto Fernando Lugo,
ficou com o reprodutor de batina. Juntou-se à conspiração que afastou o
Paraguai do Mercosul para forçar a entrada da Venezuela. Bancou a mucama de
Chávez até a morte do bolívar-de-hospício que virou passarinho. Para adiar a
derrocada de Nicolás Maduro, arranjou-lhe até papel higiênico.
Ao preservar a política
obscena legada pelo padrinho, a afilhada permitiu-lhe que cobrasse a conta dos
negócios suspeitíssimos que facilitou quando presidente, sempre em benefício de
governantes amigos e empresas brasileiras bancadas por financiamentos do BNDES.
Disfarçado de palestrante, o camelô de empreiteiras que se tornariam casos de polícia
com a descoberta do Petrolão ganhou pilhas de dólares (e um buquê de imóveis),
além da eterna gratidão (paga em espécie) dos países que tiveram perdoadas suas
dívidas com o Brasil.
Enquanto Lula fazia acertos
multimilionários em Cuba, Dilma transformava a Granja do Torto na casa de campo
de Raúl Castro, também presenteado com o superporto que o Brasil não tem. Ela
avançava no flerte com os companheiros degoladores do Estado Islâmico quando a
Operação Lava Jato começou. Potencializada pela crise econômica, a maior
roubalheira da história apressou a demissão da mais bisonha governante do
mundo.
Os crápulas que controlavam o
Itamaraty hoje descem ao lado da chefe a ladeira que conduz ao esquecimento. “O
Brasil vai perder o protagonismo e a relevância mundial”, miou Dilma nesta
quinta-feira. O que o país perdeu foi o papel que desempenhou desde 2003: o de
grandalhão idiota e obediente aos anões da vizinhança. A recuperação da altivez
há tanto tempo sumida vai antecipar a colisão entre o Brasil e os populistas
larápios, os ditadores assumidos e os tiranos embrionários que prendem quem
discorda, assassinam oposicionistas e sonham com a erradicação do Estado de
Direito.
O compadrio vergonhoso acabou.
Os incomodados que se queixem ao bispo. Ou a Dilma, se a desterrada do Alvorada
continuar por lá. Ou a Lula, se o parteiro da Era da Canalhice ainda estiver em
liberdade.
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