A conselheira da comunidade portuguesa na
Venezuela, Maria de Lurdes Almeida, acusou esta quinta-feira o PCP de
“blasfemar e mentir” sobre a crise social e política na Venezuela
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Foto: Cristian Hernandez/EPA
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Agência Lusa
A conselheira da comunidade portuguesa
na Venezuela, Maria de Lurdes Almeida, acusou o PCP de “blasfemar e mentir”
sobre a crise social e política na Venezuela, lamentando a ausência de “um voto
único de solidariedade” do parlamento português.
“Eu respeito muito as
ideologias partidárias [do PCP], mas não concordo que, por defender umas
ideologias de partido, se cometa o que se está a cometer de blasfemar, de
mentir, dia após dia, sobre o que se está a passar na Venezuela”, afirmou
esta quinta-feira a representante dos portugueses na Venezuela no parlamento, à
margem de uma audição dos membros do Conselho Permanente do Conselho das
Comunidades Portuguesas (CCP) por deputados com assento na comissão de Negócios
Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.
Nas últimas semanas, o
parlamento português aprovou um voto de solidariedade e apoio aos portugueses
que vivem na Venezuela, mas o PCP votou contra um ponto por não fazer
referência às “ingerências externas” no país, enquanto um voto de condenação
proposto pelo CDS sobre o agravamento da “situação de instabilidade e insegurança”
na Venezuela teve a oposição dos Verdes e dos comunistas, que foram acusados de
“branquear” o regime “ditatorial”.
Já o PCP viu aprovados dois
pontos de um voto de “repúdio pelas ações de ingerência e desestabilização”
contra a Venezuela, nos quais se reafirma “o direito do povo venezuelano a
decidir soberanamente sobre o seu caminho de desenvolvimento livre de quaisquer
ingerências e pressões externas e em paz”.
Com a abstenção do PS, os
votos contra do PSD, do CDS-PP e de oito deputados socialistas, o segundo ponto
aprovado manifesta “apoio e solidariedade à comunidade portuguesa” que, “como o
povo venezuelano, é vítima da campanha de ingerência e desestabilização”.
Esta quinta-feira, a
conselheira portuguesa na Venezuela criticou declarações do eurodeputado
comunista João Ferreira, de que o país “estava melhor do que nunca”.
“Disse-lhe para ir para a
Venezuela e viver o que estamos a viver. É muito fácil falar quando se está
longe”, lamentou. A representante dos portugueses na Venezuela perguntou: “Se a
comunidade está tão bem e o povo está tão bem, então por que é que estão a
suceder estes protestos, que duram há três semanas, com pessoas mortas dos dois
lados”.
“Que não me digam que na
Venezuela diminuiu a pobreza, quando temos cada vez mais pessoas a procurar
comida nos sacos do lixo. Que não me digam que aumentou a escolaridade, o que
aumentou foi o absentismo, porque as crianças desmaiam nas aulas por falta de
uma boa nutrição. Que não me digam que na Venezuela se vive melhor que nunca,
quando a insegurança aumentou catastroficamente, e às cinco ou seis da tarde,
quando vai ser de noite, todas as pessoas se refugiam nas suas casas”,
descreveu, indignada.
Na Venezuela, acrescentou,
“quem pensa diferente do regime é perseguido, é detido”.
Maria de Lurdes Almeida
sustentou que era “muito importante” que o parlamento português tivesse uma voz
única sobre a situação dos portugueses.
“Solidarizar-se com uma
comunidade não implica que não tenhas as tuas ideias partidárias. Aqui, no
parlamento, todos deveriam ter um só voto de solidariedade para com os
problemas que estão a suceder e não se pensar nas ideologias partidárias para
estar a blasfemar e a mentir todos os dias”, considerou.
Em declarações aos
jornalistas, a deputada comunista Carla Cruz garantiu que o PCP está preocupado
com os portugueses na Venezuela. “Temos dito que o Governo português deve
acompanhar essa situação, mas também não desligamos que a situação da
comunidade portuguesa na Venezuela não é alheia àquilo que são as dificuldades
com que o povo venezuelano vive e que resultam claramente dos processos de
ingerência e desestabilização que estão em curso na Venezuela”, afirmou a
comunista.
Carla Cruz recordou que a
iniciativa que apresentou no parlamento “fazia uma referência explícita de manifestação
de solidariedade e apoio à comunidade portuguesa que vive na Venezuela”, além
de os deputados comunistas terem votado favoravelmente o ponto do voto do PSD
que se referia aos portugueses. Desde o início de abril, uma onda de
manifestações anti-Governo de Nicolás Maduro tem sido marcada por violentos
confrontos com a polícia, que fizeram quase 30 mortos e centenas de feridos.
Título e Texto: Agência Lusa, Observador,
27-4-2017
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