Relator retirou quatro trechos do texto
elaborado pelo Executivo, que segue para análise de comissão especial.
Parlamentares contrários apontam inconstitucionalidade pela falta de estimativa
dos impactos orçamentários e financeiros
A Comissão de Constituição e
Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça (23),
por 48 votos a 18, a admissibilidade da reforma da
Previdência proposta pelo governo Bolsonaro (PEC 6/19).
O texto, em tramitação na
Câmara há dois meses, segue para a análise de comissão especial a ser
instalada na quinta (25), segundo a líder do governo no Congresso, deputada
Joice Hasselmann (PSL-SP).
Para viabilizar a aprovação, o
relator na CCJ, deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), apresentou uma
complementação de voto para retirar quatro prontos da proposta do Executivo,
apontados por ele como em desacordo com a Constituição. Ao anunciar a medida,
Freitas estava acompanhado do secretário especial de Previdência do governo,
Rogério Marinho.
Foram extraídos os trechos que
tratam do fim do recolhimento mensal e da multa de 40% do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) para aposentados que continuam trabalhando; da
possibilidade de redução por meio de lei complementar na idade de aposentadoria
compulsória de servidor, hoje em 75 anos; da criação de prerrogativa exclusiva
do Poder Executivo para propor mudanças nas aposentadorias; e do fim da
possibilidade de qualquer pessoa iniciar ação contra a União na Justiça Federal
em Brasília.
Segundo Freitas, um acordo
entre líderes partidários possibilitou as mudanças no parecer. Até então, o
relator seguia entendimento do presidente da CCJ, deputado Felipe Francischini
(PSL-PR), de que ao colegiado caberia avaliar apenas a compatibilidade do texto
com a Constituição e que a análise do mérito e eventuais alterações deveriam
ser feitas depois pela comissão especial.
Depois de mais de oito horas
de reunião, a reforma foi aprovada pela CCJ sob protestos de parlamentares
contrários ao texto, que apresentaram requerimento (1292/19) ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para tentar
suspender por até 20 dias a tramitação. O documento foi devolvido aos autores
porque não atingiu 103 assinaturas, o mínimo necessário.
![]() |
Delegado Marcelo Freitas: um acordo entre líderes partidários
possibilitou as mudanças no parecer
|
Um dos argumentos é que a PEC
é inconstitucional pois não está acompanhada da estimativa do impacto
orçamentário e financeiro, como determina o artigo 113 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias. Esse dispositivo decorre da Emenda do Teto dos
Gastos (Emenda Constitucional 95, de 2016).
Os dados que embasaram os
cálculos do Executivo também foram alvo de polêmica. Segundo o governo
Bolsonaro, a reforma da Previdência, como foi proposta, representará uma
economia de R$ 1 trilhão em dez anos. Vários parlamentares querem ver esses
números, considerados sigilosos pelo Ministério da Economia. Segundo Marinho,
os dados serão entregues à comissão especial.
Mudanças
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/19 pretende reformar o sistema de Previdência Social para os trabalhadores do setor privado e para os servidores públicos de todos os Poderes e de todos os entes federados (União, estados e municípios). A idade mínima para aposentar será de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres. Há regras de transição para os atuais contribuintes.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/19 pretende reformar o sistema de Previdência Social para os trabalhadores do setor privado e para os servidores públicos de todos os Poderes e de todos os entes federados (União, estados e municípios). A idade mínima para aposentar será de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres. Há regras de transição para os atuais contribuintes.
O texto retira da Constituição
vários dispositivos que hoje regem a Previdência Social, transferindo a
regulamentação para lei complementar. O objetivo, segundo o governo, é conter a
diferença entre o que é arrecadado pelo sistema e o montante usado para pagar
os benefícios. Em 2018, o deficit previdenciário total – setores privado e
público mais militares – foi de R$ 266 bilhões.
Reportagem – Ralph Machado/Edição – Pierre Triboli, Agência Câmara Notícias, 24-4-2019
Fotos: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Relacionado:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-