Felipe Grinberg
Em uma transmissão ao vivo na
tarde desta segunda-feira em sua página pessoal, o Marcelo Crivella voltou a
defender a liberação do pedágio da Linha Amarela. O prefeito ainda afirmou que
o município, sabendo que a empresa iria recorrer na Justiça, tomou medidas para
evitar que a Lamsa, concessionária da via, não voltasse a cobrar a tarifa nos
próximos dias. Neste domingo, retroescavadeiras destruíram placas e cancelas da
Linha Amarela.
O prefeito ainda afirmou que
há um ano vêm cobrando com a empresa sobre criticou a decisão do Tribunal de
Justiça, que no plantão judiciário, ordenou a volta da cobrança do pedágio.
Crivella disse também que espera reverter a decisão na Justiça:
— Não fui eleito para ser
omisso e para me acovardar. Não sou um homem de desfilar na Marques da Sapucaí.
Não sou de aparecer, mas cumpro meu dever, que era esse. Sabíamos que a Lamsa
iria recorrer ao Tribunal de Justiça. E numa decisão liminar, de madrugada e
sem muitas informações, a juíza determinou que voltassem a cobrar. Bem, vai
demorar. A prefeitura, como dona da concessão e da Linha Amarela tomou medidas
para que o pedágio não fosse cobrado e vai demorar um tempo para que volte —
afirmou o prefeito, completando que pretende recorer da decisão da juíza.
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Praça do Pedágio nesta segunda-feira. Foto: Jose Lucena/Futura Pressa/Estadão Conteúdo |
— É por isso que a prefeitura
se sente no direito e no dever de fazer que essa concessão termine.
Temos outras medidas judiciais
e a Câmara de Vereadores do nosso lado. Vamos tomar ações que vão facilitar que
mais rapidamente tomemos posse disso, em benefício da nossa população — disse
Crivella, comparando o preço da Linha Amarela com a ponte Rio-Niterói:
— Na ponte é cobrado cerca de
R$ 0,15 por quilômetro. Lá eles fazem a conservação e uma operação complicada.
A Linha Amarela é R$ 15 ida e volta. Se fossemos cobrar proporcionalmente,
deveria ser R$ 2,25 indo e voltando — comentou.
Pedágio da Linha Amarela
deve ficar sem cobrança por mais de um mês
O presidente da Lamsa,
concessionária que administra a Linha Amarela, Eduardo Dantas, disse que
a cobrança da tarifa de pedágio pode voltar a ser feita somente daqui
a um mês, em razão dos danos provocados pela ação da Prefeitura do Rio
na noite de domingo. As cabines foram destruídas, assim como as câmeras
instaladas para monitorar o movimento de veículos. Dantas disse que ainda é
muito cedo para avaliar o prejuízo. Ele afirmou que os serviços da
concessionária — como mecânico, reboque, assistência médica e a manutenção da
via — foram restabelecidos às 5h30 desta segunda-feira, quando a Lamsa conseguiu uma liminar da Justiça suspendendo a intervenção da prefeitura.
— Ainda vamos avaliar o
impacto dos danos. E isso vai levar algum tempo. Vamos fazer toda a recuperação
possível. Obviamente que o dano, o valor financeiro impactado, nós vamos cobrar
do poder concedente, da prefeitura. Ainda é muito preliminar afirmar quando o
serviço (de cobrança de pedágio) será restabelecido. Vamos fazer uma avaliação
detalhada, mas acredito que essa situação vai durar um pouco mais de um mês —
disse Dantas.
Por causa da intervenção
municipal e dos danos causados aos equipamentos, a pista reversível que costuma
ser aberta em direção ao Centro, durante a parte da manhã, não foi delimitada
nesta segunda. O tráfego ocorre em quatro pistas abertas em ambos os sentidos.
Perícia nas cabines
A Lamsa registrou a destruição
das cabines do pedágio na 26ª DP (Todos os Santos) como crime de dano, informou
a concessionária. Por volta das 11h desta segunda-feira, policiais civis do
Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) chegaram ao pedágio da Linha
Amarela para fazer perícia.
Técnicos da concessionária
fazem avaliações nas cabines destruídas pela ação da prefeitura. O objetivo é
calcular o valor dos danos e saber se algum equipamento escapou da ação dos
funcionários municipais. Eles estão usando celulares para tirar fotos de todos
os equipamentos.
'Reduza a velocidade'
A concessionária está fazendo
um alerta em seus painéis eletrônicos sobre a situação na praça do pedágio.
"Atenção: cabines destruídas. Para sua segurança, reduza a
velocidade", diz o aviso.
Mesmo assim, a velocidade dos
veículos que cruzam o pedágio é elevada. A Lamsa faz um apelo para que os
motoristas cruzem a praça devagar.
Vários motoristas passam pela
praça do pedágio ovacionando o prefeito Marcelo Crivella.
— Não sou a favor do
quebra-quebra que aconteceu. Mas sou a favor do fim da taxa do pedágio de R$
7,50, na ida e na volta. Você vai daqui para Niterói e paga R$ 4,30 na Ponte
Rio-Niterói. Só na ida. E é uma rodovia intermunicipal. E dentro da nossa
cidade temos que pagar R$ 7,50. Isso é um absurdo! — disse o motorista de
aplicativo Carlos Cleber da Silva Barroso, de 35 anos.
Ele contou que passa pela
Linha Amarela diariamente, às vezes mais de dez vezes por dia, para levar
passageiros ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, que fica na Ilha do
Governador, na Zona Norte:
— Por que eles não reduzem o
preço? Poderiam cobrar só a ida e não cobrar a volta. Seria uma forma de
resolver.
Carlos, porém, disse achar que
a prefeitura não conseguirá fazer a manutenção da Linha Amarela.
— Não sei se a prefeitura vai
dar conta de manter a via. Porque as ruas da cidade, por exemplo, estão todas
destruídas. Será que a prefeitura vai conseguir manter? Essa é uma dúvida
também — pontuou.
PM multa motoristas
Enquanto muitos motoristas
passam pelo pedágio da Linha Amarela buzinando, gritando o nome do prefeito ou
frases como "Caiu o muro de Berlim", um policial militar do Batalhão
de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) está aplicando multas a quem esteja
dirigindo infringindo a legislação. Até as 11h30, mais de 30 penalidades há
haviam sido aplicadas.
Parte delas foi para
motoristas que passaram fazendo imagens das cabines com o celular e, portanto,
com apenas uma mão no volante. A multa, nesse caso, é R$ 293. A infração é
considerada gravíssima, com perda de sete pontos na carteira de habilitação.
Quem passa buzinando muito,
sem justificativa aparente, também está sendo multado. E são muitos os
motoristas que passam pelo pedágio usando as buzinas de forma incessante para
comemorar a suspensão da cobrança do pedágio. O PM explicou que o Código de
Trânsito Brasileiro (CTB) prevê multa de R$ 80 e três pontos na habilitação
para quem buzinar continuamente sem justificativa.
Lamsa: 'Crivella rompeu
limites do bom senso e da legalidade'
Em nota, a Lamsa repudiou
"veementemente a decisão ilegal e abusiva do poder municipal, que só causa
transtornos à sociedade carioca. Os danos causados à Lamsa ainda serão
avaliados pela equipe da concessionária. A cobrança do pedágio permanecerá
suspensa até o restabelecimento das condições mínimas de operação e de
segurança da concessionária".
Para a concessionária,
"Crivella rompeu todos os limites do bom senso e da legalidade. O prefeito
não pode cancelar um contrato de concessão unilateralmente dessa forma. A Lamsa
lamenta os atos de vandalismo físico, jurídico e administrativo praticados pelo
prefeito, e confia na Justiça para o restabelecimento definitivo do respeito ao
cumprimento dos contratos, à ordem e ao Estado de Direito para que possa
continuar oferecendo serviços de qualidade à sociedade carioca".
Título, Imagem e Texto: Felipe
Grinberg, EXTRA,
28-10-2019
E aí, Carioca, você concorda com a decisão do Prefeito do Município do Rio de Janeiro?
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