Rodrigo Constantino
"A inveja é a paixão
que vê com maligno desgosto a superioridade dos que realmente têm direito a
toda a superioridade que possuem." (Adam Smith)
O economista francês Thomas
Piketty [foto] virou celebridade mundial após vender mais de 2,5 milhões de exemplares
de “O capital no século 21” há sete anos. O tijolo tinha muitas estatísticas,
várias questionáveis, e poucos leram de fato a obra. Mas nem precisavam:
bastava usá-la como selo de autenticidade para sua paixão humana, demasiado
humana.
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12 de maio de 2014, foto: Charles Platiau/Reuters |
Por baixo da aura de ciência,
havia um apelo à mais mesquinha das nossas paixões: a inveja. Depois de toda
verborragia e arrazoado, restava a mensagem que ecoa nos corações mais
medíocres: é preciso tirar dos ricos para dar aos pobres! Trata-se da receita
demagógica que sobrevive aos séculos de refutação teórica e empírica.
Pois bem: o neomarxista está
de volta ao Brasil para lançar seu novo livro, “Capital e Ideologia”
(impressionante como ele gosta de usar o mesmo termo de Marx em seus títulos).
E, para surpresa de ninguém, uma vez mais ele bate na mesma tecla, procura
traçar uma história econômica, social, intelectual e política das desigualdades
em âmbito mundial.
Para Piketty, falta de ambição
nas reformas econômicas e na redução da desigualdade é o que alimenta a
xenofobia e os nacionalismos. Ele diz que, se pudesse, diria a Bolsonaro que
ainda pode admitir erros e mudar. Ou seja, Bolsonaro deveria abandonar a agenda
liberal de Paulo Guedes e se tornar um... tucano com viés socialista, focado no
“combate às desigualdades”.
O caminho é o mesmo de sempre:
taxar os “mais ricos”. Ideologia tem o resto; ele fala em nome da “ciência”,
claro. Não importa que a ciência econômica, alicerçada pela boa teoria, tenha
mostrado que o aumento de impostos sobre os ricos acaba sempre tirando
incentivos para a criação de riqueza e empregos, e prejudicando os mais pobres
e a classe média. Quem liga para fatos quando o intuito é sinalizar virtudes e
bancar o Robin Hood com o chapéu alheio?
A teoria de exploração do
capital, desenvolvida por Marx para explicar a pobreza como fruto da exploração
pelos ricos, é um bode expiatório perfeito para quem deseja jogar a culpa de
seus fracassos nos outros. Segundo o austríaco Böhm-Bawerk, que refutou as
bobagens marxistas, “as massas não buscam a reflexão crítica: simplesmente,
seguem suas próprias emoções”. Acreditam na teoria marxista porque a teoria
lhes agrada. O economista conclui: “Acreditariam nela mesmo que sua
fundamentação fosse ainda pior do que é”.
Para quem só tem um martelo,
tudo se parece com prego. A esquerda em geral e Piketty em particular só falam
em mais imposto para os "ricos". O resto, como a pandemia, é só
pretexto para destilar sua ideologia da inveja...
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, Gazeta do Povo, 20-7-2020, 9h22
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