Henrique Pereira dos Santos
De repente, não mais que de
repente, aparecem as coisas habituais "das pessoas do Porto" sobre
como Rio era horrível, tiranete e detestado (o editorial de Manuel Carvalho no
Público de hoje é inacreditável).
O mesmo aconteceu com Margaret
Thatcher (em outra escala, evidentemente, não estou a comparar Rio a Thatcher,
estou a comparar a conversa amarga dos seus inimigos políticos) e, em Portugal,
o clássico é Cavaco Silva ("não é exemplo para ninguém", como disse
Costa, convencido de que estava verdadeiramente a exprimir um consenso
generalizado no país, apesar de ser o político com mais maiorias absolutas no
país).
Nada me liga a Rui Rio, por
quem não tenho qualquer especial afeição, mas continua a parecer-me estúpido
que haja tanta gente que pretende explicar aos que não são do Porto como Rio
era um nazizinho detestado no Porto: o homem ganhou três eleições e não me
consta que nenhuma delas tenha sido fraudulenta.
Há uma quantidade enorme de gente, com acesso aos jornais, televisões e salões da gente "bon genre, bon chic" que conta no país (acham eles) que na verdade se está nas tintas para o que pensam as pessoas comuns, apesar de estarem sempre a falar em seu nome (como eu gostava de um dia ouvir um jornalista perguntar a Catarina Martins por que razão fala em nome do povo quando não vale mais de 10% dos votos desse povo) e que, por isso, acham Rio (como antes Cavaco, ou Trump, ou Bolsonaro) completamente imprestáveis para o exercício do poder, apesar de ganharem eleições.
Vejamos, eu acho Costa um
péssimo primeiro-ministro, um tiranete sorridente, desde que não contrariado,
mas se no Domingo ganhar as eleições a única conclusão que eu posso tirar sobre
isso é que não estou alinhado com a maioria dos eleitores.
Não é por ter a opinião que
tenho sobre Costa que vou tentar demonstrar que as pessoas que votam nele têm
qualquer deficiência congénita que as impede de ter o voto esclarecido que me
pareceria evidente e, muito menos, tentar demonstrar que o homem é detestado no
país e, mesmo assim, ganha eleições.
As elites, pelo menos em
Portugal, têm uma enorme dificuldade em lidar com as derrotas, aceitando-as
como aquilo que são e vivendo tranquilamente com o facto de na vida se perder e
ganhar, a maior parte das vezes por responsabilidade própria, outras vezes pelas
circunstâncias.
É a vida.
Título e Texto: Henrique
Pereira dos Santos, Corta-fitas,
26-1-2022
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