Paulo Hasse Paixão
A entrevista que Doug Wilson concedeu a Tucker Carlson em Abril passado merece completamente e por si só um lugar ao sol, aqui no Contra.
Tucker, o grande pirata do
jornalismo contemporâneo, não precisa de introduções, mas Doug Wilson precisa,
porque é desconhecido do público português.
Um dos clérigos cristãos
norte-americanos mais lúcidos, articulados e corajosos do panorama actual,
Douglas James Wilson (nascido a 18 de Junho de 1953) é um teólogo conservador
evangélico, pastor da Christ Church em Moscow, Idaho, membro do corpo docente
do New Saint Andrews College, autor, orador e youtuber. Wilson
é conhecido pelos seus escritos sobre educação cristã clássica, teologia
reformada, bem como comentários sobre cultura e política. É um defensor público
do pós-milenarismo,
do nacionalismo cristão e da teologiada aliança. Ficaram célebres os seus debates com o ateu Christopher
Hitchens na digressão promocional do livro Is Christianity Good for the
World?
Infelizmente, só é possível
partilhar aqui os primeiros quinze minutos desta entrevista, porque a hora
inteira só está disponível para subscritores da plataforma do Tucker. Mas este
quarto de hora vale mesmo a pena.
Eis um trecho da entrevista, traduzido livremente, só para dar uma ideia da profundidade do pensamento do pastor de Moscow, Idaho:
“Se não existe Deus acima
do estado, o estado é Deus. O estado torna-se Deus e assume as prerrogativas da
divindade. Daí as câmaras em todos os cruzamentos, imitando a omnisciência. A
Omnipresença. Big Brother is watching you. Controle da mente. Eles querem
controlar absolutamente tudo, a cada pressão da tecla. Eles querem controlar
tudo porque aspiram à divindade. A razão pela qual aspiram à divindade é porque
não reconhecem nenhum deus acima deles.
(…)
Os primeiros cristãos foram perseguidos não porque adorassem Jesus, mas
porque não adoravam César. Toda a questão dos cristãos serem largados aos leões
tinha a ver com quem eles não adoravam, não com quem eles adoraravam.
(…)
Mas então a pergunta de resposta imediata dos nossos antagonistas seria, ok,
se queres ter um Deus acima do estado, qual é o Deus? E isso coloca-nos bem no
meio do debate teológico, que é o último lugar no mundo que muitas pessoas
querem estar, com certeza. É Alá? É Shiva, o deus da destruição? É o deus
unitarista? É o deus cristão? Tu sabes o que é Deus?.
(…)
Os nossos governantes actuais não acreditam em Deus, mas acreditam no diabo,
certo? E é pela sua crença no diabo que eles querem ascender à dimensão divina.
Eles querem ser como o Altíssimo. Essa foi a tentação inicial. No Jardim. Tu
serás Deus. Portanto, os nossos governantes actuais são muito ambiciosos e
querem aspirar a esse patamar.
(…)
Confio mais nos cristãos para protegerem a liberdade dos ateus, do que nos
ateus para protegerem a liberdade dos cristãos.”
(…)
“A nossa doença é radical e é espiritual. Temos uma lepra radical. E os
Estados Unidos precisam de se arrepender dos seus pecados, para usar um termo
antiquado. Precisamos de nos arrepender dos nossos pecados, de nossa arrogância
e voltar para Deus. Isso é o que é necessário. E precisamos de pregadores que
estejam dispostos a dizer aos americanos para fazerem isso, a proclamar que
isso é o que devemos fazer e que eles não devem fazê-lo nos termos da lei. A
lei condena, mas o evangelho liberta. (…) O que Cristo oferece é perdão total e
gratuito. Mas não é o que Bonhoeffer chamaria de graça barata. É uma morte,
sepultamento e ressurreição radicais. É disso que trata a época da Páscoa.
Morte, sepultamento e ressurreição. E a Bíblia diz-nos que quando olhamos para
Cristo, somos crucificados com fé, somos crucificados com ele, somos sepultados
com ele, e ressuscitamos dos mortos com ele, e com ele ascendemos ao céu. Somos
feitos participantes da virtude de Cristo em virtude de sua morte, sepultamento
e ressurreição. Portanto, a América precisa de Jesus. A América não precisa de
virar uma nova página. A América precisa de uma nova vida. E uma nova vida só é
dada nos termos de Deus, como a pura graça de Deus.”
Título e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 7-6-2024
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-