Inaugurado em 1963, o cinema já foi considerado o mais luxuoso e moderno do Rio. O espaço está fechado desde a década de 90
Victor Serra
O Cinema Matilde, um marco histórico e cultural do bairro de Bangu, está à venda por R$ 2 milhões. Fundado em 1963, o cinema rapidamente se tornou um ícone do subúrbio e um ponto de encontro para os moradores da região, graças à sua infraestrutura moderna e confortável para a época.
Localizado na antiga Estrada
do Retiro, atual Avenida Ministro Ary Franco, no interior da Galeria
Matilde, o Cinema Matilde foi inaugurado com grande pompa. Considerado o
melhor e mais moderno cinema da cidade na época, o espaço contava com 1360
poltronas estofadas, ar refrigerado e uma decoração inovadora que chamou a
atenção pela sua sofisticação. A construção da sala de exibição no piso
superior e a decoração elaborada por um arquiteto paulista contribuíram para um
custo elevado, tornando o espaço um verdadeiro espetáculo para os moradores. A
empreitada pertencia ao casal Antônio Gama da Silva e Dona
Matilde, figuras conhecidas do comércio local.
A inauguração, realizada em uma quinta feira do dia 21 de março de 1963, foi um evento marcante para o bairro. Personalidades como Dr. Silveirinha, antigo proprietário da Fábrica de Tecidos Bangu, e o então presidente do Bangu Atlético Clube, prestigiaram o evento. O primeiro filme exibido foi “Os Mongois”, e a tecnologia do cinema incluía uma tela oval, uma das mais modernas da época, permitindo ampla visualização de qualquer posição da plateia. Para combater o calor intenso de Bangu, famoso por ser o bairro mais quente da cidade, o sistema de ar-condicionado funcionava com gelo colocado em canaletas, uma solução inovadora para a época.
No entanto, com o declínio dos
cinemas de rua no Rio, o Cinema Matilde fechou suas portas no início dos anos
90. Desde então, o espaço tem sido subutilizado, com grande parte da estrutura
abandonada. O espaço, que possui cerca de 1200 m², está disponível em um
anúncio da plataforma MGF Imóveis. A divulgação destaca a configuração do
local, que inclui 1500 assentos, cinco entradas independentes, uma loja central
de aproximadamente 50 m² com 11 m de frente, e a possibilidade de transformar o
local em dois andares internos. O local, segundo os responsáveis, pode ser
destinado a igrejas, por conta do seu projeto tipo teatro. A parte da frente do
imóvel chegou a ser ocupada por um restaurante, que fechou as portas
recentemente.
O corretor responsável pela
venda confirmou o anúncio ao DIÁRIO DO RIO, mas informou que não
conseguiu atualizar todos os detalhes do imóvel junto aos sócios, que não
estavam disponíveis para fornecer informações sobre as modificações realizadas
ao longo dos anos. A retirada das antigas cadeiras e a falta de registros recentes
do interior do cinema complicam a visualização do estado atual do local. O
Cinema Matilde é lembrado com nostalgia pelos moradores mais antigos de Bangu,
que ainda guardam boas memórias das suas exibições e eventos.
Título e Texto: Victor
Serra, Diário do Rio, 30-7-2024
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