Marcos Paulo Candeloro
A grande tragédia do nosso
tempo talvez não seja a ascensão dos perversos, mas a passividade barulhenta
dos estúpidos. Bonhoeffer, teólogo alemão assassinado por resistir ao nazismo,
entendia isso como poucos: o perigo real não é o mal consciente, mas a estupidez
sistêmica — aquela que se dissemina como fé cega, que não pensa, não duvida,
apenas repete.
O estúpido,
dizia Bonhoeffer, não é alguém com baixo QI, mas alguém moralmente anestesiado,
intelectualmente capturado, incapaz de confrontar a realidade com
independência. Sua ignorância é proativa: ele prefere não saber. Age como massa
de manobra, convencido de estar do lado certo, ainda que esteja aplaudindo o
totalitarismo de amanhã.
Essa figura domina o cenário atual. Não é um idiota no sentido clássico — é um operador ideológico. Usa hashtags, repete mantras, censura sem entender e se ofende por reflexo. É um produto do adestramento educacional, da mídia pasteurizada, da cultura de cancelamento. Ele se julga ilustrado porque assina uma newsletter progressista. Ele tem certeza, e isso o torna impermeável ao pensamento.
Não se corrige a estupidez com
estatísticas. Não se combate com fatos. Como já dizia Olavo: não se vence uma
ideia com censura — vence-se com ideias melhores. E, como lembrava Molière:L
“não
existe tirania que resista a uma gargalhada”.
O estúpido teme o riso porque
ele desarma seu dogma.
No fim, a estupidez não é
apenas um fracasso cognitivo, mas uma condição moral. E quando ela se torna
maioria, torna-se sistema. E um sistema estúpido — ainda que democrático — é
apenas a fachada polida de uma tirania.
Título, Imagem e Texto: Marcos
Paulo Candeloro, ContraCultura,
29-7-2025
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