Jaime Otelo
Jamais irei versar o dia-a-dia.
É vaso estéril com semente prosa,
e como toda a lírica é abuso,
eu, conquanto poeta, me reduzo.
Quem narrará a História, este fruto
que desnudo apodrece, será Nero.
A nossa voz, por norma, lhe é matéria,
mas o seu eco estronda, abate e fere-a.
Dele é o timbre isolado, que decreta
chamas e aponta fumos. Quem por cinzas
se disser pó irá soltar um mero:
“E o único poeta… era Nero”
Jaime Otelo
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