domingo, 7 de setembro de 2025

A Suécia sabe

A Suécia tem um problema grave que a obriga agora a rever as tontices que fez por querer ser um país moderno. Já no Brasil, Glória Perez, a escritora de telenovelas famosas, dá o Grito do Ipiranga e arrasa a cultura woke. E Portugal? Vai continuar a querer ser modernaço e tonto?

 Vítor Rainho

Não sou infoexcluído, mas não tenho qualquer fascínio pelas novas tecnologias. Há muitos anos que trabalho com computador, mas não me façam perguntas técnicas, pois sou capaz de não saber responder, embora saiba perfeitamente o necessário para desempenhar o meu trabalho. Sei, no entanto, o suficiente para perceber que a rapaziada está viciada no scroll, nome que se dá ao gesto de ir ‘descendo’, com o dedo, as notícias e publicações publicadas no Google. Olhando para as notícias que versam sobe o mundo ocidental, ficamos a saber que muitos homens, principalmente nos EUA, decidiram começar a andar de minissaia, ou que os adultos gostam de chuchar a chucha para desanuviar o stress. Fica-se também a saber que há uma nova categoria de heterossexuais, os ‘hétero flex’, e já cá regressamos, ou que um grupo de ativistas vai a caminho de Gaza para libertar o povo palestiniano, sem mostrar um dente à rapaziada do Hamas, que mantém sequestrados, maioritariamente, jovens que estavam numa rave. Nessa viagem no scroll podemos ver também as maravilhas do mundo woke, esse novo fascismo ou comunismo travestido de humanismo.

E o que vemos sobre o mundo oriental? Que a China mostrou todo o seu poderio militar e que outras grandes democracias, como a Rússia, a Coreia do Norte, Cuba, Venezuela ou Irão, querem pertencer a essa nova ordem mundial, liderada por Xi Jinping, onde calculo, não faltem homens de minissaia, ‘hétero flex’ ou adultos a chucharem na chucha. Brincadeira à parte, é fácil perceber que o ocidente entrou numa deriva completamente parva, decadente e que corre sérios riscos de ir parar ao outro extremo do ‘filme’ – os abusos de qualquer lado costumam acabar com abusos do outro lado.

Mas antes de falar sobre os sinais da doença ocidental, pego numa entrevista que deveria ser de leitura obrigatória em muitas instituições públicas e não só… Falo da entrevista que Johan Pehrson, antigo ministro da Educação da Suécia, deu ao Público. Ele fala de educação, mas podia falar de costumes, e de como o país tem feito marcha atrás em matérias como a própria educação ou sobre os transexuais, só permitindo a mudança de sexo depois dos 18 anos. «Fomos muito ingénuos, diria eu. A Suécia tem muito medo de uma coisa: de não ser um país moderno. Pensámos que quanto mais ecrãs, quanto mais plataformas digitais utilizássemos, melhor sistema educativo teríamos. Estava errado. Estamos a voltar ao que é essencial, ao papel e à caneta, e aos livros em papel para os mais novos… Queremos ter engenheiros, os melhores e mais qualificados do mundo, queremos inteligência artificial (IA) e digitalização, mas isso é para a universidade e para depois da universidade». Só mais um dado, Pehrson acabou por reconhecer que «o essencial é ter ordem e calma na sala de aula, é aprender cedo a ler, escrever, a matemática básica». Calculo que na China essa seja a realidade há algumas décadas.

Apesar do espaço começar a encolher muito, não posso deixar de falar da entrevista que Glória Perez [foto], a autora que assinou das melhores novelas da Globo, deu ao Folha de São Paulo, onde assumiu que «a cultura woke introduziu um cerceamento à imaginação. A opção de não desagradar, de não tocar em temas sensíveis, de transformar conflitos humanos em pautas, acabou por encerrar a dramaturgia numa espécie de fórmula, retirando dela a capacidade de provocar. A cultura woke foi arrasadora para a dramaturgia». E ao falar de duas novelas que escreveu, O Clone Caminho das Índias, rematou: «No contexto atual, elas nem chegariam ao público. Foram novelas inovadoras, e inovar pressupõe correr riscos». Talvez tenha sido por isso que abandonou a Globo, que está transformada na rainha do politicamente correto. Ah! Os ‘hétero flex’ ficam para outras núpcias, mas é uma história genial.

Título e Texto: Vitor Rainho, vitor.rainho@nascerdosol.pt, SOL, nº 993, 5-9-2025

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