Leandro Rodrigues
Chegará o dia em que os jornalistas que hoje defendem o establishment por conveniência descobrirão que a mordaça também os alcança. Quando perceberem que já não podem questionar, perguntarão o que aconteceu, mas será tarde. Todo sistema que se pretende absoluto começa calando os outros e termina calando a si mesmo. Primeiro são os opositores, depois os críticos discretos, por fim a própria ideia de pensamento livre.
Lembro, como quem lê um aviso na beira do abismo, os versos de Eduardo Alves da Costa em No caminho, com Maiakóvski: “Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor do nosso jardim, e não dizemos nada...”. A lição é clara — o silêncio diante da injustiça, enquanto ela atinge os outros, prepara o terreno para a servidão de todos. A complacência se disfarça de prudência, e a covardia, de civilidade.
A inércia é o combustível da
tirania. Enquanto a censura recai sobre o vizinho, o adversário ou o colega,
muitos respiram aliviados e acreditam estar seguros. Mas o conforto do silêncio
é sempre passageiro. Quando a engrenagem se volta contra todos, já não há
público, nem jornal, nem coragem. Resta apenas o eco das vozes que aplaudiram o
início da repressão e agora não têm mais voz para lamentar.
Título, Imagem e Texto: Leandro
Rodrigues, X,
11-11-2025, 20h38

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