quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Gerações

Imagem: AD

João César das Neves
De vez em quando surgem na opinião pública frases que ninguém sabe de onde vêm, mas que rapidamente se tornam lugar-comum. À força de repetição toda a gente as aceita, sem questionar a veracidade. Uma das mais influentes hoje é a certeza que esta é a primeira geração viverá pior que seus pais. Que é que isto exactamente quer dizer? Se começarmos a perguntar, tudo se esfuma rapidamente. Não se entende a que gerações se refere, nem o que significa exactamente viver pior. Nem sequer se percebe se a comparação entre gerações é feita num instante do tempo, ao longo de vida ou em idades comparáveis.
O pior de tudo é usar-se como unidade de medida a geração, que tem pelo menos 25 anos de tamanho. Nenhuma análise séria se atreve a fazer prognósticos a tal distância. Por outro lado as gerações encontram-se misturadas no mesmo momento de tempo, tornando impossíveis as comparações. Há novos e velhos que são ricos e pobres.
O sentido mais comum da expressão não tem em conta o significado específico das palavras, pretendendo apenas dizer que estamos a viver pior que antes e vamos ficar assim no futuro. Mas extrapolar da actual recessão para uma evolução geracional torna a frase evidentemente falsa. Uma geração é muito tempo. As pessoas já se esqueceram que há 25 anos se vivia sem telemóvel, internet, centros comerciais e só com dois canais de televisão.
Pretender afirmar o que quer que seja sobre o futuro, sobretudo a tal distância, é uma arrogância es-pantosa. O que só mostra que a actual geração é tão tola como seus pais.
Título e Texto: João César das Neves, Destak, 09-11-2011

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