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Imagem: AD |
João César das Neves
De vez em quando surgem na
opinião pública frases que ninguém sabe de onde vêm, mas que rapidamente se
tornam lugar-comum. À força de repetição toda a gente as aceita, sem questionar
a veracidade. Uma das mais influentes hoje é a certeza que esta é a primeira
geração viverá pior que seus pais. Que é que isto exactamente quer dizer? Se
começarmos a perguntar, tudo se esfuma rapidamente. Não se entende a que
gerações se refere, nem o que significa exactamente viver pior. Nem sequer se
percebe se a comparação entre gerações é feita num instante do tempo, ao longo
de vida ou em idades comparáveis.
O pior de tudo é usar-se como
unidade de medida a geração, que tem pelo menos 25 anos de tamanho. Nenhuma
análise séria se atreve a fazer prognósticos a tal distância. Por outro lado as
gerações encontram-se misturadas no mesmo momento de tempo, tornando
impossíveis as comparações. Há novos e velhos que são ricos e pobres.
O sentido mais comum da
expressão não tem em conta o significado específico das palavras, pretendendo
apenas dizer que estamos a viver pior que antes e vamos ficar assim no futuro.
Mas extrapolar da actual recessão para uma evolução geracional torna a frase
evidentemente falsa. Uma geração é muito tempo. As pessoas já se esqueceram que
há 25 anos se vivia sem telemóvel, internet, centros comerciais e só com dois
canais de televisão.
Pretender afirmar o que quer
que seja sobre o futuro, sobretudo a tal distância, é uma arrogância
es-pantosa. O que só mostra que a actual geração é tão tola como seus pais.
Título e Texto: João César das
Neves, Destak, 09-11-2011
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