Hoje, 30 de novembro de
2011, estou completando setenta anos. Uma idade inimaginável para
quem, quando criança, ouvia falar que o mundo acabaria no ano 2000. Em 1941,
precisamente às 15h00min, na cidade de Uruçuca-Ba, desembarquei do conforto da
nave útero da minha querida e saudosa mãe, para encarar uma situação
completamente desconhecida.
Infância pobre e pelas
dificuldades, aos doze anos de idade, passei a estudar à noite, para trabalhar
durante o dia. Ali, estava iniciada uma trajetória de lutas pela sobrevivência.
Cresci, troquei de emprego
algumas vezes, sempre para melhor. Nesse período, parei de estudar no primeiro
ano do curso científico. Em 1962, entrei para o Serviço Público Federal, onde,
modéstia à parte fiz uma brilhante carreira. Casei-me com uma super mulher e
sou pai de três filhas, uma delas me deu duas netas, todas maravilhosas.
Trabalhando, voltei a estudar
à noite, fiz vestibular para o curso de Economia, e, em 1977, fui diplomado.
Nesse mesmo ano, transferi-me para Belém, capital do Estado do Pará, para,
juntamente com outros colegas da região cacaueira da Bahia e os paraenses,
ajudar na consolidação da implantação da lavoura de cacau na Amazônia, mais
precisamente nos Estados do Pará, Rondônia, Amazonas, Acre, Maranhão, Mato
Grosso e Goiás.
Em 1988, por uma atitude
precipitada, muito estressado e após 27 anos de serviço público federal,
solicitei demissão incentivada promovida pelo incompetente governo Sarney. Daí
em diante, começou a minha luta inglória.
Em 1989, me aposentei pela
Previdência Social. Por ter contribuído para 20 salários mínimos, esperava uma
aposentadoria que viesse a ser compatível com a minha contribuição pelo teto
máximo. Ledo engano! A Constituinte de 1988 reduziu o teto para 10 salários
mínimos, e com muitos artigos para regulamentar. Fiquei no “buraco negro” e a
minha tão sonhada justa aposentadoria, se resumiu em apenas 3,4 salários
mínimos.
Foi um desastre de proporções
insuportáveis! O mundo todo caiu sobre a minha cabeça. Lutei, apelei e somente
após um ano de marchas e contra marchas, consertaram o erro e eu passei a
receber o equivalente a 8,8 salários mínimos. Daí em diante, foi só redução do
benefício, pois todo ano, motivado pelos constantes Projetos, Decretos e atos
irresponsáveis, desumanos e desrespeitosos por parte do governo e do Congresso
Nacional, hoje, eu amargo um benefício equivalente a 4,75 salários mínimos. A
continuar desta forma, se eu tiver a “desventura” de continuar teimando em
viver, deverei encerrar a minha gloriosa vida, recebendo apenas um salário
mínimo, conforme é o objetivo do governo.
Por necessidade de melhorar a
renda, voltei ao mercado de trabalho por alguns anos.
Durante os meus setenta
anos de idade, atravessei muitas tormentas nesta saga de criança pobre, de
funcionário público federal e de aposentado da Previdência Social.
No transcurso desta minha
longa vida, eu: