Erich Fromm
A insignificância do indivíduo
na nossa época diz respeito não só ao seu papel como empresário, empregado ou
trabalhador manual, mas também ao seu papel enquanto cliente. Nas últimas
décadas, ocorreu uma mudança drástica no papel do cliente
O cliente que ia a uma loja de
retalho detida por um empresário independente tinha a certeza de que receberia
uma atenção especial: a sua compra individual era importante para o dono da
loja; era recebido como alguém que importava, os seus desejos eram estudados; o
próprio ato de comprar dava-lhe um sentimento de importância e dignidade.
Muito diferente é a relação de
um cliente com uma grande superfície comercial. Fica impressionado com a
vastidão do edifício, com o número de empregados, com a profusão de produtos em
exibição; tudo isto fá-lo sentir-se relativamente pequeno e pouco importante.
Como indivíduo, não tem
importância para a grande superfície comercial. É importante como “um” cliente;
a loja não quer perdê-lo, pois isto indicaria que alguma coisa estava errada e
poderia significar que a loja perderia outros cliente pela mesma razão.
Enquanto cliente abstrato, é
importante; como cliente concreto, é absolutamente sem importância. Ninguém
fica contente com a sua vinda, ninguém se preocupa particularmente com os seus
desejos.
O ato de comprar tornou-se semelhante ao de ir aos correios comprar selos.
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