![]() |
Do blogue "Abobado" |
Peter Wilm Rosenfeld
Até hoje, em minha já longa
vida, quase sempre sob governos em um sistema presidencialista (salve no
realmente curto período em que o Brasil viveu uma experiência parlamentar, após
a renúncia de Jânio Quadros e nos nem tão curtos períodos em que tivemos
regimes fortes, ditatoriais (Getúlio e os cinco generais a partir de 1964),
tinha visto uma Presidência da República tão desmoralizada como a atual!
A Sra. Rousseff, eleita com
ampla vantagem de votos e com grande apoio popular (sem meu voto, diga-se de
passagem), não está sabendo se impor sobre alguns de seus ministros, que chegam
a zombar dela.
Já despachou cinco (o sexto
pediu demissão); os cinco que foram ejetados o foram por corrupção. Como todo o
ministério (minúsculas propositais) foi nomeado por seu antecessor, talvez
esteja propositadamente fritando os pelo menos dois que têm que ser despachados
de imediato, com isso levando ambos a situações as mais insólitas, dando-lhes
chance de mostrar quão torpes são.
E, de carona, expondo ao
distinto público o diabo da herança maldita que lhe foi passada pelo Sr. da
Silva.
Sobre o Ministro do Trabalho
já me ocupei no artigo da semana passada, mas há algo de novo que não se sabia
então: foi funcionário fantasma da Câmara dos Deputados, lotado no gabinete do
PDT, partido do qual é presidente aparentemente vitalício, com um razoavelmente
elevado salário (algo em torno de 20 salários mínimos, para não fazer nada!).
Tenham paciência meus
leitores: depois que essa vergonheira foi revelada, a Sra. Rousseff tinha a
obrigação de mandar o Sr. Carlos Lupi para o espaço, sem dó nem piedade.
Mas não, o ministro continua, sabe-se
lá até quando, podendo fazer e desfazer a seu bel-prazer!
O Sr. Mario Negromonte, atual
titular do Ministério das Cidades, é outro que foi atingido pelo vírus da
corrupção, nada lhe acontecendo até agora.
É verdade que foi uma
ocorrência de menor importância: substitui-se uma obra no valor de R$
400.000.000,00 por outra de quase R$ 1 bilhão, sem maior cerimônia e sem que,
até agora, tenha aparecido qualquer esboço de explicação.
Pouca coisa, como se vê; para
muitos, a diferença é de alguns trocados. Para a multidão dos demais, que têm
uma remuneração expressa em um ou poucos salários mínimos, é u’a montanha de dinheiro!
Pelo que parece, a Sra,
Rousseff não ficou nem um pouco preocupada, sequer se manifestou sobre o assunto!
O problema será sanado quando
da reforma ministerial. Mais um na prateleira da reforma!
O meio bilhão de reais não tem
qualquer importância! Quanto mais tempo passar, mais se estará diante de um
fato consumado e diante de prazos fatais para o término dos trabalhos, o que
deve ocorrer antes do início da famigerada Copa do Mundo de futebol.
Logo, dentro de pouco tempo,
ou não se terá coisa alguma ou se terá a obra mais cara. Mas, e qual o problema
de se executar o mais caro, se o que interessa é que esteja pronto até o final
de junho de 2014?
E qual foi o aspecto
inusitado, patético, nessa confusão toda?
O Ministro Negromonte se
emocionou por ter sido incluído no lado corrupto do governo e verteu, em
público, copiosas lágrimas.
Certamente a Sra. Rousseff se
compadeceu (“coitadinho do Mário, está sofrendo tanto”), permitindo que o
Ministro ficasse mais uns mesezinhos como ministro, até a indigitada reforma.
Enquanto a casa pega fogo por
aqui, a Presidente vai dar uma voltinha no aerolula para trocar idéias com
alguns de seus amigos de infância, como a Presidente da Argentina e o
Presidente da Venezuela (estranho que não tenha esticado a viagem até Cuba,
pois o Sr. Fidel Castro deve estar com saudades...).
Mas imagino o que a tenha
levado nessa viagem (e chamo a atenção de meus leitores para o assunto): o
famigerado “controle social” da mídia! (Por vezes, atende pela alcunha de “marco
regulatório da mídia”...
A introdução de tal controle é
a menina dos olhos dos Srs. José Dirceu e Franklin Martins. E, pelo que sinto,
esses dois senhores já convenceram a Sra. Rousseff de que, sem esse “controle”,
ou “marco regulatório”, todo o esforço que foi despendido até agora foi em vão.
As juras da Senhora Rousseff
sobre censura não terão valor algum, porque os Srs. Dirceu e Martins detêm um
poder muito maior que o controlado pela Sra. Rousseff e, na hora da verdade, a
dupla prevalecerá facilmente. E a Presidente ficará desmoralizada.
Lembremo-nos do que são
capazes os dois indigitados “revolucionários”: até matar, se for necessário
para a consecução de seus objetivos (essa frase está gravada em vídeo, quando
discutiam um assunto sobre executar suas tarefas revolucionárias).
Para terminar, uma frase da
velha UDN: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”!
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto
Alegre(RS), 30 de novembro de 2011
Edição: JP
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-