quarta-feira, 20 de junho de 2012

Decisões de investimento não dependem de fundos ou impostos!

Cesar Maia 
      
Michal Kalecki, autor: Manuel García Jódar
1. Dilma e Mantega estudaram na cartilha do economista polonês Michal Kalecki. Estudaram, mas esqueceram de tudo, especialmente as razões das decisões de investimento. Reler a “Teoria da Dinâmica Econômica”, de Kalecki, ajudaria muito. Em especial que não serão recursos disponíveis ou tributos para cima ou para baixo que produzirão estímulos sustentáveis.       
2. Uma frase de Keynes ilustra bem esse processo: “A economia vai bem quando os empresários acham que ela irá bem”. De nada adianta o ministro tentar alegrar os empresários com declarações otimistas, porque essas são sempre ouvidas ou lidas com desconfiança – aqui e alhures. Mesmo um esforço de notícias otimistas por parte da imprensa não resolve nada se não tiver lastro.       
3. Hoje, com o fluxo de informações – efetivas – disponíveis em tempo real e a cada segundo e a possibilidade de trocar informações em rede, não serão declarações, discursos, ou aparições na TV que resolverão as decisões de investimento. São as Expectativas. Roberto Campos dizia sempre, numa conjuntura econômica difícil, que o importante era a “Reversão das Expectativas”.       
4. Em 2002 o Prêmio Nobel de Economia foi dado a um economista – Vernon Smith – e um psicólogo – Daniel Kahnegem – que conseguiram demonstrar o peso fundamental dos fatores psicológicos nas decisões econômicas.       
5. Não bastam boas notícias. A eleição grega mostrou isso. É necessário convencimento. Por maior que seja o tamanho dos governos e suas estatais, o peso de suas decisões de investimento ficará sempre muito aquém das necessidades globais. No Brasil, se os investimentos dos governos aumentarem espetaculares 50%, a impulsão ao PIB mal tocará 1%. 
6. E quanto mais Dilma e Mantega teatralizam as boas novas, menos credibilidade suas novas teatralizações têm. A economia brasileira está em recessão – com números muito diferentes da dinâmica econômica de vários países em desenvolvimento – BRICs e outros, inclusive da América Latina. A crise europeia chega com peso diferente nesses países e no Brasil.       
7. É que, por aqui, as expectativas e os fatores psicológicos afetam negativamente as decisões de investimentos de todos. E – lembre-se – para a economia crescer 4% ao ano, são necessários 800 bilhões de reais de investimentos, ano a ano, de forma sustentada. Empurrar a dívida das famílias ou um custeio inorgânico, na melhor hipótese, gerará um aproveitamento de capacidade ociosa, num deprimente voo de galinha.
Título e Texto: Ex-Blog de Cesar Maia, 20-06-2012

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