Francisco Vianna
A humanidade está vivendo, neste início de século
XXI, a era da informação, mas, também e principalmente, a era da desinformação.
Um exemplo dessa afirmação é a ideia errônea que se espalhou no Ocidente sobre
o poderio da China comunista.
“Reveja
tudo o que você pensa que sabe sobre a China, pois é provável que em grande
parte você esteja errado”, escreveu de forma categórica o chinês Minxin Pey,
para a respeitada revista “Foreign Policy” (Política Externa). Afinal, a China
não é isso tudo em matéria de potência econômica, política e militar que se diz
no Ocidente, principalmente pela turma da esquerda viúva da ex-União Soviética.
Tal afirmação pega muita gente de surpresa, mas o professor Pey (vide foto e
dados abaixo) apresenta uma argumentação sólida e convincente em seu artigo
para a revista “Foreign Policy”.
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Agitação popular atinge grandes fábricas ocidentais na China: a Foxconn. |
Pey destaca, logo de início, que erros de
interpretação desse tipo são comuns na imprensa ocidental onde muita gente
escreve muita coisa sobre matérias controversas e que, muitas vezes, é preciso
ter um conhecimento maior dos fatores em jogo para que se tenha uma ideia mais
próxima da realidade das nações. “Nos últimos 40 anos, os americanos e
ocidentais de um modo geral custaram a perceber o quanto suas nações rivais,
especialmente, as que seguem um modelo socialista e totalitário, decaíram em
relação aos países capitalistas de economia com base na empresa privada e na
economia de livre mercado. Há quatro décadas, os americanos pensavam que a
União Soviética era uma potência comparável aos EUA e maior do que as nações
mais evoluídas da Europa. Não tinham como observar a miséria que jazia por
baixo de todo aquele poderio bélico acumulado na mão do estado soviético. Da
mesma forma, no final da década de 1980, os ocidentais achavam que o Japão iria
superar os EUA como potência econômica.
Para o professor Pei, o Ocidente está a errar de forma semelhante quando supervaloriza a China, mais pelo fato de que uma infinidade de industriais americanos para lá se foram e montaram lá suas fábricas para tirar proveito da mão-de-obra extremamente barata – semiescrava para dizer melhor – e, a seguir, enumera os sinais assustadores da fragilidade chinesa. Entre esses sinais, o professor destaca a “desaceleração persistente do crescimento econômico, a grande quantidade de bens, principalmente de moradias – que permanecem sem ser vendida e formando verdadeiras cidades fantasmas –, o crescente endividamento bancário das famílias chinesas, formando uma imensa bolha imobiliária de créditos podres – que está prestes a estourar e poderá fazer a sua congênere americana parecer uma brincadeira de criança –, além de uma luta acirrada pelo poder dentro do atual politburo comunista, que vive num mundo de fantasia à parte da realidade da pobreza de quase um bilhão e meio de chineses que têm pouca ou nenhuma visibilidade dos seus intermináveis escândalos políticos, como é típico dos países comunistas.
Para o professor Pei, o Ocidente está a errar de forma semelhante quando supervaloriza a China, mais pelo fato de que uma infinidade de industriais americanos para lá se foram e montaram lá suas fábricas para tirar proveito da mão-de-obra extremamente barata – semiescrava para dizer melhor – e, a seguir, enumera os sinais assustadores da fragilidade chinesa. Entre esses sinais, o professor destaca a “desaceleração persistente do crescimento econômico, a grande quantidade de bens, principalmente de moradias – que permanecem sem ser vendida e formando verdadeiras cidades fantasmas –, o crescente endividamento bancário das famílias chinesas, formando uma imensa bolha imobiliária de créditos podres – que está prestes a estourar e poderá fazer a sua congênere americana parecer uma brincadeira de criança –, além de uma luta acirrada pelo poder dentro do atual politburo comunista, que vive num mundo de fantasia à parte da realidade da pobreza de quase um bilhão e meio de chineses que têm pouca ou nenhuma visibilidade dos seus intermináveis escândalos políticos, como é típico dos países comunistas.
“Muitos efeitos colaterais dessa ascensão da
China, forçada pelo estado — como o envelhecimento demográfico, o descaso pelo
meio ambiente, a mão-de-obra ainda super barata, o acesso virtualmente
ilimitado aos mercados externos, além da baixíssima qualidade dos serviços
públicos — estão contrastando cada vez mais com o progresso material irreal e
em processo de estagnação e queda”, diz Pey.
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A intensificação da repressão é um mau sinal
de que a insatisfação pública cresce juntamente com a insegurança econômica e
política do povo.
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No entanto, nas esferas políticas e midiáticas do
Ocidente, se finge não perceber tudo isso e se age de forma equivocada o que
determina um processo extenso e difícil de reverter de desinformação do
público. Um paradigma disso é a política adotada pelo presidente Obama para a
Ásia, além de outros exemplos que destacam tamanha desinformação.
Diversas ONGs “formadoras de opinião”, também
conhecidas como “think tanks” no Ocidente, tais como o Centro Para o Progresso
Americano (Center for American Progress) e o Centro Para a Próxima Geração
(Center for the Next Generation), ambos movidos por ideais socialistas, dão
ênfase à visão distorcida da realidade chinesa que se tem hoje na América, como
o fato expresso num relatório de que “a China teria 200 milhões de estudantes
diplomados em 2030”, e, em função disso, pintando um quadro deprimente do
declínio americano.
Os que promovem essa visão aberrante da China, já
não conseguem mais fingir que não percebem a anarquia e o eventual desabamento
catastrófico da economia e da ditadura comunista que está em vias de ocorrer no
continente amarelo.
Então, alegam que a China está passando apenas por
uma crise econômica cíclica, como ciclicamente ocorre em países capitalistas,
ligada à crise maior que assola a União Europeia e, também, em menor medida, os
EUA, resultando na queda da demanda internacional.
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Milhares de
revoltas populares expõem a fragilidade do sistema político, mas isso permanece
fora do alcance visual de grande parte do Ocidente.
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“Todavia, a desaceleração econômica corrente em
Pequim não é nem cíclica, nem o resultado de uma demanda externa fraca por bens
chineses”, explica o professor Pei. Tais processos sociais na China têm raízes
muito mais profundas: um estado autoritário que agora, de forma crescente tenta
dilapidar o capital e começa a afugentar o setor privado que foi para lá em
resposta ao aceno estatal no sentido contrário, expõe a ineficiência sistêmica
e a falta de inovação mantidas por uma elite governante parasita e interessada
exclusivamente no enriquecimento pessoal e na perpetuação de seus privilégios
políticos sobre um setor financeiro dolorosamente subdesenvolvido, e sofrendo
crescentes pressões ecológicas e demográficas”.
Tal descompasso entre a percepção americana da
força chinesa e a realidade da fraqueza do gigante asiático – um gigante com
pés de barro, como era a ex-União Soviética – tem consequências reais adversas,
infelizmente. Pey, em seus escritos, adverte o Ocidente que reavalie usando
critérios realistas e matemáticos, as argumentações básicas que determinam as
suas atuais políticas externas em relação à China e passem a considerar
estratégias alternativas, sob pena de muitos países ocidentais serem, em futuro
próximo, arrastados a catástrofes ainda impensadas hoje.
Título e Texto: Francisco
Vianna, 31-10-2012
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