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O Papa Francisco, no Brasil,
faz a sua primeira viagem ao exterior para celebrar o Dia da Juventude Mundial,
desde que foi eleito em março último.
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No Rio de Janeiro, a cidade
onde nasci, existe a tentação por todos os lados – lindas praias, biquínis
sumários, a sensual batida do samba, e a cachaça, que toca os embalos. As
características fascinantes do Rio de Janeiro ainda estão lá, apesar da violência
e irreverência e pouco respeito a todos os tipos de valores cristãos, que faz
com que a cidade se torne uma espécie de Sodoma moderna, onde impera o pecado e
o ilícito.
Para muitos peregrinos
estrangeiros, que foram para lá participar da Jornada Mundial da Juventude, um
evento católico anual promovido pela Cúria Romana, somente a fé e o otimismo
religioso podem fazer com que se sintam bem ao longo da comemoração e se
esqueçam do medo que os mantêm de olhos arregalados a vigiar seu entorno.
Com a cidade sendo sacudida
por protestos eivados de quebra-quebras e de episódios de um vandalismo
encomendado provavelmente pelo governo para desvirtuar a autenticidade e o
caráter pacífico dos reclamos populares, a visita do Sumo Pontífice, que
termina domingo com uma missa de encerramento na praia de Copacabana – um dos
“points” do hedonismo carioca – a multidão de romeiros e peregrinos vindos de
todas as partes do país e do mundo assistem uma mágica transformação de uma
extensa onda de rancor e indignação política dar lugar a um tipo diferente de
sentimento reinante, a velha e purificante fé católica.
Esse encontro anual de milhões
de cristãos, na maioria de católicos e, agora, no maior país católico do mundo,
causou o milagre da pacificação, da volta aos sorrisos nos rostos, de um
sentimento de amor ao próximo que parecia perdido nas brumas do tempo, apesar
de grupelhos remunerados pelas forças do atraso, do ateísmo, e das organizações
políticas sinistras, agirem aqui e ali estimulando o ódio e a baderna, sem,
todavia, encontrar eco na população. Talvez o Papa Francisco tenha incluído o
Rio em sua agenda, entre outros motivos, exatamente para isso; para trazer à
cidade a preciosa lembrança de Deus no amor que o brasileiro sente por sua
padroeira, a Virgem Maria Nossa Senhora Aparecida.
Modus in rebus, é como se estivesse ocorrendo um Woodstock para os católicos, só que sem o nudismo, a permissividade sexual e o uso de drogas que permearam aquele festival americano.
Sob a exortação de Francisco,
para que “mostrassem seu amor por Jesus Cristo”, a massa humana proveniente de
todo o Brasil e de mais de 180 países do mundo se pôs de joelhos a rezar com
fervor inusitado a pedir o perdão de Deus por seus pecados, numa reaproximação
incrível e inusitada com a Igreja de Roma. Até seguidores de outras religiões e
muitos que não seguem religião alguma não puderam evitar a emoção de assistir a
tão grande demonstração de fé e contrição coletiva.
E, apesar de o Rio de Janeiro
ser conhecido pelo fascínio que exerce nos foliões carnavalescos, nesse
momento, essa cidade eufemicamente chamada por sua população de “cidade
maravilhosa” passa a exercer um tipo diferente de atração: aos missionários,
pastores e todos os tipos de cristãos, todos na certeza que aí encontrarão as
pessoas que precisam de uma limpeza espiritual como há muito não ocorre ao sul
do equador. E a prova disso é a extraordinária proliferação das chamadas
“igrejas evangélicas”, uma espécie de cristianismo palanqueiro, populista,
adaptado ao baixo nível de escolaridade da população a competir com o candomblé
e outras manifestações animistas africanas e com extraordinários fins
lucrativos.
Assim como Cristo costumava ir
aos lugares mais sombrios em busca da salvação das almas mais sinistras, também
o Papa Francisco, reconhecido como o representante de Cristo, veio ao Brasil,
exibindo uma simplicidade e uma pureza que facilmente cativou a maior parte de
um povo também simples e ingênuo que, por isso mesmo, imediatamente se
identificou com ele. Muitos disseram que vieram ao evento para voltar a se
focarem em sua fé, e não nas atrações turísticas da cidade e sem temer suas
conhecidas ameaças.
Foi particularmente
dignificante e emocionante a série de confissões ouvidas pessoalmente pelo Papa
e mais três padres de forma pública na Quinta da Boa Vista, uma antiga estância
residencial do Imperador Dom Pedro II no centro do Rio de Janeiro.
O que mais tem fascinado o
clero católico é, sem dúvida, o inusitado afluxo de jovens e busca da confissão
e do perdão pelos seus pecados, conscientes ou não, na ânsia pela purificação
de suas almas… A paia de Copacabana se transformou nua imensa catedral a céu
aberto e uma aura mística e apaziguadora parece ter envolvido toda a cidade e
até todo o país. “Para nós, sacerdotes do Vaticano a experiência não poderia
estar sendo mais gratificante, uma vez que muitos não se confessavam há anos”,
disse o Rev. Pe. Antoine d’Euville, de Paris, que ajudou no esforço de
confissão coletiva na Quinta e em Copacabana.
Na verdade, uma recente
enquete sobre tendências religiosas, levada a cabo no país entre os católicos,
mostrou que algo em torno de 48% não tinha ido à igreja no último mês, o que
representa um duro golpe para a religião ainda majoritária entre os
brasileiros. A mesma enquete também revelou que apenas 45% dos entrevistados
com idades entre 16 e 24 anos se identificaram como católicos praticantes.
Porém, com a vinda do Papa Francisco
ao Brasil, a Igreja Católica Apostólica Romana ganhou um novo alento, pelas
manifestações de fé no Rio e em Aparecida do Norte, cidadezinha entre o Rio e
São Paulo, onde está erigido o maior santuário mariano do planeta, o principal
ponto de romaria religiosa do país, no local onde a imagem da “virgem negra”
foi recuperada do fundo do Rio Paraíba do Norte por pescadores há cerca de
trezentos anos. Tanto em Copacabana como em Aparecida do Norte, a presença do
Bispo de Roma reuniu multidões de cerca de dois milhões de fiéis, entre
nacionais e estrangeiros, garantindo o sucesso do evento.
Uma estudante universitária de
Brasília – a cidade brasileira que tem sido um monumento à corrupção e à
pilantragem política no país – disse com a carinha mais deslavada do mundo:
“Todos nós somos pecadores. Isso não significa que todos são pessoas más...
Qualquer um pode a qualquer momento se confessar numa igreja e obter o perdão
de Deus pelos seus pecados, caso esteja realmente arrependido de tê-los
cometido. Todos podem, a qualquer momento, se reaproximar de Deus. Sinto-me
agora aliviada e em ‘estado de graça’”... E acrescentou ainda que “os jovens
católicos precisam encontrar um ponto de equilíbrio entre a prática religiosa,
o cumprimento de seus preceitos de vida, e os prazeres da juventude, pois é
preciso saber viver de modo a preservar a saúde do corpo e da alma”.
E os organizadores do evento
parecem ter reconhecido isso, haja vista a natureza religiosa misturada com o
desenrolar de um show musical e de teatro, nas areias de Copacabana, com a
interpretação, um tanto estilizada, da via crucis, com conjuntos e bandas
espalhadas pela areia da praia.
A fé reinou no Rio de Janeiro,
ante a inspiradora imagem do Cristo Redentor no alto do Corcovado a receber, de
braços abertos, os cristãos do mundo inteiro.
Título, Imagem e Texto: Francisco Vianna, 28-7-2013
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