Francisco Henriques da Silva
A imigração é, por natureza,
uma questão de soberania. Compete a cada Estado definir quem pode entrar, em
que condições e por quanto tempo pode permanecer. A prioridade — por mais que
se tente escamotear — deve ser sempre o bem-estar físico, moral e espiritual
dos cidadãos nacionais. Qualquer política que ignore esse princípio abdica da
sua própria razão de ser.
É neste quadro que se impõe afirmar com clareza: não à imigração incontrolada, não à política de portas abertas. A lei e a ordem não podem ser meros slogans, têm de ser princípios efetivamente aplicados.
“Irregulares” ou “ilegais”?
A manipulação da linguagem tem
sido uma das armas mais usadas para desarmar a opinião pública. O termo
“imigrantes ilegais” foi substituído por “imigrantes irregulares”, numa
tentativa de suavizar a realidade. Mas, sejamos objetivos: quem está num país sem
autorização legal está em situação ilegal. Ponto final.
Eufemismos não mudam a realidade, apenas a mascaram. Chamar de “irregular” é como designar ladrões de “apropriadores indevidos” ou sonegadores de “contribuintes criativos”. A verdade é simples: imigração ilegal é a entrada ou permanência sem respeito pelas leis. Confundir isto com meras “questões administrativas” é manipulação ideológica.
Refugiados vs. imigrantes
económicos
Importa também distinguir entre refugiados — forçados a fugir por guerra ou perseguição — e imigrantes económicos, que procuram melhores condições de vida. A confusão deliberada entre estas categorias apenas contribui para o caos. A imigração ilegal, em qualquer caso, mina os fundamentos do Estado de Direito e enfraquece as fronteiras.
Multiculturalismo e
integração
A experiência europeia mostra que o multiculturalismo fracassou. Angela Merkel reconheceu isso em 2010, embora tenha recuado em 2015 com o célebre discurso Wir Schaffen Das, (‘Nós podemos fazê-lo,’ i.e. podemos absorver toda a imigração) que abriu caminho a uma vaga migratória incontrolada. O resultado foi o agravamento das dificuldades de integração, dada a distância cultural e religiosa entre os recém-chegados e as sociedades anfitriãs.
Se o multiculturalismo gera sociedades paralelas, marcadas por fracturas permanentes, a “integração total” acaba por significar, na prática, a diluição da identidade nacional. Em ambos os casos, é a coesão social que sai fragilizada.
A falha das elites
políticas
As elites políticas europeias, em larga medida, preferiram ignorar os receios legítimos das populações. Basta recordar que em 2003 uma sondagem em Portugal revelava que 75% dos cidadãos eram contra a vinda de mais imigrantes e 62% defendiam a expulsão de indocumentados. Duas décadas depois, a sensação é de que as lideranças avançaram deliberadamente contra o sentimento maioritário do povo. A questão que se coloca é inevitável: estaremos perante uma traição democrática?
O risco civilizacional
Como escreveu o falecido filósofo e escritor inglês Roger Scruton, “cada sociedade depende de uma experiência de pertença”, um sentido de quem somos e o que partilhamos. A imigração em grande escala, de pessoas que não partilham os fundamentos culturais e civilizacionais europeus, ameaça corroer essa pertença. Se não houver controlo firme e clareza de princípios, a Europa arrisca-se a pôr em causa a sua identidade, os seus valores e a sua sobrevivência histórica.
Conclusão
A imigração não pode ser uma
estrada de sentido único, onde o Ocidente dá tudo e nada exige em troca. É
preciso recuperar a coragem de dizer o óbvio: as fronteiras existem para ser
respeitadas; as leis devem ser cumpridas; a integração só é possível quando há
vontade de ambas as partes.
Na nossa casa só entra quem nós queremos, quem aceita as nossas regras e quem deseja, de facto, integrar-se. Tudo o resto é conversa fiada — e caminho para o suicídio civilizacional.
Título, Imagem e Texto: Francisco Henriques da Silva, ContraCultura, 26-8-2025
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