Aparecido Raimundo de Souza
Em épocas de corridas às urnas, é comum bandos de filhos do capiroto que tenham a sensatez de se desarticularem do ridículo picaresco e jocoso, ou que se desapeguem do alambicado e do normal, para viverem a tourada desenfreada da caça aos votos e obviamente o descansar depois, das respectivas bundas enfiadas em um cargo público sem ter, na mente, um pingo de noção. Percebam, em trovoadas dessa magnitude, ainda que para algum carguinho público sem muita relevância, existe um filho de Deus engraçadinho. Tenho em mente que a coisa virou febre. Essa pirexia é pegajosa, tanto quanto políticos corruptos nas bocas escancaradas de eleitores insatisfeitos.
Numa dessas porras de eleições, faltando poucos dias para começar as
buscas pelos votos, precisei comparecer na escola de minha neta Ellen e lá, por
incrível que pareça, dei de cara com o diretor. Assim que o pau de vira tripa
me viu ingressar no pátio, correu em minha direção.
— Conto com seu voto. Sou o diretor. No dia que o senhor vier aqui para votar, não esqueça de dar uma oportunidade para mim. Aqui está meu santinho. Sou o 24. E na cédula aparecerá “O Gostoso diretor “Papador” de Anjinhos.”” Percebam que é difícil encontrar um cidadão sério, usando seu nome de batismo, tipo João, Pedro, Luiz Carlos, Waldemar. Mesma forma, uma Sandra, Eunice, Maristela, Regina, ou até uma Sofia.
Nomes próprios que considero sérios. Agraciados com a decência e a cordura de quem passa para o eleitor, a ideia de que será um honesto. Contudo, esses caras chatos, e visguentos, malandros e safardanas, estão em todas. Parecem ratos de esgoto em busca de restos de comidas. Se nos órgãos encardidos e pútridos que aceitam essas inscrições dá para se perceber que só nos depararemos com a continuidade de picaretas e pilantras. Se fosse feita uma pesquisa em regra, certamente as almas sérias teriam mais chances de chegarem ao patamar que desejam. Contudo, alimento a ideia de que os boçais seriam rejeitados e desapareceriam do cenário político, que aliás, em todos os lugares, nada mais é que uma verdadeira “piranhagem”.
Se os considerados sérios e acima de quaisquer suspeitas pisam na bola,
imaginem os filhos da puta sem noção e sem a seriedade de que, se ganhassem,
fariam alguma coisa em prol daqueles que o elegeram. Tenho comigo que certas
figuras consideradas “pontas firmes”, nem precisariam se preocupar com as
urnas. Ganhariam em primeiro turno. Todavia, os arruaceiros e malandros...
Nas últimas eleições, me foi dada a difícil e cansativa missão de correr cidades interioranas não só em São Paulo, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Paraná, entre outras.
Me deparei, em cada uma delas, com os patronímicos mais estapafúrdicos. Conheci pessoalmente o “Eduardo Bom de Jogo”, o “Ganso Afogado”, uma bichona de cabelos vermelhos chamada “Barata Cascuda” e um macho metido a valente alcunhado de “Pinheiro de Natal”. Acreditem, o que esse cafajeste tinha de enfeites pendurados no rabo... Não faltaram outros mais cômicos e burlescos como “Chico Come Todas”, “Barnabé Bom de Riso” e o “Fura Zoio de Ladrão”. Topei também e anotei o “Negão da Carroça Sem Burro”, o “Afrânio Tocador de Tuba”, o “Zoroastro Fujão” e a “Cacilda Malabarista”.
Teve um cara que se registrou “Beiço de Beijar Pelada”, sem falar, mas já o fazendo no “Abílio Linguarudo”, seguido do “Constantino Xera Xereca” e o “Pablo Nevada do Pinto Roxo”. Em outra ocasião, em Porto Alegre, senti na pele o desprazer de tomar um chimarrão com o candidato a vereador de Esteio, conhecido como “Formiga” e um outro, em Pelotas, que achou bonito o “Entrou de Raspão”. Entrevistei uma candidata em Florianópolis que fazia bom tempo mamava sofregamente nas tetas da municipalidade. Seu nome, “Maria da Vulva Quietinha”. No Ceará, de Renato Aragão, topei com a “Inezita Sapeca”, e a “Bete Cheradora”.
Na capital do capital, Brasília, o avião gigantesco que nunca sai do chão, almocei no Guará com a “Elisangela Come Gato Com Rabo e Tudo”. Voltando à São Paulo, na região do Grande ABC, a lista se fez maior que a de Schindler. Anotei os mais sérios: “Pinto Guloso”, o “Cabo Daniel do Pavio Curto”, e o “João Tromba de Elefante”. Em Santos, litoral de Sampa, não me esqueci de tirar uma foto com a “Marieta Dá Pra Todo Mundo” e na sequência, com o investigador da polícia, Civil de Itanhaém, o “João Tromba Porta” e uma ilustre garota de 25 anos, em Mongaguá. A beldade “Só dou se pagar,” pleiteava uma cadeira como vereadora. Na Avenida Paulista, entrevistei a “Bebel Traseiro de Sapo”.
Final da missão, quase as barbas de ingressar no prédio onde fica a redação, conheci o cadeirante “Jamelão da Cracolândia”, e, de roldão, o alegre, espalhafatoso e descontraído Jesus. Jesus a cada pessoa que cruzava na rua, dava uma balinha de presente. Em seguida, se punha de joelhos, fazia o Sinal da Cruz e declamava um versículo da Bíblia Sagrada. O pilantra parecia ter as Escrituras na ponta da língua. Pois bem! No pouco tempo que trocamos palavras, cheguei a triste e enfadonha conclusão que, de “Jesus”, o cara não tinha nada. Todavia, caros e queridos leitores, para meu espanto, de Judas... esse filho de uma rapariga, não deixava nada a desejar.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha no Espírito Santo, 9-5-2025
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