Meus olhos vão deixar a tua luz,Afogados num mar de esquecimento
E, triste, eu abandono à tua cruz
Uns braços onde mora o sofrimento.
Outro mar, outro céu não me seduz,
E meus passos perdidos vão no vento;
São poeira do chão, onde não pus
As sombras do teu sol de fingimento.
Serei a foz dum rio onde, indiferente,
A esperança se misture com a água
Sem matar esta sede que incendeio.
Serei o grito eterno de um poente,
Mas meus braços serão a tua mágoa
E presos andarão sempre ao teu seio.
João Barge
Aluno da Faculdade de Letras, Coimbra, Queima das Fitas, 1967
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