Carina Bratt
OS TEXTOS que abaixo seguem, não são de
autores renomados, como Mario Quintana, Fernando Pessoa, Aníbal Beça, Olavo
Bilac, Aparício Fernandes, ou Gonçalves Dias. Menos ainda vieram da alma em
festa de Luiz Vaz de Camões, Auta de Souza, Raul de Leoni e Machado de
Assis.
Passaram longe dos imaginosos e imortais
Vinícius de Moraes, Pablo Neruda, Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado,
Manuel Bandeira e Luiz Fernando Veríssimo.
Sequer chegaram perto de Charles Chaplin, Cecília Meireles, Cora
Coralina e João Cabral de Melo Neto.
Acredito nunca terem tomado conhecimento de
Willian Shakespeare, Casimiro de Abreu, Ferreira Gullar, Claudio Manoel da
Costa, Patativa de Assaré, Ana Cristina Cézar, Hilda Hilst, Raimundo Correia,
Humberto de Campos e Fagundes Varela.
Foram criaturas que nasceram viveram e
morreram no esquecimento. Nunca saíram no ‘anonimato,’ tampouco tiveram o
prazer de ter ou ver um livro publicado. Em tempo algum se tornaram alvos das
luzes dos holofotes.
Até onde sei, esses ‘esquecidos ilustres’ não
galgaram a honra de ver seus nomes figurando em calçadas da fama, ou no pior
dos mundos; seus patronímicos citados em textos de literatos conhecidos
mundialmente.
Minhas ‘Danações’ de hoje prestam essa
singela homenagem a esses seres maravilhosos, que mesmo à margem da fama, indo
e vindo em ruas e avenidas sem uma réstia de luz sobre seus rostos, partiram
desconhecidos e abandonados. Contudo, deixaram um legado importante para todos
nós. Vamos conferir?
Você ontem me falou
que não anda, não passeia,
como é que hoje cedinho
eu vi seu rosto na areia?
Já fui galo, já cantei,
já fui dono de terreiro.
Não me importo que outros cantem
Onde eu já cantei primeiro.