José Manuel
Parece que o nosso "turning point" é
chegado e talvez até já tenha passado do ponto ideal, tal a baixa qualidade dos
últimos acontecimentos constrangedores pelos quais o país está passando. Ou
definitivamente damos a volta, assumimos um mea culpa urgente e tentamos recomeçar em novas e bases
sólidas, realistas, com comprometimento acima de tudo, ou ficará
difícil de divisar um porvir saudável como o que todos aqueles de bem desejam.

Nada, nadica, a não ser
pelo Fernão do Pó,
que ao contrário do que se possa imaginar, não faz parte da contravenção,
não é amigo do Anízio da Beija-Flor nem tampouco é traficante daquilo
que o seu sobrenome declara.
Aliás, e por falar
em contravenção, o puxador Neguinho da Beija-Flor [foto] foi quem disse com toda
a autoridade no assunto, que se não fosse a contravenção, não existiria o
maior espetáculo da terra. Falou e disse!
Esse é o "cara".
Voltando a Fernão do Pó,
que o momesco deve desconhecer, ao contrário, foi um grande navegador
português, que em estando a mapear a rota para as Índias, em 1471 aportou à
Guiné, sendo o primeiro explorador em nome de Portugal, a reconhecer aquele
território.
Ora, então pela teoria da
análise combinatória, e como Portugal nos descobriu, está explicada
a coincidência agora no século vinte e um e por aí é o bastante nesta
história, se bem que agora graças a intelectuais formados na cátedra do samba
ficamos sabendo um pouquinho mais sobre o carnaval carioca.
Os tempos modernos são
fantásticos pelo seu dinamismo, pois quando achamos que já conhecíamos de tudo,
pimba, aparece um fato novo que normalmente nos deixa ou de cabelo em pé ou de
queixo caído, pelas aberrações que se apresentam.
E esta é tão cabeluda
que ninguém consegue explicar como é que um país que não é mais dimenor permite um desfile
no "maior espetáculo da
terra", na cidade
maravilhosa, colocar na passarela máxima da cultura popular um
enredo homenageando uma figuraça que, além de estrangeira e
nada a ver com as nossas tradições, ainda figura, por exemplo, na wikipédia da
seguinte forma:
“O regime autoritário no poder
na Guiné Equatorial tem um dos piores registos de direitos humanos no
mundo, e consegue se manter como o ‘pior do pior’ no ranking da
pesquisa anual da Freedom House de direitos políticos e civis.
Repórteres classificam o presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo um dos ‘predadores’
da liberdade de imprensa. O tráfico de pessoas é um problema
significativo, de acordo com o ‘US Trafficking in Persons Report’, de 2012, que
afirma que ‘a Guiné Equatorial é uma fonte e destino para mulheres e crianças
vítimas de trabalho forçado e tráfico de sexo.’”
Como a nossa cultura não é definitivamente de prevenção, para que fatos como este jamais aconteçam, e sim reativa, sempre com características pouco abonadoras, agora após o carnaval começam a pipocar as mais fantasiosas e contraditórias explicações para que esse escândalo cultural, mais um, o Culturão, seja explicado à sociedade que apenas depois do desfile se deu conta de como foi absurdamente ludibriado naquilo que é de mais sagrado às suas raízes culturais. Isto é apenas o reflexo do Planalto e as suas desastradas atitudes para com o povo, principalmente o humilde que vê na festa popular a expressão maior da sua cultura.
Esta é a foto do filho
vice-presidente em camarote durante o desfile. Farra com o dinheiro dos outros
é sempre a melhor possível mesmo quando se conhece a palavra nepotismo.
A ironia do enredo é que para
exaltar as nações africanas escolheu-se exatamente a que tem o povo oprimido
por seu governante. Teodore Obiang Nguema Mbasogo, a oitava riqueza pessoal do mundo, é
acusado de brutais violações dos direitos humanos, com tortura e morte de
opositores. Segundo reportagem do jornal O Globo, o ditador captou dez milhões
de reais para a Beija-Flor.
Ainda sobre o caso diz a folha
de São Paulo, em 20-02-2015:
“A ditadura do presidente Obiang está sempre ansiosa por
oportunidades como essa para mascarar sua repressão aos direitos humanos”, diz
Tutu Alicante, diretor-executivo da ONG EG Justice (Justiça para a
Guiné Equatorial) que está exilado nos EUA.
Segundo ele, o governo brasileiro “chegou à conclusão de que os
petrodólares são mais importantes que dignidade humana”.
Ele lembra que mais de 75% da população da Guiné Equatorial sobrevive
com menos de US$ 2 por dia. “Enquanto muita gente no meu país não tem acesso a
água, educação, saúde ou comida, funcionários do governo, incluindo o filho
de Obiang, Teodorin, estão em um dos hotéis mais caros do Rio
esbanjando nosso dinheiro”, afirma.
Pois é, do carnaval até à data
de hoje, uma semana se passou e um corolário de mentiras, uns desdizendo os outros,
ninguém consegue explicar como milhares de reais entram no país para uma escola
de samba, pois nem a Fazenda nem o ministério das Relações Exteriores
foram atualizados sobre o assunto. Aqui parece haver uma ótima
oportunidade para a Polícia Federal, pois coincidentemente os negócios com esse
país através de uma empreiteira nacional conhecida e a visita de certo político, tem muito a contar.
Como o assunto tem um mau cheiro
nauseante, está sendo substituído esta semana, pelo daquele Juiz que mandou
confiscar os bens do Eike, aproveitando para se apoderar indevidamente dos
seus veículos e guardá-los em sua garagem. Pior não poderia ser ser, a não ser
a revelação de que os barões do transporte público, aquele pelo qual milhões
foram às ruas em 2013, estão com as suas contas abertas no HSBC, na Suíça
e em paraísos fiscais, mostrando os milhões do país abastecendo contas no
exterior, dinheiro esse suado dos trabalhadores de Pindorama.
Ainda esta semana, ao que tudo
indica, e o povo já está fazendo "
bolões " para jogar no número e nome dos
parlamentares envolvidos no Petrolão, será agitada e o ponto de retorno já
de há muito passou do seu limite geográfico.
Enquanto isso, a sociedade vai
assistindo a um desfile de absurdos, no carnaval da impunidade em todas as
alas.
Esperemos que os fósforos
demorem a ser encontrados.
Título e Texto: José Manuel, 25-2-2015
Nota: a descritiva nas
crônicas por mim publicadas é o resultado de pesquisa em notícias veiculadas em
mídia nacional idônea, apenas compondo um pensamento lastreado em liberdade de
expressão e ancorado no Artigo 5 inciso IX, da constituição Federal
de 1988.
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