Segundo a ministra Tereza Cristina,
objetivo é substituir queimadas
Elaine Patricia Cruz
A ministra da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina [foto], disse hoje (26), em São Paulo, que o
ministério vai fazer campanhas para incentivar que produtores usem outros
métodos, e não as queimadas, para abrir áreas na região da Amazônia.
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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil |
Segundo a ministra, pequenos
produtores podem estar fazendo uso das queimadas como método para abrir espaço
para plantar. “As queimadas as vezes acontecem como ferramenta agrícola,
principalmente dos pequenos produtores rurais, que usam isso para abrir um
pouco o espaço para poder plantar, mas que são áreas individualmente pequenas,
mas que, em uma época dessa [de seca], realmente podem trazer problemas”,
falou.
De acordo com a ministra, a
fiscalização no local é difícil por causa do tamanho da Amazônia, mas o governo
já está trabalhando para resolver essa questão. “Casos isolados acontecem em
todos os países do mundo. Não é só aqui não. Mas pela dimensão do Brasil, às
vezes temos coisas acontecendo na Amazônia que é difícil a fiscalização. Mas
isso é uma das coisas que o Brasil está trabalhando e o governo brasileiro vai
trabalhar de maneira a fazer uma fiscalização cada vez maior. Mas não será a
melhor do mundo pelas dimensões que nós temos na nossa Amazônia”, disse.
Exagero
Para ela, houve exagero da
França e da Irlanda sobre as notícias de queimadas na Amazônia. “Houve um
exagero, inclusive em linkar essa queimada desse ano com o acordo comercial. O
acordo Mercosul e União Europeia é um acordo que foi construído há 20 anos.
Claro que não agrada a todos. Aqui no Brasil também temos setores que não estão
felizes com esse acordo. Acho que houve um exagero principalmente da França e
da Irlanda em sair dizendo que poderiam romper esse acordo”, falou.
Segundo ela, as queimadas não
são um fenômeno somente desse ano. “Primeiro, todos nós sabemos que essa época
é seca e que as queimadas ocorrem há muitos anos. Não é uma coisa que aconteceu
só esse ano. Esse ano teve uma excepcionalidade porque a Bolívia também tem uma
área enorme que também está sofrendo com essas queimadas. Isso tudo juntou e
fizeram um alarde enorme como se fosse a primeira vez que tivéssemos uma
queimada, um incêndio muito maior do que se teve no passado”, disse ela.
De acordo com a ministra, o
Brasil não está livre de sofrer embargos, mas ela espera que
eles não ocorram. “Nunca se está livre de embargos. Não sabemos como cada país,
que é soberano, pode reagir a isso. Acho que isso seria um casuísmo. Mas
não estamos livres, ainda vamos às repercussões de toda essa matéria sobre o
problema que aconteceu neste final de semana. Espero que não, pelo bem do
Brasil e do agronegócio brasileiro”.
Dia do
Fogo
A ministra também comentou
sobre a possibilidade de que tenha existido o Dia do Fogo e que isso tenha
amplificado o problema na região. “Primeiro eu não sei se é sobre produtores
rurais. Quem está investigando isso é a Polícia Federal. E quem fez mal feito,
tem que pagar, seja lá o que for. Parece que existe esse indício, mas isso tem
que ser apurado. E, quando for, as responsabilidades serão colocadas a quem
couber”, disse ela.
O Dia do Fogo, segundo
investigações em curso e reportagens, teria acontecido no dia 10 de agosto,
quando sindicalistas, produtores rurais, comerciantes e grileiros teriam
combinado por um grupo de WhatsApp de incendiar as margens da BR-163, rodovia
que liga o Pará aos portos fluviais do Rio Tapajós e ao estado do Mato Grosso.
Carona
da FAB
A ministra comentou também
sobre uma matéria publicada hoje na revista Época, que afirma que ela deu
carona a produtores rurais e congressistas da bancada ruralistas em voos nos
jatos da Força Aérea Brasileira (FAB). O uso dos jatos da FAB é regulado por um
decreto que define que não há autorização para o embarque de congressistas e
pessoas sem cargo ou função pública.
Para a ministra, não houve
irregularidades nesses voos. “Primeiro, não tem nenhuma ilegalidade. Segundo,
fui a uma feira no Paraná e levei o presidente da Aprosoja Brasil, que é uma
instituição constituída, com CNPJ. E não foi para uma atividade que não fosse
uma feira agropecuária. Não vejo nenhum tipo de ilegalidade nisso. Se eu
estivesse levando ele para passear, mas fomos a trabalho. O avião ia me levar.
E foram parlamentares junto, nessa feira. E foi também o presidente da OCB
[Organização das Cooperativas Brasileiras]. Se eu não puder levar, como
ministra da agricultura, o presidente da OCB e o presidente da Aprosoja Brasil para
uma feira agropecuária... o avião não foi só para isso”, falou. “O avião estava
levando a ministra da Agricultura e eles foram juntos na atividade. Foi sempre
consultado e não tem ilegalidade nenhuma nesse assunto”.
Reunião
com o Japão
A ministra reuniu-se hoje com
o ministro da Agricultura, Floresta e Pesca do Japão, Takamori Yoshikawa, na
sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital
paulista. Este foi o quarto encontro bilateral entre eles. Na reunião de hoje,
disse ela, eles conversaram sobre a exportação brasileira de carne brasileira
suína e bovina, sobre o setor genético de aves, rotulagem, farinha e sobre o
abacate.
“Temos aí a carne brasileira
de suínos e de bovinos, que nós estamos avançando. É um tema mais difícil, mas
estamos avançando porque o Japão, costumeiramente, importa carne bovina de
países livres de aftosa sem vacinação. E no Brasil, como sabemos, só Santa
Catarina é livre de aftosa sem vacinação e é um estado que tradicionalmente tem
muito pouco bovino. Tem mais suínos e aves.
Então, propus a ele um bloco de
estados incluindo o Paraná, que deve caminhar rapidamente dentro do programa de
erradicação de febre aftosa sem vacinação no Brasil. [Além do Paraná], Rio
Grande do Sul, Goiás e Rondônia. Estes foram os estados que colocamos para o
ministro e as tratativas estão sendo feitas”, disse ela a jornalistas, após se
reunir com o ministro japonês. “Espero que ano que vem tenhamos missão vindo
[para esses estados]”, acrescentou.
Outro assunto que foi tema de
pauta entre os dois países é a cooperação com as universidades brasileiras. “O
Japão tem muito interesse em uma cooperação entre as universidades de lá com as
daqui e a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] sempre na área
de alimentos, segurança alimentar”, falou ela para os jornalistas.
Após a coletiva, o ministro
Yoshikawa convidou a ministra para um almoço, onde apresentou pratos da
culinária japonesa.
Título e Texto: Elaine
Patricia Cruz; Edição: Aline Leal – Agência Brasil, 26-8-2019
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