Não sou linguista mas tenho a ideia de o oxímoro ser uma figura de estilo que recorre a duas palavras em conjunto que, se levadas à letra, são contraditórias. Por exemplo: "silêncio ensurdecedor".
Há quem faça uma equivalência entre o oxímoro e o paradoxo. Eu sou mais minimalista e entendo que o paradoxo tem uma interpretação mais objectiva, enquanto o oxímoro é mais subjectivo. Por exemplo: há quem considere o "contentamento descontente" de Camões um oxímoro. Eu acho-o um paradoxo porque tal contradição de sentimentos pode ser real. Pelo contrário, um "silêncio ensurdecedor" nunca acontecerá no seu sentido literal.
Oxímoro, oximóron ou paradoxismo (do grego ὀξύμωρον, composto de ὀξύς, "agudo, aguçado" e μωρός, "estúpido") é uma figura de linguagem que consiste em relacionar numa mesma expressão ou locução palavras que exprimem conceitos contrários, tais como festina lente ("apressa-te lentamente"), "lúcida loucura", "silêncio eloquente" etc. Trata-se de uma figura da retórica clássica. Dado que o sentido literal de um oxímoro (por exemplo, um instante eterno) é absurdo, força-se o leitor a procurar um sentido metafórico (neste caso, pela intensidade do vivido durante esse instante, faz perder o sentido do tempo). O recurso a esta figura retórica é muito frequente na poesia mística e na poesia amorosa. Exemplos • silêncio ensurdecedor • inocente culpa • gelo fervente • declaração tácita • ilustre desconhecido • guerra pacífica • morto-vivo • lentamente rápido • tristemente alegre • inimigo amistoso • cooperado vagabundo • catedrático néscio • mentiroso honesto • manso intenso
Este soneto de Luís de Camões é construído com oxímoros: Amor é fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer É um não querer mais que bem querer É solitário andar por entre a gente É nunca contentar-se de contente É cuidar que se ganha em se perder É querer estar preso por vontade É servir a quem vence, o vencedor É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
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APARECIDO RAIMUNDO...
ResponderExcluirNão sou linguista mas tenho a ideia de o oxímoro ser uma figura de estilo que recorre a duas palavras em conjunto que, se levadas à letra, são contraditórias. Por exemplo: "silêncio ensurdecedor".
ResponderExcluirHá quem faça uma equivalência entre o oxímoro e o paradoxo. Eu sou mais minimalista e entendo que o paradoxo tem uma interpretação mais objectiva, enquanto o oxímoro é mais subjectivo. Por exemplo: há quem considere o "contentamento descontente" de Camões um oxímoro. Eu acho-o um paradoxo porque tal contradição de sentimentos pode ser real. Pelo contrário, um "silêncio ensurdecedor" nunca acontecerá no seu sentido literal.
Agradeço as contribuições.
ResponderExcluirContribuo também:
Oxímoro, oximóron ou paradoxismo (do grego ὀξύμωρον, composto de ὀξύς, "agudo, aguçado" e μωρός, "estúpido") é uma figura de linguagem que consiste em relacionar numa mesma expressão ou locução palavras que exprimem conceitos contrários, tais como festina lente ("apressa-te lentamente"), "lúcida loucura", "silêncio eloquente" etc. Trata-se de uma figura da retórica clássica.
Dado que o sentido literal de um oxímoro (por exemplo, um instante eterno) é absurdo, força-se o leitor a procurar um sentido metafórico (neste caso, pela intensidade do vivido durante esse instante, faz perder o sentido do tempo). O recurso a esta figura retórica é muito frequente na poesia mística e na poesia amorosa.
Exemplos
• silêncio ensurdecedor
• inocente culpa
• gelo fervente
• declaração tácita
• ilustre desconhecido
• guerra pacífica
• morto-vivo
• lentamente rápido
• tristemente alegre
• inimigo amistoso
• cooperado vagabundo
• catedrático néscio
• mentiroso honesto
• manso intenso
Este soneto de Luís de Camões é construído com oxímoros:
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É nunca contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Fonte: Wikipédia