quinta-feira, 25 de julho de 2024

[Daqui e Dali] Reflexões sobre a sociedade

Humberto Pinho da Silva

No tempo dos meus antepassados, a Família era constituída pelos avós, pais e filhos. Ainda no primórdio da segunda metade do século XX, assim acontecia, principalmente no interior.

Mas o Mundo Ocidental evoluiu, ou será que involuiu? Foi infetado pela Nova Moral, e o núcleo familiar excluiu, mormente nas grandes cidades, os avós, apartando-os para lares ou simplesmente abandonando-os nos hospitais ou na rua.

O facto da mulher ter entrado, em força no mundo do trabalho, nas últimas décadas, contribui, em parte, quantas vezes por falta de tempo, para essa triste realidade; assim vão desaparecendo raízes, memórias, tradições e costumes, que são determinantes para agregar a Família, e ajudar a unificar o País.

A ausência de convívio entre os membros da Família, pelo facto de passarem a maior parte do dia fora do lar, contribui, ainda mais, para a desagregação da Família. A falta de legislação que facilite a união dos cônjuges, pode ser uma das explicações para a dissolução de muitos agregados familiares.

Verifica-se também que ano após ano a comunidade tem-se tornado mais egoísta e mais agressiva. Analisa-se isso nos estádios desportivos e em manifestações de rua.

A crispação existe, igualmente, no seio da Família. Na última campanha eleitoral, no Brasil, houve agregados familiares que tomaram posições radicalmente opostas: pais e filhos desentenderam-se, a ponto de se separarem, e a coletividade encrespou-se como nunca.

Para se evitar a ausência materna do lar, no último quartel do século XX, políticos de vários países, entre eles Mário Soares, consideravam que a presença da mãe era insubstituível na educação dos filhos. Chegou-se a ventilar recompensar monetariamente as que preferissem ficar em casa, cuidando das crianças. Infelizmente não passou de boas intenções.

Por sua vez, o Estado nas últimas décadas tem pretendido educar, na escola, mesmo conhecendo que muitas vezes está contra a vontade dos progenitores.

Ao reeducar, a escola inculca ideologias políticas, religiosas, conceitos morais, comportamentos, e condutas de vida, diferentes das ensinadas em família, e cria assim instabilidade, provocando desentendimentos entre pais e filhos.

Esquecem-se que a globalização, e a recente vaga de imigrantes na Europa, trouxe novas crenças, comportamentos, e tradições diferentes das dos indígenas.

Deve-se, a meu ver, respeitar as minorias, mas sem esquecer a maioria, ou a que ainda o é. Por isso, a escola apenas deve ensinar e não educar.

Naturalmente, cabe aos pais educar como querem seus filhos, e ao Estado, na escola, ensiná-los.

Em ditadura, o Estado totalitário tenta moldar as mentes em formação, de forma que todos pensem de igual modo, ou não se pense nada. Porém, em democracia, é inconcebível.

Pretendo, com essa crônica, esboçar temas que preocupam a sociedade, a fim de o leitor refletir sobre o assunto. Lembro que o bem-estar de todas as Famílias, é o bem-estar da nação, visto que um país não é mais que o conjunto de todas as Famílias.

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, julho de 2024

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