quinta-feira, 27 de junho de 2024

[Daqui e Dali] Incongruência

Humberto Pinho da Silva

Neste domingo de céu enevoado, mas sem chuva, dirigi-me para a minha mesa de voto.

Árdua tarefa de escolher político que não conheço, desconhecendo, também, sua conduta como cidadão. Apenas sei o que diz e o que quer que eu saiba, para poder alcançar o cargo que deseja. Fui levado mais pelo instinto, experiência devido à minha idade no propósito de cumprir o dever patriótico.

Ao atravessar o portão da escola, onde se encontravam as mesas de voto, surgiu-me parente que logo entabulou conversa:

Disse-me que há mais de dez anos que não vota!...

Perante a minha estupefação, explicou-se: teve necessidade de renovar o BI. O novo é Perpétuo. Ficou contente. Era para toda a vida...

Entretanto teve de mudar de localidade. Avisou as Finanças, o Banco, e foi à Junta da nova Freguesia, para lhes dar conhecimento da mudança. Disseram-lhe ser impossível sem Cartão de Cidadão.

Não tirou. Comprou casa, vendeu casa, realizou transações comerciais, e o BI serviu-lhe para tudo. Ao pedirem-lhe documento para provar a residência, sempre lhe bastou o recibo da água ou da eletricidade...

Desta vez abriram exceção: podia votar com o seu BI, graças à Internet.

Agora pergunto: quais são as dificuldades das Juntas a transferirem a residência, sem Cartão de Cidadão?

Como o meu parente, quantos idosos doentes não estão impedidos de votar?

Parece-me uma incongruência.

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, junho de 2024

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