domingo, 26 de fevereiro de 2017

A revista vai estar mais devagar que enterro de viúva rica. Ou: mais devagar que pensamento de loira

Na semana que começa hoje, domingo, 26 de fevereiro, a nossa revista estará meio que paradinha… nada grave, é só porque o Editor terá compromissos familiares, tipo recepcionar filhão mais novo que chega do Riotão…


Pô, mas a animação nada tem a ver com o título, nem com o texto.
Tem sim, generoso leitor! Pense mais um só segundo! É isso!

O ratinho safado, enfim, apanha do Tom. Este pobre coitado que cansou de tomar choques elétricos, de apanhar com bigornas na cabeça, ter a língua queimada… quanta violência!

Pessoalmente, desde tenra idade nunca gostei de ver o Tom apanhando tanto… nem o Coyote!

Tempos felizes! Ninguém saía por aí agredindo e/ou matando outros porque… queria imitar o Jerry ou vingar o Tom!

Fico por aqui. (Até porque é dia de festa). 

Abraços e beijos de carinho./-

sábado, 25 de fevereiro de 2017

[Aparecido rasga o verbo] Panarício de profunda gravidade

Aparecido Raimundo de Souza

“No mapa, o branco é a metade do Brasil. Na vermelha, os puteiros de Brasília”.
Tompson de Panasco  - escritor.

O processo que poderia levar à cassação (vejam bem, poderia) de Michel Jackson Temer, tem mais de 15 000 páginas. Daria para tapar ou cobrir todos os rombos da previdência e ainda sobraria papel para que pudéssemos mandar para os carentes e favelados limparem as boquinhas de baixo.

Sabemos, de antemão, se nos ativermos à esfera do desempenho nota dez, com esse calhamaço todo, fica difícil, senão impossível, para qualquer mandatário por mais tarimbado que seja -, defender um cliente de maneira clara, límpida, consciente e -, sobretudo, CORRETA.

Todavia, senhoras e senhores, existe um pequeno porém. Não estamos falando de um clientezinho qualquer. Trata-se de Michel Jackson Temer, ou para os pobres, deprimidos e embrulhões dessa sociedade de burros e asnos, do deus maior.

Esse deus maior é que foi “envolvido” supostamente, erradamente, propositalmente por falha de algum imbecil ou, quem sabe, por uma galera que não conhece a grandeza de suas falcatruas, perdão, a realeza pujante de seus infinitos milagres.

Estamos falando aqui de deus, o todo poderoso. Aquele ser mítico, protótipo da beleza masculina, que manda que indica que tem a chave do país nas mãos. Que mora num palácio suntuoso e trabalha num outro mais ostentosamente opíparo, enquanto nós (os grupos das gentalhas e dos populachos) vivemos cercados de sequestradores dos nossos sonhos e quimeras acalentados anos a fio.

Estamos falando, claro, daquele ser apaparicado, engrandecido, apoteosado, que passeia pra lá e pra cá em bonitos carrões de luxo último tipo, com motoristas particulares, e o mais importante, cheios de seguranças, para que nenhum Zé Mané chegue perto.

É esse deus maquiado que estamos colocando na berlinda. Deus falso, mentiroso, enganador, que ao invés de onipresente, se acha bem presente em nossas vidas. Presente entendam no sentido de nos impor novos impostos e o aumento do considerado essencial para nossa sobrevivência cotidiana.

Escola de direito da UCLA censura livro que denunciava terrorismo islâmico

Luciano Ayan


Elan Journo, diretor de pesquisa política do Instituto Ayn Rand, foi convidado para um evento “em favor” da liberdade de expressão na escola de direito da UCLA. Ele é coautor do livro Failing to Confront Islamic Totalitarianism: From George W. Bush to Barack Obama and Beyond.

O acordo previa que ele poderia vender o livro durante os painéis de discussão. Todavia, um grupo de alunos fascistas culturais se juntou para protestar contra o livro, chamando-o de “ofensivo”. Journo escreveu, em um artigo: “Eles sentiram que o livro era ‘ofensivo’ e ‘insultos”. Eles faziam objeções ao tema do livro. Nossas visões, para eles, foram ‘islamofóbicas’. Baseadas em quê? Aparentemente, para alguns deles, foi o título do livro”.

O autor disse que os estudantes “promoveram seu próprio modo de controle do pensamento” e conseguiram impedir o acesso ao livro. Um administrador da escola concordou com os estudantes e pediu que o livro fosse banido. As informações são do Breitbart.

Mais um caso de censura em um evento que começou supostamente como “em defesa da liberdade de expressão”, mas terminou promovendo a censura em nome do globalismo.
Título, Imagem e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 24-2-2017

Por que não houve champanhe para o défice?

Rui Ramos

O défice de 2016 não é dos mais baixos da Europa, mas a taxa de crescimento é das mais baixas do mundo. A sua celebração revela a redução das expectativas num país conformado com a sua decadência

Há uma semana que o governo e o presidente da república parecem muito admirados por o país não ter aberto o champanhe com o défice orçamental de 2016 (2,1% do PIB). Então o governo serve-nos o “défice mais baixo da democracia”, e ninguém manda sequer cumprimentos? Excesso de facciosismo das oposições? Mas não são só o PSD e o CDS que não festejam. O PCP e o BE também não. E o próprio governo, na quarta-feira, esqueceu a proeza, e preferiu fazer espetáculo com a saída de capitais entre 2011 e 2014. Que se passa?

No fundo, toda a gente sabe que os défices são como os chapéus de Vasco Santana: há muitos. O défice que temos é um exercício de ajustamento temporário, negociado com a Comissão Europeia para salvar as aparências estatísticas e garantir o financiamento do BCE. No contexto europeu, não parece tão magnífico: até pode ser um dos mais baixos da democracia portuguesa, mas não é dos mais baixos da Europa. Do ponto de vista da história recente, também não deixa sonhar alto: porque este não é o primeiro “défice mais baixo da democracia”. Já tivemos um, em 2008, quando nos anunciaram que o défice de 2007 tinha ficado em 2,6% do PIB. A miragem não durou. Em 2010, o défice mais baixo da democracia já estava transformado num dos seus défices mais altos (11,2%). Em 2011, como estocada final, o Eurostat reviu as contas, e descobriu que o défice de 2007 fora, afinal, de 3,1%. Eis o que acontece aos défices quando a contabilidade é vaga, as políticas não são as melhores, e a economia não cresce o necessário.

Vai a história ser diferente desta vez? Já não há Ota nem TGV. Mas a despesa pública permanece acima de todos os anos anteriores a 2008, com um peso excessivo para o nosso nível de desenvolvimento e para a qualidade dos serviços públicos. O défice só não é maior por um esforço contributivo igualmente desproporcionado, compensado até agora nos orçamentos domésticos da classe média pela queda dos juros e do preço do petróleo. Entretanto, a economia portuguesa é aquele tema sobre o qual as entidades internacionais se repetem: de seis em seis meses, temos o mesmo diagnóstico (baixa produtividade, reduzido potencial de crescimento, tendência para os desequilíbrios externos, etc.), e a mesma receita de “reformas” que, com a atual maioria, estão fora de questão. A dívida pública, que é a verdadeira medida de todas as coisas em Portugal, continua em expansão, sempre com a notação de lixo e com custos cada vez mais altos.

Partido Democrata, o de Obama e Clinton, escolhe novo líder


Africanos contra imigrantes. (Cadê a indignação internacional?)

Polícia dispersa protesto anti-imigrantes na África do Sul


A polícia sul-africana recorreu a balas de borracha e gás lacrimogéneo para tentar separar manifestantes anti-imigração e migrantes que organizaram marchas rivais em Pretória.

Várias centenas de pessoas participavam num protesto contra estrangeiros, que acusam de “roubar” trabalho aos sul-africanos, num contexto social marcado por uma taxa de desemprego superior a 25 por cento e pela elevada criminalidade.

Um manifestante afirma que “era suposto terem construído um campo [para os migrantes], que estão por todos os lados”.

Do lado oposto, grupos de migrantes denunciavam os ataques violentos da última semana contra estrangeiros. Muitos estavam munidos de armas brancas, tal como na marcha rival.

Um migrante explica que não quer “lutar, mas simplesmente proteger” o que é seu.

O presidente Jacob Zuma fez um apelo à calma e condenou a violência e intimidação contra estrangeiros, depois de uma série de ataques contra habitações e comércios explorados por migrantes.

Nas últimas 24 horas, as autoridades detiveram 136 pessoas relacionadas com ações violentas contra trabalhadores estrangeiros.

Feira de vinhos portugueses


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Lembra deste aparelho?

[Aparecido rasga o verbo] Pentelho

Aparecido Raimundo de Souza

Um.
O sujeito pega o telefone e enquanto liga para o amigo vai se desfazendo dos sapatos e das meias pelo meio do corredor a caminho da cozinha. Fala:

Carlos - “Alô?... Luiz, seu bobalhão, sou eu, o Carlos. Neste exato momento acabei de chegar em casa vindo do prédio onde funciona seu escritório. Toquei a campainha uma porrada de vezes e ninguém atendeu. Sua secretária não veio trabalhar, ou não quis abrir, sei lá. A garota da sala ao lado, de nome Bethânia, chegou às oito horas e dez minutos e, me vendo impaciente, andando para lá e para cá, feito couro de pica, e àquela hora da manhã, ofereceu um copo de água gelada, um cafezinho que fez na hora e, depois, caneta e papel. Não podia simplesmente ir embora ou virar as costas”.

Dois.
Carlos continua, eufórico. - “Achei por bem enfiar por debaixo da sua porta, um bilhetinho simples para você saber que realmente estive lá. O negócio é o seguinte: procurei feito um imbecil o nome que você me passou, ontem, por telefone. Fui em todas as livrarias da cidade (são quase vinte) e não encontrei nenhum livro de Julia Petit.”

“Aliás, Luiz, ninguém conhece Julia Petit por aqui. Liguei para sua casa e consegui falar com a sua filha. Ela confirmou o nome da criatura: realmente Julia Petit, com o tê mudo no final. Argumentei que na pressa, talvez você tivesse me passado o nome errado. Quem sabe, não fosse Julia, mas Rulia, Nulia, Sulia, Vulia, ou qualquer coisa parecida. Sua filha garantiu que era Julia, até soletrou, jota de jaca, u, de uva, ele, de laranja, i de indelicadeza e a de amendoim. Parti, então, para o Petit. Não seria Petite com e, ou Petitte com dois tês? Acho que consegui tirar a sua simpática mocinha do sério. Nas ligações seguintes a jovem só não me chamou de santo, mas percebi, pela alteração da voz, que meu papo estava se tornando chato e incômodo”.

Três.
Carlos segue falando, ininterruptamente: - “Insisti em continuar a conversa, mas ela, com a grosseria e o atropelo que rondam a cabeça da juventude, acabou por me mandar tomar naquele lugar por onde expelimos nossas fezes, ou seja, o cu. Não contente, meu amigo, pá, desligou na minha cara. Fiquei como um abestalhado, a boca aberta, as palavras entrecortadas na garganta, o telefone no ouvido e o troço: tu... tu... tu... tu... tu... tu...”.
“Você sabe muito bem, amigo Luiz, que odeio quando alguém interrompe a ligação, sem mais nem menos, e eu fico boquiaberto, feito um panaca, sem saber o que fazer com o auscultador na mão. Pior é o tu... tu... tu... tu... tu... tu...”.

[Atualidade em xeque] O Butantan e O Suvaco do Cristo

José Manuel

Dia 20 de fevereiro de 2017, término de horário de verão e uma ressaca por uma hora a menos, acordei, e como o mundo e eu sempre fazemos, fomos olhar pelo menos as primeiras notícias do dia para não termos surpresas ao longo da jornada.

Desta vez, a primeira notícia dá conta de mais umas toneladas de dinheiro jogados fora, neste país onde em se plantando tudo dá.

Duzentos e trinta e nove milhões de Reais e mais nove anos jogados no lixo da história e a culpa, como sempre, não é de ninguém.

A fábrica do Instituto Butantan, com especialidade para remédios para o tratamento da Hemofilia e da Aids precisa agora de mais de 437 milhões além dos 239 milhões já gastos, para ser terminada, se caso ainda esteja em condições devido ao tempo sem manutenção. Enquanto isso, há pelo menos nove anos e não se sabe quantos mais a futuro, esses remédios continuarão a ser importados, como sempre.

Nove anos atrás, ou 2008, era ainda no tempo da presidência ditatorial-imperial de Garanhuns e incluído nesses anos até ao início de 2016 na presidência ditatorial-imperial de descendência búlgara, também não foi tomada nenhuma providência a respeito, milhares devem ter morrido por falta desses remédios, claro, e os presidentes ditadores-imperiais estavam preocupados em distribuir mortadelas, roubar e falir todas as instituições que lhe aparecessem pela frente.

Como ninguém lê porque a preguiça e os olhos cansam e porque os textos são grandes demais, aqui está a notícia servida com cafezinho para conhecimento geral. 

Equador: projeção de derrota do governo no segundo turno. Redutor bolivariano?

Cesar Maia
          
1. Só com praticamente todos os votos apurados é que se confirmou o segundo turno na eleição presidencial de domingo no Equador. A lei eleitoral equatoriana determina que para vencer no primeiro turno seriam necessários 40% dos votos e uma diferença para o segundo lugar de pelo menos 10 pontos.
           
2. A segunda exigência foi cumprida. Lenin MORENO - candidato do Aliança País, do Presidente Rafael Correa - obteve 39,3% dos votos e Guillerme LASSO - candidato do “Creo”, de oposição - atingiu 28,2%, numa diferença de 11,1 pontos, maior que os 10 pontos exigidos. A terceira colocada - Cynthia Viteri, do PSC, liderado pelo prefeito de Guayaquil Jaime Nobot - recebeu 16,2% dos votos. Guayaquil é a cidade do país com maior população.
              
3. O apoio ostensivo do PSC a Lasso durante a apuração aponta para o favoritismo deste no segundo turno. Moreno – candidato do presidente Rafael Correa - venceu nas maiores cidades como Guayaquil (2,5 milhões de habitantes) e Quito (capital do país, com 2,3 milhões) e nas principais capitais provinciais, como Cuenca (onde se produz os chapéus “Panamá”) e Portoviejo. Lasso venceu nas capitais na Serra Centro, Sul do país e Amazônia, como Ambato, Guaranda, Riobamba, Loja, Orellana e Morona, cidades de cerca de 200 mil habitantes. Mesmo vencendo nas grandes cidades, a vitória de Moreno, nelas, não alcançou os 40%, como o caso de Guayaquil.
               
4. O partido de Rafael Correa – Aliança País - sofreu forte perda no Parlamento, mas, assim mesmo, continua como a principal força, com 67 de 137 deputados, ou 49%. Tinha 70% antes da atual eleição. Os partidos que eram de oposição e que podem governar vencendo no segundo turno terão agora 64 deputados, ou 47%. Em governos tipo os bolivarianos, o poder executivo tem uma enorme capacidade de intervenção constitucional. Portanto, uma vitória de Lasso é uma ampla mudança no quadro político do Equador.

[Aparecido rasga o verbo] O último guerreiro dos apaches

Aparecido Raimundo de Souza

GOYATHLAY, ou Goyaalé, foi o último chefe dos apaches e o mais recente combatente dessa linhagem, originada em grupos nômades asiáticos que no século treze passaram para a América, pelo estreito de Bering.

Fugiram da fúria mais poderosa, as hordas de Gengis Khan, sagrada e temida autoridade dos mongóis, em 1206.

Do Alasca desceram, saqueando, pilhando, matando, até chegaram ao Arizona, o teatro do confronto que fecundou uma lenda. Gerónimo (ou o que boceja) nome dado pelo homem branco a Goyathlay.

Os apaches se dividiam em clãs. Eram mescaleiros, lipans, jicarillas e chiricahuas, esta a mais estrepitosa entre as ramificações conhecidas.

Dela provinha Gerónimo. Dificilmente os brancos compreenderiam a marcialidade natural dos chiricahuas. Nunca deixariam de ver nesses caras pintadas apenas renegados assassinos. Jamais perceberiam em seus corações o vigor heroico, idêntico ao de outros homens, por resistirem a abandonarem simplesmente o legado de sangue.

Também não enxergariam além de motivações sentimentais na recusa em deixarem suas terras. Não entenderiam a razão vital da coisa propriamente dita: perder esses rincões equivaleria a sumirem de uma vez por todas.

Para os brancos, guerra significava conquista. Para os índios, um ritual de vida envolvendo a morte, duas presenças naturais em suas concepções de pensamento e religião. Das batalhas dependiam as glórias e as posições de mando em meio ao seu povo.

Em 1876 (exatos cento e quarenta e um anos passados), os Chiricahuas foram removidos para uma zona desértica, conhecida como White Mountain. Parte da tribo se conformou. Outro grupo fugiu para o México. Entre os líderes dos dissidentes se destacava Gerónimo.


Os rebeldes reiniciaram ataques contra os mexicanos, inimigos ancestrais de sua nação, e nos acometimentos demonstravam a maior característica da luta apache: a guerrilha. Investiam e desapareciam em meio à geografia árida da região, como se fossem tragados pela terra.

Rio de Janeiro: Avenida Presidente Vargas, às 13h30


O sorriso da cachorra


Jornais morrendo


Relacionados:

Papa sugere que "é melhor ser ateu do que católico hipócrita". Ótimo: já pode renunciar ao cargo e ao catolicismo

Luciano Ayan

O Papa Francisco de novo decidiu “soltar regras” para a turma. Vamos que vamos.

Nesta quinta (23) ele sugeriu que é melhor ser ateu do que um dos “muitos” católicos que levam o que disse ser uma vida dupla e hipócrita. Ele afirmou: “é um escândalo dizer uma coisa e fazer outra. Isto é uma vida dupla”.

Bem, eu sou ateu e já digo: não estaria satisfeito de ver o Papa Francisco largando seu catolicismo para virar ateu. Ele iria nos envergonhar. Ei, católicos, quando vocês vão se unir para chutá-lo do Vaticano?

Por defender tanto o socialismo e o globalismo, o Papa já passou da hora de ser excomungado. Mas não vire ateu não. Eu sugiro para ele se converter ao islamismo. Combina com ele.
Título, Imagem e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 24-2-2017

Setor de imprensa teve dura queda nas vendas em 2016, e sabemos os motivos

Roger Roberto


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o segmento Livros, Jornais, Revistas e Papelarias foi o que sofreu mais queda na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC).

Em parte, sabemos, a própria internet e as mídias alternativas já causam esse impacto. Tem sido cada vez mais raro pessoas comprarem revistas, jornais e conteúdo impresso de forma geral, e isso porque a facilidade de se ter um gadget para leitura, ou de se usar o smartphone, realmente substitui para muitos a necessidade que se tinha antes de ler material físico.

No entanto, há também outra razão para que 2016 tenha sido o ano de maior queda no setor: as fake news. A grande mídia passou o ano passado inteiro mentindo de forma escancarada para as pessoas, e não só no Brasil. As matérias na época em que os britânicos discutiam o Brexit, ou mesmo a própria cobertura do plebiscito em si, foram tão extremamente mentirosas que causaram irritação em muitos. Tenho um amigo que mora na Inglaterra há alguns anos e ele me informava, na época, a quantidade de mentiras que chegavam até aqui através da imprensa. Foi algo simplesmente ridículo!

SICK: NBC News Uses Kids As Pawns to Attack Trump

Chris Menahan


A sickening ploy from NBC News using children as pawns to demonize Trump is now epically backfiring.

Two videos NBC News released earlier this week show a bunch of little kids who appear to be reading off scripts telling Trump “you make me feel small” and “I’m afraid that you’re going to hurt some of us blacks.”

From Breitbart:
NBC News released two videos on their website of children delivering personal messages to President Trump, with many of their statements criticizing the president a month into his presidency.

The video series, “Dear Mr. President: Letters from the American Children,” opens with a young boy excited about the prospect of a political outsider bridging the disconnect between the Washington establishment and the American people, but things go downhill from there.


When you speak on things that make me feel uncomfortable, or I disagree with, you make me feel small because I know I can’t change it,” one girl remarks.

Nos EUA, conservador declara guerra à imprensa e oferece US$ 10 mil por podres do jornalismo

Implicante


James O’Keefe é mais um ativista conservador a fazer barulho nos Estados Unidos. Contudo, não é considerado polêmico somente por isso, mas por assumir como missão desmascarar organizações corruptas de dentro para fora. Ou seja… Flagrando internamente os malfeitos e os expondo em seus projetos.

O mais famoso deles é o Veritas, criado para “investigar e expor a corrupção, a desonestidade, o desperdício, a fraude e qualquer má conduta“. E o seu mais recente alvo eleva a polêmica a enésima potência: a imprensa, aquela que vem metendo um carimbo de “fake news” em qualquer veículo alternativo.

Porque O’Keefe está oferecendo 10 mil dólares a qualquer pessoa que esteja disposta a entregar-lhe material comprometedor contra o trabalho da imprensa americana.
E os ataques já começaram com o vazamento de 100 horas de áudios de bastidores da CNN.


O Implicante vai pegar a pipoca. O cão que fuma também.
Título, Imagem e Texto: Implicante, 23-2-2017

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Nós e os algoritmos

Maria Lucia Victor Barbosa


Na sua magistral obra, Homo Deus, Yuval Noah Harari trata de temas extremamente complexos e instigantes de forma compreensível ao senso comum. Entre outros assuntos ele mostra com clareza o que é um algoritmo, termo que vai entrando na moda, mas que é pouco entendido pela maioria:

“Um algoritmo é um conjunto metódico de passos que pode ser usado para realização de cálculos, na resolução de problemas e na tomada de decisões”. Como exemplo simples de algoritmo ele dá uma receita de sopa em que os “passos metódicos” são os ingredientes usados para fazer o alimento.

Acrescenta o autor do best-seller que já vendeu mais de dois milhões no mundo, “que os algoritmos que controlam os humanos funcionam mediante sensações, emoções e desejos”, justamente o ponto que desejo abordar nesse pequeno e modesto texto. Isto porquê, se a tecnologia é algo extraordinário, dependendo do uso que se faz dela pode ser usada não para o bem e sim para o mal como tudo que é humano.

Um dos usos perigosos é o aperfeiçoamento da manipulação, que sempre existiu, mas que agora é elaborada por técnicas cada vez mais avançadas. Sem perceber a maioria obedece aos interesses de governos, de partidos políticos, da mídia, do marketing, do mercado, da opinião pública, de outras entidades ou grupos. Isso se faz através de passos metódicos baseados em algoritmos que manipulam sensações, emoções e desejos.

Debates do 'Escola sem Partido' mostram shows de Filipe Barros, Marco Feliciano e Miguel Nagib

Roger Roberto


Achei positivamente surpreendentes as atuações de muitos porta-vozes da direita nos debates referentes ao projeto Escola Sem Partido. Aliás, não só foram boas surpresas, mas em alguns casos pode-se dizer até que foi um verdadeiro show. O deputado Marco Feliciano, por exemplo, deixou Camila Lannes em pedaços na Comissão Especial sobre o projeto. Coloco o vídeo abaixo para apreciação:


Aqui nós tivemos um verdadeiro espetáculo de atuação. Feliciano agiu com um tom levemente bem-humorado, mas fez as provocações necessárias, especialmente quando disse que havia erros de português no site da UBES. Ele também foi extremamente eficiente ao questionar se Camila representa todos os milhões de estudantes que a entidade diz representar, e ao apontar o fato de que ela usava uma camisa com os dizeres “Fora, Temer”, mostrando seu partidarismo e o de sua instituição.

Só a humilhação em si já tem seu valor, dado que as pessoas riram quando ele afirmou haver erros no site da UBER porque foi engraçado. É, aliás, hilário para uma entidade que diz representar os estudantes do Brasil inteiro. Feliciano apontou o dedo, mostrou a hipocrisia da adversária e a deixou em uma saia justa. Foi realmente muito bom!

[Para que servem as borboletas?] O melhor dos mundos...

Valdemar Habitzreuter

Estamos vivendo num mundo conturbado, cheio de violências, guerras e outras misérias sem conta que envolvem diretamente o ser humano como protagonista, e sem contar os desastres naturais: terremotos, tsunamis, enchentes, tornados, ceifando milhares de vidas. Este mundo se afigura como um verdadeiro “vale de lágrimas”. Mas, um talentoso matemático e filósofo do século XVII alardeou com fé e convicção que este mundo é o melhor dos mundos possíveis que Deus fez.

Na teodiceia (“Ensaios de teodiceia sobre a bondade de Deus, a liberdade do homem e a origem do mal”) Leibniz desenvolve a teoria de que Deus criou o melhor dos mundos possíveis. Mesmo que estejamos cercados de todo tipo de males: metafísicos (a imperfeição dos seres finitos), físicos (os sofrimentos), morais (o pecado), mesmo assim este é o melhor dos mundos.

Como pode ser isso? Se existe o mal neste mundo não deve ser o melhor dos mundos. Se Deus é onipotente e infinitamente bom por que teria admitido o mal no mundo? Eis o problema.

Se ele é onipotente poderia ter criado o mundo sem que houvesse mal algum, e se o mal se infiltrou no mundo então sua vontade foi contrariada. Será que Ele não é o todo poderoso? Além do mais, se Ele é a bondade infinita não se entende por que existe o mal, já que Ele só quer o bem. Como sair dessa?

Leibniz afirma que a vontade de Deus não foi contrariada de jeito algum ao criar o mundo e, portanto, Ele é onipotente, e muito menos que Ele não seja a bondade infinita; a vontade divina pode tudo, mas Deus submete sua vontade a regras de seu entendimento (razão) do que é bom, justo e perfeito, sem prejuízo de sua onipotência e bondade infinita. Deus entende que este mundo com todos os seus males é o melhor dos mundos que criou. Se Ele tivesse criado o mundo sem o mal não seria o melhor dos mundos, segundo seu entendimento.

[Aparecido rasga o verbo] Coice de mula

Aparecido Raimundo de Souza

1
O GAROTO CHEGA NA SALA, SE VIRA PARA O PAI QUE ESTÁ COM OS OLHOS grudados na televisão assistindo à decisão do campeonato de seu time preferido. Sem se importar com a impaciência do torcedor inveterado, – que parece à beira de um ataque de nervos –, o inocente manda a pergunta:
- Pai, ô pai, por que o pato não fica molhado quando nada?

Para se livrar do filho pentelho o homem responde ligeiro com a primeira ideia descabida que lhe acode à cabeça:
- Porque usa toalha.

Mas o moleque quer mais. Insiste:
- Iguais às que mamãe põe no banheiro quando o senhor entra para tomar banho?
- Sim. Agora vá brincar lá fora, filho. Cadê seus coleguinhas, o Ricardo e o Amauri?

2
O pirralho não atenta para esse fato de ir lá fora brincar com os amiguinhos. Na verdade, parece insatisfeito. De fato, esta:
 - Pai, ô pai, elas são de algodão ou de linho?
- O quê?  Cai fora, imbecil, dá um tempo!...
- Eu só queria saber se elas são de algodão ou de linho para falar para os meus amigos...
- Tá bom, porcaria. São de algodão.
- É por isso, então que todos os patos são brancos? Por que são de algodão?
- Os patos não são de algodão.
- O senhor acabou de falar...
- Eu me referia às toalhas... não aos bichos em si.

O menino fica um tempo pensativo e logo a seguir volta à carga. Desembucha:
- Pai, ô pai, o pato é um bicho ou uma ave?
- O quê? Quem é bicho?!
- Perguntei se o pato...
- Depois, filho. Vá brincar. Deixa o jogo acabar. Tá quase no final do segundo tempo...
-  Mas eu...
- Tá. É ave.



Parabéns, Roberto Freire!

Idacil Amarilho

Quero deixar aqui registrado todo o meu apoio ao Ministro da Cultura, Roberto Freire, que foi vaiado pelos intolerantes da claque stalinista durante a entrega do prêmio Camões de Literatura, ao militante Raduan Nassar, autor do Lavoura Arcaica (significativo esse título).

Lembrando que Roberto Freire sempre foi um político combativo e que tem uma longa trajetória política, tendo sido deputado estadual, deputado federal e senador, que ousou sair das trevas do socialismo, embora ainda seja um esquerdista. Aliás, dos raros esquerdistas que respeito neste país.

O nosso Ministro, de forma altiva, demonstrou acima de tudo ser um democrata, ao responder às mentiras do Raduan Nassar, que se pautou pela falta de educação, ética e educação, ao fazer um discursinho, muito bem ensaiado, contra o Governo Temer, um governo legal, na sala de visitas em que foi recebido, se portando assim como se estivesse num diretório acadêmico estudantil.

Pior, foi aplaudido por aqueles que foram responsáveis pela mais tenebrosa noite que se abateu sobre o Brasil por longos treze anos.

Insisto, faltou vergonha na cara ao Raduan, que se tivesse um pingo de dignidade, devolveria, pelo menos, a metade brasileira dos 100 mil euros recebidos de prêmio.

Para finalizar, quero mais uma vez parabenizar o Ministro Roberto Freire pelo seu destemor ao defender o Brasil.
Título e Texto: Idacil Amarilho, 23-2-2017

O ministro da Cultura, Roberto Freire, discursa durante cerimônia de entrega do Prêmio Camões ao escritor Raduan Nassar (centro). O escritor Raduan Nassar fez um discurso explosivo e antigoverno ao receber a premiação. O ministro reagiu a gritos de 'Fora Temer' vindos do público e discutiu com pessoas que se manifestaram. Foto: Marcos Alves/Agência O Globo

[Aparecido rasga o verbo] Os velhos ossos das bandeiras dos piratas

Aparecido Raimundo de Souza

É imperativo lembrar e repetir sempre a notícia do triste episódio que, recentemente, vitimou o País, em termos de corrupção nos altos escalões do nosso Parlamento. Nosso, é bom deixarmos claro, desde agora, no sentido figurado, de mentirinha. Na verdade, o Parlamento sempre foi e continuará sendo deles.

A recordação desse escândalo e de outras barbáries perdidas no pó do tempo se torna necessária, pois, segundo é corriqueiro dizer, “o povo tem memória curta”. Aliás, curtíssima.

Vamos dar um mergulho no passado. Voltar ao ano de 1995. Sete de fevereiro – o estuário da consagração do maior dos crimes praticados pelo Congresso Nacional em toda a sua existência.

Naquela data, estava à frente do comando do Grande Avião Brasília, o circunspecto Fernando Henrique Cardoso. Possuído de íntima amargura, amedrontado com a perspectiva de o Senado e a Câmara exercerem represálias contra o seu programa de reformas estruturais (kikiki...) sancionou a golpes de caixa, a lei de anistia, decretando, a impunidade daqueles que se apropriavam (e até hoje se apropriam), na cara dura, perdão, indevidamente, do dinheiro público, em obséquio de seus interesses pessoais.

Os nossos presumidos e dignos representantes (na verdade vagabundos e bandidos) da recém-encerrada legislatura, surrupiaram, com a esperteza do corporativismo e com a velocidade da semifusa, a lapidar, a saneadora sentença do Excelso Precatório (não, senhoras e senhores, Pretório, Excelso Pretório) que castigava os intocáveis corsários do Tesouro.


Desgraçadamente, eles (homenageadas as deficitárias exceções), dilaceraram o vínculo de seriedade a que estavam obrigados perante os eleitores, de envolta com a quebra do juramento constitucional. O juramento que fosse para a casa do Carvalho, em falta de espelunca mais apropriada.

A desonestidade do Procurador-Geral da República

Moiani Matondo

"Paulo Blanco, advogado do vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, passaria informações sobre inquéritos que visavam o ex-presidente da Sonangol e estavam em segredo de justiça ao Procurador-Geral da República de Angola, João Maria de Sousa [foto]."


Assim, começa uma notícia do jornal português Público de 18 de fevereiro de 2017.

A informação baseia-se na leitura da Acusação proferida pelo Ministério Público português, que imputa a Manuel Vicente, vice-presidente de Angola, os crimes de corrupção activa, branqueamento de capitais e falsificação de documentos. No mesmo processo são também acusados: o advogado de Manuel Vicente, Paulo Blanco; o procurador da República português Orlando Figueira, e ainda o representante de Manuel Vicente em Lisboa, Armando Pires.

O advogado de Manuel Vicente, Paulo Blanco, além de outros crimes, é acusado de um crime de violação de segredo de justiça, por ter enviado dois e-mails e uma carta ao Procurador-Geral da República de Angola (PGR), o general João Maria de Sousa.

Esta violação de segredo de justiça reporta-se aos processos judiciais criminais que no passado existiam em Portugal contra Manuel Vicente, e nos quais Blanco era advogado. Estes processos foram arquivados, afirma agora o Ministério Público português, devido ao facto de Manuel Vicente ter corrompido o procurador português.

Num primeiro e-mail para o general João Maria de Sousa, Paulo Blanco refere que, em reunião com Orlando Figueira, então procurador no DCIAP [Departamento Central de Investigação e Acção Penal], lhe fora garantido por este que «os documentos comprovativos de rendimentos profissionais e/ou prémios de gestão de cidadãos angolanos visados no âmbito desse inquérito não ficariam acessíveis a qualquer consulta pública». Isto queria dizer que Manuel Vicente poderia juntar documentos comprovativos dos seus rendimentos, já que seguramente ninguém os consultaria. Nessa sequência, Vicente juntou os documentos que levaram ao arquivamento do processo existente.

Sweden: Hate Speech Just for Imams

Judith Bergman

§  In Sweden, comments that object to sexual violence against women in the Quran are prosecuted, but calling homosexuality a "virus" is fine.
§  Antisemitism has become so socially acceptable in Sweden that anti-Semites can get away with anything, and no one even notices, as Nima Gholam Ali Pour reports.
§  One of Sweden's main news outlets, in fact, described anti-Semitism as simply a different opinion. Clearly, in the eyes of Swedish authorities, neither homosexuals nor Jews count for much.
§  Swedish authorities also give large sums of money to organizations that advocate violence and invite hate preachers who support terrorist organizations such as ISIS. One of the speakers SFM hired was Michael Skråmo, who has publicly called on his fellow Muslims to join ISIS and has appeared in propaganda videos, posing with assault rifles alongside his small children.

Are some individuals receiving preferential treatment under Sweden's "hate speech" laws? It seems that way.

Under the Swedish Penal Code, a person can be held responsible for incitement if a statement or representation made "threatens or disrespects an ethnic group or other such group of persons with regards to race, color, national or ethnic origin, religious belief or sexual orientation".

In 2015, the imam at Halmstad mosque, Abu Muadh, said that homosexuality was a "virus" from which parents were obliged to protect their children.

The Swedish Federation for Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender and Queer Rights (RFSL) filed a legal complaint in October 2015. "[M]any people are listening [to the imam] and there is a risk that the opinions and other expressions of homophobia will spread among believers, as they attach great importance to their representatives' words", said Ulrika Westerlund, chairman of RFSL.

The Swedish legal establishment however, seemed entirely unconcerned; the imam was not prosecuted.

Michael Skråmo, a Swedish convert and ISIS jihadist, brought his family to Syria. He has also urged Muslims in Sweden to bomb their workplaces.



Relacionados:

[Aparecido rasga o verbo] Roletrando

Aparecido Raimundo de Souza

O PASSAGEIRO CHEGA PARA PAGAR A TARIFA ao trocador estendendo as mãos cheias de moedinhas.
- Posso ficar lhe devendo cinco centavos? - pergunta com sua costumada gentileza.
- Não! - A passagem é um real e cinquenta e cinco centavos -, assevera o cobrador, com ares pouco cavalheirescos. - Se não tem a grana completa, desce...
- Eu sei moço. Quebra essa... ou terá que trocar cinquenta reais.
- Prefiro. Se deixar o senhor ir em frente – junta o exemplo à explicação -, terei que tirar do meu bolso na hora de prestar contas. A empresa não perdoa.
- Cinco centavos...?
- De cinco em cinco...

Diante da intransigência do cobrador o passageiro mete as moedas de volta numa niqueleira. Em seguida puxa do bolso a nota de cinquenta reais.
- Se é assim, fazer o quê?
- Espere um pouco...
- Vou saltar logo.
- Onde?
- Vila Alegria.
- Tá longe. Daqui até lá, bem uns vinte pontos. Espere aqui do lado para não atravancar os demais.
O passageiro senta naquele banco destinado às grávidas e aos idosos e fica à espreita. Em cada parada, ao longo do caminho, sobe uma nova leva de gente. Algumas exibem notas grandes, iguais à dele, outras trazem cartões magnéticos e passes pré-pagos.
Vinte minutos depois volta a cutucar o funcionário.
- Conseguiu?
- Calma, cavalheiro.
- Meu ponto está chegando...

À medida que o pessoal cruza a catraca, o trocador junta o dinheiro para devolver o troco.
- Aqui...
Antes de seguir adiante o passageiro resolve conferir as notas e as moedas recebidas. Percebe uma pequena falta. Protesta:
- Amigo, dei cinquenta reais...
- E eu lhe devolvi o troco.
- A passagem não é um real e cinquenta e cinco?
- É o que diz a plaqueta logo aqui atrás de mim.
- Desculpe. A grana está errada.
- Como assim?
- O amigo terá que me devolver quarenta e oito reais e quarenta e cinco centavos.
- E quanto lhe passei?
- Quarenta e oito reais e quarenta centavos. Faltam cinco centavos.
- Estou sem moedinhas nesse valor.
- Perdão. Exijo o troco correto.
- Parceiro, entenda, não tenho cinco centavos. Será que essa enorme quantia vai lhe fazer falta? Pelo amor de Deus!...

Deus, o fiador da razão em Descartes


Vitor Grando

O contexto em que Descartes escreve é um contexto onde se vivia uma revolução nas estruturas fundamentais do conhecimento e de crenças fulcrais da época, em especial na chamada Revolução Copernicana, que alterou profundamente a compreensão na cosmologia que vigia desde Aristóteles. Na concepção do filósofo grego, a terra seria o centro da galáxia e as demais órbitas celestes girariam em torno dela. Copérnico propõe que não a terra, mas sim o sol seria o centro da galáxia em torno do qual os corpos celestes – incluindo a terra – girariam. No entanto, à sua época ele não possuía suficientes evidências para sustentar sua teoria até que Galileu viria corroborá-lo quase um século depois. É nesse contexto de profundas mudanças em crenças tão fundamentais que escreve Descartes. A questão que ele enfrenta, portanto, é como garantir a verdade das nossas crenças dada tão ostensiva presença de equívocos naquilo que eventualmente tomamos por certo.

Assim como todo grande filósofo, Descartes também vem sendo interpretado à luz das preferências filosóficas de cada época. A influência crescente do naturalismo metafísico talvez tenha obnubilado um aspecto fundamental do projeto filosófico cartesiano. Ao refletir sobre o fundamental da filosofia cartesiana, o estudante que tenha aprendido sobre o “pai da filosofia moderna” num curso introdutório, certamente apontará a epistemologia como esse aspecto central da filosofia cartesiana. Isto é, Descartes busca responder às perguntas sobre a possibilidade do conhecimento, sua justificação, a existência do mundo externo. Mais recentemente, a imagem de Descartes como cientista vem se tornando mais popular. Os problemas sobre ilusões, sonhos, o gênio maligno, são vistos como questões preliminares de um sistema científico [1].

Mas talvez os leitores neófitos de Descartes se surpreenderiam ao ler as Meditações ou o seu Discurso e encontrar ali algo completamente estranho à maior parte dos projetos filosóficos contemporâneos à exceção da produção especializada especificamente em filosofia da religião. A solução cartesiana à questão epistemológica envolve um apelo direto a Deus como fiador das nossas faculdades cognitivas. A reflexão sobre Deus e sua natureza, assim, ocupa o próprio cerne de todo seu sistema filosófico – sem Deus, não há conhecimento. Ademais, e o que soaria deveras estranho aos ouvidos contemporâneos, ele recorre a uma citação quase direta do apóstolo Paulo em sua epístola aos Colossenses (vs. 2.3): “E já me parece que descubro um caminho que nos conduzirá desta contemplação do verdadeiro Deus (no qual todos os tesouros da ciência e da sabedoria estão encerrados) ao conhecimento das outras coisas do universo.”[2] Descartes cita a Vulgata (o texto latino padrão da Bíblia) com uma sutil alteração de scientiae (conhecimento) para o plural scientiarum (ciências). Portanto, se para Paulo, Deus (em Cristo) é a misteriosa fonte de toda sabedoria; para Descartes, o conhecimento de Deus abre o caminho para “as ciências” – o verdadeiro conhecimento científico. [3]

Há quem desconfie da sinceridade de Descartes nos seus apelos a Deus como fundamento da segurança epistêmica. Na sua própria época, ele já fora acusado de dissimular seu secularismo latente escondendo-o sob uma aparência de piedade cristã em razão da recente condenação de Galileu Galilei. Jacques Maritain é de opinião que Descartes era um católico sincero, Karl Jaspers vê o catolicismo de Descartes como fundamental ao sentido de toda a sua filosofia[4]. O que quer que se pense acerca da sinceridade de Descartes, o que importa é que Deus – existindo ou não – é, de fato, elemento central ao seu sistema. Se ele mesmo acreditava no que diz, é tarefa que podemos deixar à curiosidade dos psicólogos.