Aparecido Raimundo de Souza
Essas redes de beira de estrada que encontramos às margens
das principais BRs que cortam e interligam as capitais, com nomes pomposos em
excessivos letreiros inflamados de neons chamativos, onde os ônibus
interestaduais param para que as pessoas desçam, estiquem um pouco os cambitos
e comam ou bebam alguma coisa, utilizam um sistema único de ficha eletrônica
(SUFE), onde, na entrada, simpáticas mocinhas com sorrisos de putas baratas
oferecem, a cada um dos passageiros, uma ficha com a qual, as pessoas correm
por toda a extensão dos estabelecimentos, desembocando, no final da caminhada,
numa espécie de funil que, por sua vez, como uma foz de rio, desagua nos
caixas, onde são somados os gastos das despesas efetuadas.
Até aí a coisa é normal. Esses empresários têm mais é que
facilitar a vida de quem viaja e utiliza esses serviços rodoviários que, por
sinal, são verdadeiros embusteiros, onde os “ladrões de bolsos” agem em
surdina, cobrando por um simples cafezinho três reais e cinquenta, e, por um
pão com manteiga quatro reais e vinte e cinco centavos.
Na verdade, um ataque violento nas carteiras e bolsas desses
infelizes que se veem com vontade de despistar as lombrigas. Ao entrarem nesses
cognominados “pontos de apoio”, os incautos, sem se aperceberem, são pegos de
surpresa, pelos larápios que roubam sem usar a força de uma arma de fogo.
Esses espertalhões, em nosso entender, são tão ou mais
bandidos, piores que os facínoras que matam e estupram nas grandes cidades. Ou
para espalhar a bosta em âmbito maior, como os Poderosos do Epicentro Brasília,
que, por sua vez, também são bandoleiros e vivem disfarçados de deputados,
senadores, governadores, e outros “ores”, tudo com o intuito de meterem as mãos
em nossos ricos e suados caraminguados.
Dias atrás, na Via Dutra (para quem não sabe, rodovia que
liga o Rio de Janeiro a São Paulo), presenciamos uma cena insolente e atrevida,
bastante desagradável, por sinal. Um casalzinho de idosos passou por um afronto
inconcebível na saída de um desses pardieiros.
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Foto: Rodrigo Madaschi |
Eles entraram, receberam a tal ficha, mas, por descuido, o
sessentão a esqueceu em algum lugar. Aproveitando-se disso, um filho da puta
qualquer, vestido de anônimo, certamente se beneficiou, comendo e bebendo,
tendo o cuidado, claro, de esconder a sua própria ficha, e, na hora de passar
pelos caixas, apresentou a que estava em branco, justamente a do velhinho que
se encontrava sem nada marcado, o que o levou, evidentemente, a deixar o local
sem desembolsar um tostão. Conclusão: os anciões foram obrigados a pagar cento
e cinquenta reais (isso mesmo, senhoras e senhores, cento e cinquenta reais)
pela bendita ficha de acrílico, esquecida, sabe-se lá, em que lugar.
A senhorinha voltou para o ônibus chorando, levando, pelo
braço, seu companheiro cabisbaixo choroso e humilhado. Fora avisada, ou melhor,
ameaçada: se não pagasse pela ficha perdida acabaria na delegacia de polícia
mais próxima.
Para quem não sabe, ou nunca viu, vamos reproduzir o que vem
escrito nessas “pegadoras de trouxas”.
“UTILIZEM ESTA FICHA PARA SEUS PEDIDOS EM CADA SETOR;
APÓS FINALIZAR SUAS COMPRAS ENTREGUE-A AO CAIXA PARA A SOMA
TOTAL DE SUAS DESPESAS;
MESMO QUE NÃO A TENHA UTILIZADO, DEVOLVA NA SAIDA;
EM CASO DE EXTRAVIO OU DANOS, SERÁ COBRADA UMA TAXA FIXADA
NO CAIXA”.
Alguns empresários desses segmentos, até pouco tempo atrás,
fixavam um valor. Outros, evidentemente para evitarem problemas com as
autoridades responsáveis, Kikiki... passaram a mencionar, apenas, a “taxa” que
seria fixada no caixa, não especificando, todavia, valores.
Algumas perguntas não querem calar: a cobrança dessa taxa é
correta? Se existe alguma “coisa” realmente a ser suportada pelo consumidor não
deveria existir um aviso CHAMATIVO, como um elefante dentro de uma bacia de
água, ou um cartaz AFIXADO NAS PAREDES, UM LEMBRETE MAIS AMPLO E À VISTA DE
TODOS, para que os usuários, desde o instante em que recebessem a ficha
tivessem ciência de que, se a perdessem seria cobrado um valor a título de
sanção pela perda do respectivo objeto? Repetindo, senhoras e senhores, a taxa
é ilegal, porém, se houvesse um aviso mais satisfatório...
Em linha paralela, cadê a porra do Código de Defesa do
Consumidor? Ou em outras palavras. Onde está o PROCON? Nos quintos do inferno,
com certeza!
“EM CASO DE EXTRAVIO OU DANOS SERÁ COBRADA UMA TAXA FIXADA
NO CAIXA”. Em que artigo este absurdo
pode ser encontrado dentro do Código de Defesa? Qual seria o “dano”? Acaso
estragar a ficha, enfiando a dita cuja no rabo de uma daquelas vagabundinhas
que transitam para lá e para cá e sequer perguntam se estamos satisfeitos com
os serviços prestados??!!
Vamos nós mesmos às respostas, já que não temos nenhum
cidadão de peito, de brio e vergonha na fuça - que se candidate a vir a público
e mostrar que não tem medo de represálias - e, no mesmo norte, exigir que se
cumpra a lei.
A taxa, segundo essa merda de Código de Defesa do Consumidor
é ilegal. Deveria haver – se legítima fosse –, ao menos um aviso ao usuário, em
caso de perda ou esquecimento. Todavia, para algumas pessoas, o CDC (Código de
Defesa dos Canalhas), nada mais é que um feixe de normas insculpidas para
beneficiar, favorecer, propiciar a ricos e poderosos. Duvidamos que esses
senhores oportunistas e larápios venham a sofrer algum tipo de penalidade.
Igual São Tomé, meus amados leitores, só acreditamos naquilo que vemos.
Quanto ao PROCON – este órgão foi criado para beneficiar os
manda chuvas. Nasceu para tornar legal o ilegal, o desonesto, o errado, ou
seja, o PROCON tem como finalidade única varrer para baixo dos tapetes as
sujeiras, as imundícies e as porcarias de seus asseclas, sectários e
apaniguados. Não vemos, não vislumbramos, nem entendemos de outro modo o
descaso, a falta de respeito e hombridade ao chamado CONSUMIDOR.
Um país onde para tudo se paga impostos, com os mais
variados nomes (emolumentos, custas, despesas, tributos e tarifas, entre
outros), cenas como a que presenciamos dos velhinhos, continuarão a acontecer
por aí afora, indefinidamente, sem que ninguém faça nada ou tome alguma providência.
Por derradeiro, deixamos no ar a seguinte indagação: onde
estão os nossos queridos e amados políticos que não propõem uma lei severa para
punir com rigor, com severidade, esses vigaristas que agem pelos quatro cantos
do país a seu bel prazer e as margens da lei?
O quadro sistêmico que vemos de canto a canto, nos leva a
deduzir com grande pesar - somos um enorme e infindável bando de marionetes. Os
grandalhões, os empresários, meus caros e amados, de fato nos manipulam como
querem e desejam. O resto, o resto que vá para a casa do caralho.
AVISO AOS NAVEGANTES:
PARA LER
E PENSAR, SE O FACEBOOK, CÃO QUE FUMA OU OUTRO SITE QUE REPUBLICA MEUS
TEXTOS, POR QUALQUER MOTIVO QUE SEJA VIEREM A SER RETIRADOS DO AR, OU OS MEUS
ESCRITOS APAGADOS E CENSURADOS PELAS REDES SOCIAIS, O PRESENTE ARTIGO SERÁ
PANFLETADO E DISTRIBUÍDO NAS SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUÍ-LO EM MEU PRÓXIMO LIVRO
“LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
Título
e Texto: Aparecido Raimundo de Souza,
jornalista, de Campos dos Goytacazes, norte do Estado do Rio de Janeiro RJ,
17-2-2017
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