domingo, 12 de fevereiro de 2017

[Aparecido rasga o verbo] O falso observador de elefantes

Aparecido Raimundo de Souza

Atualmente, quando são citadas as principais causas da dissolução social, da delinquência irrefreável, das doenças mentais, enfim, de tudo o que concorre para a morte prematura e a desgraça do homem, o alcoolismo lidera pontificando como mestre e senhor.

Desde tempos imemoriais, a bebida sempre acompanhou a humanidade em suas maiores misérias e calamidades, quer seja como causadora direta quer seja como falso e o pérfido lenitivo.

Apátrida e com os mais diversificados nomes, se esconde e se escuda dentro dos mais sofisticados frascos e garrafas (o que lhes confere aparências elegantes), porém sempre fraudadas e enganosas e por que não dizer, perniciosas.

Para melhor ilustrarmos esta assertiva, trazemos a opinião do doutor Alexander Briech, magistrado russo (de passagem pelas escolas de algumas das principais cidades do Estado do Espírito Santo, a convite do secretário de cultura local, o escritor Francisco Grijó), que considera o alcoolismo como o pior flagelo e a mais degradante miséria existente na face da terra. Uma praga, ou pior, uma maldição que atualmente assola a juventude de seu país, não só do seu, de todo o mundo.

Alto, distinto, sisudo, de palavreado calmo, bastante calmo, Alexander Sergelvic Briech, é, hoje, aos 55 anos, um dos conselheiros da Corte de Apelação da cidadezinha de Kuban, uma região da Rússia em torno do rio Kuban, no Mar Negro, ou mais precisamente entre o delta do Volga e o Cáucaso.

Kuban por sua vez, engloba o Krai (que se traduz por província, região ou território) de Krasnodar, se estendendo da Adiguésia a Carachai-Circácia, pegando também boa parte do Krai de Stavropol.
 
Nascido em Leningrado, o juiz Alexander se deslocou para a Ásia Central durante a guerra, se formando em Tashkent. Iniciou a sua carreira na magistratura em Khabarovsk, no Extremo Oriente.

Vive hoje em Krasnodar, com a esposa Júlia, 29 anos, que, depois de haver trabalhado como atriz, se diplomou por correspondência, dirigindo atualmente um escritório jurídico para suporte a estabelecimentos imobiliários.

Tem um casal de filhos estudando: Érika e Patric. A vida dos Bliench é abastadamente fornida e confortável. Alexander aumenta seu ordenado escrevendo crônicas diárias para o “Izvestia” e todas as publicações assinadas são de caráter meramente jurídico.

Possui um apartamento elegante em forma de cooperativa (tipo Sistema Financeiro de habitação) e uma fazendinha no campo, fazendo uso gratuito de um automóvel da Corte.

Sua ocupação é em grande parte, dedicada a questões cíveis, tais como separações, divórcios, heranças, alimentos, busca e apreensão de crianças, pendências entre Kolkhoz (habitações rurais) e entidades governamentais.

Atua também no campo do Direito Penal, onde desempenha funções bastante ativas e intensas. Por razões de serviço, viaja constantemente pela região e julga seus compatriotas mais com olhos de sociólogo do que de magistrado.

Num dado momento da conversa, o juiz se abre a guisa de explicação (*):

“A ameaça maior”, é constituída hoje, pelo aumento dos transexuais e seus diversos segmentos, como também de moças de vida fácil (garotas de programa), associados com o consumo libertino, desenfreado e excessivo de bebidas alcóolicas”.

E continua firme, em seus propósitos:

“Estamos fazendo de tudo para combater essa epidemia: penas severas, conselhos pelas emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas, cinemas com chances de novas brechas englobadas a outras formas de envolvimentos e alcances. O objetivo primordial de toda essa logística é que os produtos “meios e fins” possam servir de exemplos a um número cada vez maior de pessoas”.

Esclarece ainda:

“Contudo, de minha parte, creio que para obter a colaboração de todos os cidadãos, as melhores armas são as punições coletivas, como a suspensão de abonos e férias nos estabelecimentos onde o alcoolismo é mais leviano, ou se apresenta mais devasso, portanto, mais desarraigado e difundido”.

Pois bem. Quanto a outros fatores, o meu amigo juiz não é tão pessimista. Pelo menos em seu setor, os delitos permanecem estacionários, havendo até uma certa e controlada diminuição daqueles contra a moral (isso devido a progressiva eliminação das habitações coletivas) e aqueles outros relacionamentos com o contrabando e a sabotagem econômica (aumento de produtos destinados à proliferação do sexo promíscuo no mercado)”.

Em outras palavras, nos segredou que é favorável à pena de morte, que ele, inclusive, anos atrás, proferiu várias sentenças mandando os fora da lei para os corredores sombrios, onde no final essas criaturas davam de cara com as cadeiras elétricas e as câmaras de gás.

E lembra, com um sorriso meio amarelo:

“A última vez aconteceu em agosto de 1972, ou há mais de vinte anos: um caçador completamente embriagado que havia assassinado um guarda-caça de dezoito anos e uma estudante, sua namorada. Antes de abatê-los, o homicida obrigou a vítima (na época a jovem contava quinze anos) a fazer sexo anal e oral com o rapaz, bem ali na sua frente, enquanto se masturbava.”

Faz uma pequena parada para se servir de um copo de água numa mesa à sua frente:

“Em seguida, o transgressor cortou o pênis do infeliz com uma faca e obrigou a moça a comer o órgão amputado, enquanto o rapaz se esvaia em sangue e gritava de dor. Depois, para pôr fim ao suplício, deu-lhes dois tiros à altura do coração”.

Pelo que expusemos neste texto, podemos concluir senhoras e senhores que a epidemicidade e o flagelo alcóolico não respeitam fronteiras, regimes sociais, credos religiosos, etc., atingindo e mutilando sociedades inteiras.

O que nos leva, de pronto, a concordar que leis amenas e condescendentes não corrigem falhas dessa envergadura, seja aqui ou em qualquer outra parte do planeta.  Somente com maior rigidez e espírito de disciplina é que poderemos, senão exterminar, pelo menos colocar o problema em uma escala que não permita ameaçar as estruturas familiares, e, consequentemente, da própria organização social, que, aliás, caminha a largos passos como o Brasil e seu bando de vagabundos e larápios da pior espécie, para a destruição total. 

AVISO AOS NAVEGANTES:
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(*) Colaborou nesse encontro, a professora Wilda Canol Liribel, que intermediou a tradução da nossa conversa com o juiz Alexander Bliech, a quem agradecemos penhoradamente. 
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista, de Vila Velha no Espírito Santo, 12-2-2017

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