Aparecido Raimundo de Souza
Atualmente, quando são citadas as principais causas da
dissolução social, da delinquência irrefreável, das doenças mentais, enfim, de
tudo o que concorre para a morte prematura e a desgraça do homem, o alcoolismo
lidera pontificando como mestre e senhor.
Desde tempos imemoriais, a bebida sempre acompanhou a
humanidade em suas maiores misérias e calamidades, quer seja como causadora
direta quer seja como falso e o pérfido lenitivo.
Apátrida e com os mais diversificados nomes, se esconde e se
escuda dentro dos mais sofisticados frascos e garrafas (o que lhes confere
aparências elegantes), porém sempre fraudadas e enganosas e por que não dizer,
perniciosas.
Para melhor ilustrarmos esta assertiva, trazemos a opinião
do doutor Alexander Briech, magistrado russo (de passagem pelas escolas de
algumas das principais cidades do Estado do Espírito Santo, a convite do
secretário de cultura local, o escritor Francisco Grijó), que considera o
alcoolismo como o pior flagelo e a mais degradante miséria existente na face da
terra. Uma praga, ou pior, uma maldição que atualmente assola a juventude de
seu país, não só do seu, de todo o mundo.
Alto, distinto, sisudo, de palavreado calmo, bastante calmo,
Alexander Sergelvic Briech, é, hoje, aos 55 anos, um dos conselheiros da Corte
de Apelação da cidadezinha de Kuban, uma região da Rússia em torno do rio
Kuban, no Mar Negro, ou mais precisamente entre o delta do Volga e o Cáucaso.
Kuban por sua vez, engloba o Krai (que se traduz por
província, região ou território) de Krasnodar, se estendendo da Adiguésia a
Carachai-Circácia, pegando também boa parte do Krai de Stavropol.
Nascido em Leningrado, o juiz Alexander se deslocou para a
Ásia Central durante a guerra, se formando em Tashkent. Iniciou a sua carreira
na magistratura em Khabarovsk, no Extremo Oriente.
Vive hoje em Krasnodar, com a esposa Júlia, 29 anos, que,
depois de haver trabalhado como atriz, se diplomou por correspondência,
dirigindo atualmente um escritório jurídico para suporte a estabelecimentos
imobiliários.
Tem um casal de filhos estudando: Érika e Patric. A vida dos
Bliench é abastadamente fornida e confortável. Alexander aumenta seu ordenado
escrevendo crônicas diárias para o “Izvestia” e todas as publicações assinadas
são de caráter meramente jurídico.
Possui um apartamento elegante em forma de cooperativa (tipo
Sistema Financeiro de habitação) e uma fazendinha no campo, fazendo uso
gratuito de um automóvel da Corte.
Sua ocupação é em grande parte, dedicada a questões cíveis,
tais como separações, divórcios, heranças, alimentos, busca e apreensão de
crianças, pendências entre Kolkhoz (habitações rurais) e entidades
governamentais.
Atua também no campo do Direito Penal, onde desempenha
funções bastante ativas e intensas. Por razões de serviço, viaja constantemente
pela região e julga seus compatriotas mais com olhos de sociólogo do que de
magistrado.
Num dado momento da conversa, o juiz se abre a guisa de
explicação (*):
“A ameaça maior”, é constituída hoje, pelo aumento dos
transexuais e seus diversos segmentos, como também de moças de vida fácil
(garotas de programa), associados com o consumo libertino, desenfreado e
excessivo de bebidas alcóolicas”.
E continua firme, em seus propósitos:
“Estamos fazendo de tudo para combater essa epidemia: penas
severas, conselhos pelas emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas,
cinemas com chances de novas brechas englobadas a outras formas de
envolvimentos e alcances. O objetivo primordial de toda essa logística é que os
produtos “meios e fins” possam servir de exemplos a um número cada vez maior de
pessoas”.
Esclarece ainda:
“Contudo, de minha parte, creio que para obter a colaboração
de todos os cidadãos, as melhores armas são as punições coletivas, como a
suspensão de abonos e férias nos estabelecimentos onde o alcoolismo é mais
leviano, ou se apresenta mais devasso, portanto, mais desarraigado e
difundido”.
Pois bem. Quanto a outros fatores, o meu amigo juiz não é
tão pessimista. Pelo menos em seu setor, os delitos permanecem estacionários,
havendo até uma certa e controlada diminuição daqueles contra a moral (isso
devido a progressiva eliminação das habitações coletivas) e aqueles outros
relacionamentos com o contrabando e a sabotagem econômica (aumento de produtos
destinados à proliferação do sexo promíscuo no mercado)”.
Em outras palavras, nos segredou que é favorável à pena de
morte, que ele, inclusive, anos atrás, proferiu várias sentenças mandando os
fora da lei para os corredores sombrios, onde no final essas criaturas davam de
cara com as cadeiras elétricas e as câmaras de gás.
E lembra, com um sorriso meio amarelo:
“A última vez aconteceu em agosto de 1972, ou há mais de
vinte anos: um caçador completamente embriagado que havia assassinado um
guarda-caça de dezoito anos e uma estudante, sua namorada. Antes de abatê-los,
o homicida obrigou a vítima (na época a jovem contava quinze anos) a fazer sexo
anal e oral com o rapaz, bem ali na sua frente, enquanto se masturbava.”
Faz uma pequena parada para se servir de um copo de água
numa mesa à sua frente:
“Em seguida, o transgressor cortou o pênis do infeliz com
uma faca e obrigou a moça a comer o órgão amputado, enquanto o rapaz se esvaia
em sangue e gritava de dor. Depois, para pôr fim ao suplício, deu-lhes dois
tiros à altura do coração”.
Pelo que expusemos neste texto, podemos concluir senhoras e
senhores que a epidemicidade e o flagelo alcóolico não respeitam fronteiras,
regimes sociais, credos religiosos, etc., atingindo e mutilando sociedades
inteiras.
O que nos leva, de pronto, a concordar que leis amenas e
condescendentes não corrigem falhas dessa envergadura, seja aqui ou em qualquer
outra parte do planeta. Somente com
maior rigidez e espírito de disciplina é que poderemos, senão exterminar, pelo
menos colocar o problema em uma escala que não permita ameaçar as estruturas
familiares, e, consequentemente, da própria organização social, que, aliás,
caminha a largos passos como o Brasil e seu bando de vagabundos e larápios da
pior espécie, para a destruição total.
AVISO AOS
NAVEGANTES:
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ESCRITOS APAGADOS E CENSURADOS PELAS REDES SOCIAIS, O PRESENTE ARTIGO SERÁ
PANFLETADO E DISTRIBUÍDO NAS SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUÍ-LO EM MEU PRÓXIMO LIVRO
“LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
(*) Colaborou nesse encontro,
a professora Wilda Canol Liribel, que intermediou a tradução da nossa conversa
com o juiz Alexander Bliech, a quem agradecemos penhoradamente.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza,
jornalista, de Vila Velha no Espírito Santo, 12-2-2017
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