Aparecido Raimundo de Souza

Um tiroteio entre cegos no escuro vem acontecendo, com balas
voando e se cruzando pra cá e pra lá. A sociedade, sem qualquer dúvida, se pega
de pés amarrados em meio dessa confusão e, em vista disso, é a única violentada
e desprotegida. Não é possível entendermos a insensibilidade dos responsáveis
com esse desgastante problema que se arrasta pior que os desmembramentos
estapafúrdicos da “Operação Lava Gatos, Gatas, e outros bichinhos caseiros de estimação”.
Entre mortos e feridos, mais mortos que feridos, até à
presente data, nenhuma medida concreta e decente foi apresentada por nossas
autoridades governamentais. Na verdade, a impressão que parece estar à vista de
todos, é a de que esses párias não estão nem aí. Talvez seja por essa razão que
a EDUCAÇÃO dos brasileiros seja tão vazia e depravada.
Com isso, senhoras e senhores, a questão se agrava e o circo
continua pegando fogo. Idealizado num primeiro momento, para atender às classes
nobres, conhecida entre os pobres e famintos como a alta “burguesia”, o ensino
privado, aos poucos, veio a ser utilizado como uma alternativa, em substituição
ao ensino público, que dava, até bem pouco tempo atrás, sinais de profunda
decadência. Num segundo momento, de fato, descambou para as valas comuns da
degradação geral.
Com isso, a bola de neve se avolumou assustadoramente.
Cresceu a ponto de se intensificar de uma maneira jamais vista. A ponto de se
transformar, em pouco tempo, em uma atividade exclusivamente comercial, onde os
mais variados exemplos de mercenarismo vêm atormentando 95% das famílias
brasileiras.
E esse pesadelo não é só pelos altos custos praticados. Igualmente, por não serem considerados, em
muitos casos, ou melhor, na maioria deles, a má qualidade do que deveria ser
passado, ou dito de outra forma, ensinado a quem realmente, e com esforço, busca
dias melhores para seus horizontes.
Muitos dirigentes (donos) de escolas ou cursinhos,
normalmente, são pessoas desprovidas do mínimo de sensibilidade necessária que
a atividade requer para a sua condução normal. Qualquer boçal borra-botas que
mal sabe assinar o nome, consegue abrir uma escola, sem que o Ministério da
Educação, ou as secretarias de ensino responsáveis exijam uma avaliação bem
mais restrita. Nessa onda gigantesca, a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) se vê rejeitada e isolada. De certa
forma, na prática, esse ordenamento se tornou inoperante e ultrapassado.
Por conta desse e de outros furos, muitas pocilgas
transformaram o ensino (ou algo parecido com ele), em um negócio seguro e
altamente lucrativo, haja vista a ostentação de riqueza e poder apresentadas
pelos mesmos, sem contar com os milhares de reais gastos com os constantes
apelos publicitários. Uma verdadeira epidemia, com propagandas, nem sempre
verídicas, veiculadas nos mais diversos meios de comunicação.
Desenraizados do processo de estabilização econômica,
fustigados a toque de caixa, outros “despreparados”, com novas escolas se
abrindo a cada novo pôr do sol, tentam se implantar no país. Muitos desses
falsos empresários (ou professores), com seus estabelecimentos a toque de
caixa, conseguem.
Nessas horas, entra em cena, o famoso “jeitinho brasileiro”,
regado a propinas por debaixo dos panos. Nesse diapasão, segue o vandalismo da
não cultura, a linha solta, se multiplicando como os pombos de Maomé.
Com esse desacerto a mil por hora, e por falta de uma
logística honesta, sedimentada num plano coerente para eles, os malandros estão
usando e abusando do direito de serem mesquinhos, impondo a seus indefesos
usuários (os futuros estudantes) os mais elevados custos.
Tão altos e desconexos esses valores que, num quadro geral,
chegam a dar medo. Não estamos falarmos aqui num outro “xis” importante e
fundamental. A organização ordenada, clara e consciente de um ensino de
categoria, excelente, robusto, valoroso e altaneiro.
O que nos é legado ou o que nos é dispensado, a altos
gastos, nem sempre atende o imprescindível, o substancial, o dominante. Em
resumo, nossos filhos pagam rios de dinheiro, por uma educação truncada,
desequilibrada, quando deveria ser exatamente o contrário.
Tabelas e reajustes, mês a mês, com os mais variados
argumentos, são impostos aos estudantes, sem que definitivamente, essas
aberrações sejam coibidas por quem deveria preservar a moral da educação e do
ensino.
Vemos, por essa ótica esdrúxula, espalhada Brasil afora
várias fuzarcas abertas, como puteiros de beira de estrada, sem que seus
executores, ou coordenadores, sejam autuados e penalizados na forma da lei.
Por essa razão, a gritaria é geral. O pânico também. Todavia, nada tem conseguido domar e
acorrentar a ganância desmedida de certos empresários inescrupulosos (se é que
assim podemos chama-los), que fazem de seus negócios um meio vil e torpe de
ganhar dinheiro fácil apelando para a lei do menor esforço.
O que temos, nesse seguimento (de escolas irregulares, de
cursinhos de fundos de quintais, de professores e “mestres” despreparados, “nós
cegos”), chega a dar calafrios na alma. Além de nos sentirmos envergonhados e
lesados.
No mesmo calcanhar de Aquiles, associações as mais diversas
foram criadas com o objetivo de intermediarem essa absurda e polêmica situação.
Antigamente, tínhamos a SUNAB, (lembram dela?!). Foi para as cucuias...
Depois apareceu em cena o PROCOM, e, no mesmo lance, de
roldão, o pro isso, o pro aquilo atrelado a um mundaréu de más notícias
voltadas para os descalabros. Sem mencionarmos o leque de denúncias que esse ou
aquele estabelecimento arregimentou em prática, na fomentação de atos ilegais e
abusivos em relação aos consumidores.
Essas falcatruas acabaram virando manchetes na grande
imprensa, que denunciou num primeiro momento as várias escolas, a pluralidade
delas, fora dos parâmetros exigidos pela legislação, repetindo a batida na
mesma tecla, com professores feitos nas coxas, seguidas de um encalistrado de
enunciações catastroficamente naufragadas.
Velhos filmes repetidos (como nas sessões das tardes da Rede
Globo) películas vistas e revistas “trocentas” (incontáveis) vezes em todos os
períodos pré-matriculares.
A bem da verdade, por uma plateia coadjuvante, tão
responsável quanto seus opressores, isto é, a própria sociedade, omissa pelo
descaso que impôs às questões de ensino de norte a sul do país.
Este ensino hoje abandonado ao deus dará, e sucateado pelos
governos, lentamente desaparece do nosso processo educacional, para desespero e
agonia das nossas famílias e, lado outro, em linha igual, a valorização plena e
feliz das instituições de ensino particulares.
AVISO AOS NAVEGANTES:
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PANFLETADO E DISTRIBUÍDO NAS SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUÍ-LO EM MEU PRÓXIMO LIVRO
“LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista, de Vila Velha no Espírito
Santo, 15-2-2017
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Sensacional meu amigo. Parabéns
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