quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um pronunciamento exemplar de Silas Malafaia, líder evangélico, sobre liberdade de expressão, religião e eleições. Não perca!

Liberdade e Fé

Os leitores sabem que sou católico, e alguns bobos confundem a crítica que faço a alguma “igrejas mais novas do que o uísque que eu bebo” com preconceito contra evangélico. Não tenho preconceito nenhum! Combato é vigaristas disfarçados de religiosos. Se vejo alguém recorrer ao Eclesiastes para justificar o aborto por causa de uma metáfora que há naquele texto, acuso a besteira; afirmo com clareza: “É mentira! Não há uma só passagem na Bíblia que justifique tal crime”. Combato também o que chamo de indústria da fé, que recorre aos assuntos de Deus para cuidar de assuntos demasiadamente humanos.
Pois bem. Abaixo, segue um vídeo de um líder evangélico que costuma ter opiniões muito claras — o que alguns confundem com posições polêmicas. Aliás, no Brasil, ultimamente, se você evita a ambigüidade, logo vira um “polêmico”. Trata-se do pastor Silas Malafaia, da Assembléia de Deus Vitória em Cristo. Ele faz uma das melhores defesas que já ouvi da liberdade de expressão e trata de modo muito correto a relação entre fé e política.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

As teimosas falácias sobre a Previdência Social

Oswaldo Colombo Filho

Tenho profundo respeito e consideração pelo professor Bergamini, e com o qual me correspondo; porém posições assim mais céticas sobre qualquer tema pouco contribuem ao debate e ao entendimento pela sociedade, fato este que julgo ser o primordial ensejo à sociedade. Nos artigos e trabalhos que fiz, sempre coloquei que o entendimento pela sociedade, pelo menos em tópicos básicos do que ocorre com a Previdência são oportunos não só para prosperar o debate assim como para impor limites e definições claras do que é; - como se compõe; - a quem se destina; - de onde se arrecada; - direitos e obrigações; enfim tudo aquilo que deva permear ou pautar a questão e aspectos que diferenciem a Previdência em seus benefícios programados (aposentadorias, por exemplo) - e as miscelâneas impetradas no RGPS e que promovem este alarido estúpido e sem sentido, misturando num mesmo balaio a Previdência propriamente dita, lastreada por contribuição trabalhista e os benefícios e amparos assistenciais (RMS e LOAS) sem vinculo contributivo. 
Alías, diante de quaisquer análises  sócio - econômicas, a formação do juízo decorre da apreciação e do arrazoamento formado simultaneamente entre números ou valores e sem perder de vista dois aspectos importantíssimos que são os fatores sociais envolvidos e o irrestrito seguimento à  legislação pertinenteAssim debates são entre ideias que se consubstanciam através de demonstrativos verossímeis e cuja construção parta do predisposto a parâmetros legais.

Peteleco da Viola

"Ainda dá pra ser honesto neste país!"


Vai deixar?

http://vaideixar.tumblr.com/

O rapaz que queria uma rã


Jefferson Thomas (1942-2010). Com mais oito amigos negros, desafiou a sociedade racista inscrevendo-se num liceu ‘só para brancos’.
Jefferson Thomas


Leonor Pinhão
Em 1954, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decretou o fim da segregação racial nas escolas. Jefferson Thomas tinha 12 anos, era negro e vivia em Little Rock, no Arkansas. Frequentava a Horace Mann High School, um estabelecimento de ensino com uma população estudantil exclusivamente negra, gostava de atletismo e interessava-se por biologia.
A sua escola era incomparavelmente mais pobre do que o liceu dos alunos brancos, a Little Rock Central High School. No liceu dos negros, nas aulas de Biologia, a turma inteira tinha de partilhar a mesma rã para a experiência curricular da dissecação. No liceu dos brancos havia uma rã para cada aluno.
"E eu quis ir para uma escola onde cada aluno tivesse a sua rã. Eu queria uma rã só para mim!", explicaria mais tarde, sempre apelando ao seu sentido de humor, a decisão que tomou de se inscrever no liceu dos brancos, confiante de que a ordem do Supremo Tribunal seria respeitada.

As boquinhas fechadas - Arnaldo Jabor

Arnaldo Jabor
Estamos vivendo um momento grave de nossa história política em que aparecem dois tumores gêmeos de nossa doença: a união da direita do atraso com a esquerda do atraso.
O Brasil está entregue à manipulação pelo governo das denúncias, provas cabais, evidências solares, tudo diante dos olhos impotentes da opinião pública, tapando a verdade de qualquer jeito para uma espécie de "tomada do poder". Isso; porque não se trata de um nome por outro - a ideia é mudar o Estado por dentro.
Tudo bem: muitos intelectuais têm todo o direito de acreditar nisso. Podem votar em quem quiserem. Democracia é assim. Mas, e os intelectuais que discordam e estão calados? Muitos que sempre idealizaram o PT e se decepcionaram estão quietinhos com vergonha de falar. Há o medo de serem chamados de reacionários ou caretas.
Há também a inércia dos "latifúndios intelectuais". Muitos acadêmicos se agarram em feudos teóricos e não ousam mudá-los. Uns são benjaminianos, outros hegelianos, mestres que justificam seus salários e status e, por isso, não podem "esquecer um pouco do que escreveram" para agir. Mudar é trair... Também não há coragem de admitirem o óbvio: o socialismo real fracassou. Seria uma heresia, seriam chamados de "revisionistas", como se tocassem na virgindade de Nossa Senhora.

A minha vida está fora de moda (parte II)

João Miguel Tavares

Ilustração: José Carlos Fernandes
Há coisa de um mês escrevi nestas páginas um texto chamado ‘A minha vida já não se usa', (A minha vida está fora de moda) onde assumia a minha condição de improbabilidade estatística: conheci a minha excelentíssima esposa no final da adolescência, casámo-nos assim que conseguimos alguma estabilidade profissional, reproduzimo-nos como manda a Bíblia e hoje em dia continuamos juntos.
Curiosamente, da vintena de crónicas que até hoje assinei nesta revista, foi esse texto meio conservador e démodé aquele que despertou mais reacções nos leitores: recebi uma catrefada de mensagens de solidariedade, empatia e instigação à perseverança na minha caminhada monogâmica (obrigadinho).
Ainda pensei: se calhar este é um daqueles casos em que existe um abismo entre o que é a percepção do estado das relações sentimentais nos dias de hoje (cada vez mais curtas e voláteis) e aquilo que efectivamente acontece na maior parte da sociedade portuguesa, com as pessoas a casarem-se e a permanecerem juntas ao longo da vida. Mas não sei se é isso. Na verdade, acho que é o contrário disso: as reacções ao meu texto nasceram do facto de algumas pessoas com relações estáveis - e, sobretudo, felizes - terem visto verbalizada publicamente uma raridade, como o avistamento de um exemplar que julgavam há muito extinto. E então reagiram, celebraram, perante aquela doce sensação do náufrago que descobre que, afinal, há mais alguém na sua ilha.

O que Franklin Martins escrevia quando ainda era jornalista


Eis que me chega às mãos, por motivos vários, um livrinho realmente precioso chamado “Jornalismo Político”. Seu autor é Franklin Martins — sim, o próprio. Ele o publicou pela editora Contexto, em 2005, quando ainda era jornalista. Vamos ver o que nos ensinava a Escolhinha do Professor Franklin Martins.
Na introdução, depois de falar da experiência de 40 anos em todas as mídias, em pequenas e grandes empresas, na clandestinidade e ao ar livre, Franklin diz que chegou à conclusão de que pode ajudar a juventude a entender melhor o tema. É um livro direitinho. Até meio bobinho. Começa com uma comparação entre a imprensa de 1950 e a de 2002. Comparam-se manchetes, e a conclusão é sempre título dos capítulos. “1950: os jornais entram em campanha”; “2002: a imprensa cobre a campanha”; “Mais notícia e menos opinião para um leitor mais plural”. E por aí segue. Na página 93, há uma preciosidade. Gostaria de saber se ele próprio suportaria a leitura em voz alta. Leiam o que escreve em “Denúncias e Escândalos” (vai em vermelho; comento em azul):

"Lula" na corrida do Oscar


Rubens Ewald Filho
A primeira sensação que tive ao ouvir a notícia foi de vergonha. Não posso acreditar que um comitê de seleção, supostamente qualificado tenha cometido uma atrocidade dessas e ter escolhido Lula, o Filho do Brasil como o representante do país na competição do Oscar de filme em língua não inglesa. Depois, pensando melhor, achei que eram eles que deviam ficar envergonhados.
Este ano, na verdade, o comitê de seleção, com a desculpa de torná-lo mais democrático, mudou as regras e eu francamente nunca consegui entender direito quem e como votaram. Será teoria da conspiração de minha parte achar que houve manobra eleitoral e mais uma vez neste país se cometeu uma desonestidade?

Nova Estátua da Justiça

Criação: SilSaboia

Lenta, não enxerga, não escuta e não sabe de nada! 

Dilma e a Petrobras: a verdade


Márcio Dayrell Batitucci
Aos colegas da Petrobrás,  
Sobre o texto que lhes enviei ontem  "...Cara de pau nº 2 ", onde a sra. DIImáh afirma cinicamente que: 
"Quando cheguei (na Petrobrás), tinha uma parte bastante significativa de pessoas que nada tinha a ver com a Petrobrás, que eram indicações políticas"...,  
transcrevo abaixo, dois comentários de colegas da Empresa, conhecedores profundos e testemunhos presenciais dos meandros e dos jogos de Poder que aconteceram na chegada de Lulla à Petrobrás:   
"...Eu presenciei "in loco" a chegada do PT à Petrobras e Petros. No caso da Petros, todos (digo, todos!) os cargos de diretoria, gerência de primeira linha e assessorias foram ocupados por sindicalistas ou pessoas ligadas à base partidária do governo Lula.  Conheci  todo o pessoal substituído,  a grande maioria proveniente do corpo técnico e gerencial da Petrobras, pessoal de carreira, com marcante passagem pela Patrocinadora. 

Tirica sabe ler?

25 de setembro de 2010

Vários indícios sugerem que Tiririca não sabe ler nem escrever. A Constituição proíbe candidatos analfabetos

Victor Ferreira
De acordo com a Constituição, os analfabetos são inelegíveis e, portanto, não podem se candidatar e receber votos. Por lei, os candidatos são obrigados a apresentar à Justiça Eleitoral um comprovante de escolaridade. Na ausência de comprovante, devem demonstrar capacidade de ler e escrever. Para registrar sua candidatura a deputado federal, Tiririca apresentou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo uma declaração em que ele afirma que sabe ler e escrever. Essa declaração, segundo as normas legais, deve ser escrita de próprio punho. Mas Tiririca, de fato, sabe ler e escrever? A suspeita é que não. Vários indícios permitem levantar essa desconfiança.
O humorista Ciro Botelho, redator do programa Pânico da rádio Jovem Pan, diz que escreveu sozinho o livro As piadas fantárdigas do Tiririca em 2006. A publicação é assinada só por Tiririca. Botelho diz que escreveu com base em histórias contadas por ele. “O Tiririca não sabe ler nem escrever”, afirma.

O lado bom da fofoca

Por que falar da vida alheia reforça os laços sociais e até aumenta a autoestima


João Loes
Como se já não existissem desculpas suficientes para justificar aquela pausa diária para falar da vida alheia, um estudo conduzido pela Universidade Staffordshire, na Inglaterra, acaba de oficializar mais uma. De acordo com um levantamento feito pela instituição, fofocar faz bem. Explica-se: o mexerico pressupõe a existência de vínculos sociais entre quem compartilha a informação. Além de confirmar a existência dessas relações, ele reforça os laços de confiança entre os “praticantes”. “O mexerico sempre foi malvisto”, disse à ISTOÉ a psicóloga Jennifer Cole, que conduziu o estudo com a colega Hannah Scrivener e apresentou os resultados na conferência da British Psychological Society, na Universidade de Winchester. “Mas descobrimos que ele tem esse lado positivo”, defende.

Enquanto Superman não salva a escola...


O filme "À espera de Superman", sobre o estado da educação nos EUA, estreou em Nova Iorque, entre polémica acesa. Realizado por Davis Guggenheim, é um documentário sobre o que não funciona nas escolas americanas, com a vantagem de mostar o trabalho daquelas que conseguem sair da mediocridade.
O argumento parte da pergunta chave: porque é que, apesar do investimento, de turmas pequenas, e de mais professores, os resultados no ranking da OCDE continuam a deixar os EUA em 24.º lugar? No trailler, Portugal figura na imagem, por décimos de segundo, porque está logo abaixo, em 25.º lugar, provavelmente por razões de fundo semelhantes.
É mais fácil perceber as consequências de um mau sistema de educação do que as causas. Mas as consequências são tão graves (quem não completa o liceu tem oito vezes mais probabilidade de acabar na prisão, diz o filme) que é fundamental encontrá-las.
E “Superman” levanta muitas pistas. Deixa claro, por exemplo, que é possível ensinar todas as crianças, mantendo níveis de exigência altos, como acontece numa escola pública de Los Angeles onde os alunos superam todas as outras do mesmo Estado, embora 95% sejam pobres.

Dilma cai para 46% e Serra mantém 28% (terça-feira, 28 de setembro)


A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, tem 46% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira pela jornal "Folha de S. Paulo". A petista caiu três pontos em relação à pesquisa anterior, em que somava 49%. O tucano José Serra manteve os 28% e Marina Silva (PV) subiu um ponto e tem agora 14%.
Segundo a pesquisa, a soma dos outros candidatos não chega a 1%. Os votos brancos e nulos são 3%. O índice de eleitores indecisos é de 7%.
Nos últimos cinco dias, Dilma perdeu três pontos percentuais entre os votos válidos. A petista caiu de 54% para 51%. Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, Dilma pode ter 49% dos votos válidos, o que a levaria a um segundo turno, ou 53%.
Considerando-se apenas os votos válidos, o candidato do PSDB subiu de 31% para 32%. Marina também oscilou positivamente, passando de 14% para 16%.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Marina Silva: a santinha da floresta oca


Floresta Amazônica, foto: Greenpeace


Marina Silva, a inimputável, está revelando, na disputa política, mais do que uma estratégia de campanha: está revelando um caráter.
Quando ficou claro que a máquina da Receita tinha sido mobilizada para escarafunchar a vida de tucanos — inclusive de familiares de José Serra —, a candidata verde resolveu demonstrar a sua indignação de um modo muito peculiar: censurou os desmandos do governo, mas acusou o tucano de fazer exploração política do caso. Jamais admitiu que se tratava de uma invasão dirigida de sigilo — insistia nos “milhares de casos”. Vale dizer: Marina diluía o crime político, o que era, obviamente, do interesse do governo Lula, quisesse ela ou não. E, curiosamente, tentou ser a monopolista da crítica. Serra, porque vítima do esquema, teria menos legitimidade do que ela para protestar. Ele faria exploração política; ela não.

Acordo Ortográfico mais simples para portugueses do que para brasileiros, defende linguista

António Gonçalves Rodrigues

A aplicação da última versão do acordo ortográfico vai ser mais simples para os portugueses do que foi para os brasileiros. A convicção é do linguista brasileiro Evanildo Bechara, manifestada esta tarde, à margem da sessão de abertura do IX Colóquio Anual da Lusofonia, em Bragança.

O uso do hífen será um dos problemas, prevê o linguista Evanildo Bechara,
 foto: Miguel  Madeira
Segundo Evanildo Bechara, “o acordo faz com que os brasileiros abram mão de muitos mais princípios do que os portugueses”, nomeadamente na acentuação. “Os brasileiros têm vogais muito mais abertas” e terão, com o acordo, de retirar alguma acentuação que utilizavam anteriormente.
Quanto aos portugueses, será positivo “para as crianças, que deixarão de ser obrigados a usar uma consoante que não lêem”, como em “Egipto”, que passa a Egito, enquanto “egípcio mantém o ‘p’”.
No Brasil, o acordo assinado em 2008 já está em vigor desde 1 de Janeiro 2009. “Inicialmente foi [uma aplicação] titubeante”, porque “já faz parte da tradição o Governo assinar e depois voltar atrás. Aconteceu em 1943, quando Portugal assinou e depois saiu. Em 1945 o Brasil assinou, mas depois voltou ao de dois anos antes”. Por isso, este foi “um momento histórico, ter reunido à mesa representantes de sete países e todos eles assinarem o acordo”.

José Mourinho: um português tão pouco português


Reuters
Mourinho entra e diz: "Microfones, cheguei!" Isso é o menos, homens de futebol que se extasiam com microfones é vulgar. Dizem frases redondas e falam de si próprios na terceira pessoa. Mas Mourinho trata os microfones de forma única: aos pontapés brutais, na verdade com a elegância de um toque de Didi. Não que eu saiba isso quando ele fala; confesso que no momento sempre o oiço como um exagerado e um provocador. Depois, com os êxitos no Porto, no Chelsea e no Inter, é que me dou conta que há sempre uma razão para aquelas frases atiradas por ele. Não conheço bom profissional nenhum que compre briga com a teimosia com que ele o faz. Agora, no Real Madrid, eu esperava que apaziguasse. Qual quê! Nunca foi tão cedo tão brutal. Declarou que as outras equipas se deixam ganhar pelo Barcelona (e arranjou uma coligação generalizada dos outros clubes contra o seu) e, sobretudo, provocou gratuitamente os sócios do Real Madrid com a intenção de treinar Portugal a part-time. É como se ele só carburasse sob tensão. Se tudo lhe fosse fácil, podia ser manobra de pavão para mais o admirarmos. Mas como ele faz isto em situação perigosa (hoje, em Espanha, há mais editoriais contra Mourinho do que contra Zapatero) é ainda mais admirável. Sigo-o como, num policial de Patricia Highsmith, ao talentoso Mr. Ripley, sempre à beira da queda e sempre a safar-se gloriosamente.
Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 27-09-2010

Deus é brasileiro e chama-se Luiz Inácio Lula da Silva

Lula não concorre, mas é o verdadeiro vencedor destas eleições. No próximo domingo, o Brasil vai ter um novo presidente escolhido por ele. Nos trópicos, nasceu um rei-sol.

Luiz Inácio Lula da Silva e Silvio Santos, foto: Ricardo Stuckert/EPA
Ricardo J. Rodrigues, Diário de Notícias
Quem atravessar todo o calçadão de Copacabana e, em vez de virar para Ipanema, seguir em frente para o morro do Arpoador encontra uma pequena praia no fim do areal que os habitantes do Rio de Janeiro costumam chamar de "lá nos confins". Banhistas são poucos, vendedores de artesanato nenhuns, apesar da costa formar uma baía de águas serenas. O que há ali é uma comunidade de pescadores. Como a areia está ocupada por pequenas embarcações de madeira e um emaranhado de redes, os únicos cariocas que visitam o local são os que querem comprar peixe ao início da manhã.

Engate erudito/Cantada erudita?

NEM TODAS as pessoas são poetas ou habilidosas de palavras, nem todas serão interessantes, inteligentes, eruditas, mas pode-se tentar parecê-lo, e o Facebook é o local indicado. Cada um terá o seu estilo pessoal de engate, mas uma das fórmulas que parecem ter sucesso é o recurso a frases poéticas de grandes nomes da literatura, da poesia, da filosofia ou da cultura. As frases aparecem em todas as línguas, como convém, porque aumenta a erudição de quem as coloca, e pode-se lê-las em francês, italiano, inglês ou noutra língua menos vulgar. E quando se pretende levar o "harém" ao êxtase decalca-se uma frase em latim e aí é a apoteose.
Afinal alguém que escreve em latim, só pode ser um verdadeiro Casanova da erudição.
Os/as fãs endoidecem, e é vê- -los/as a googlar tais palavras para perceber o seu significado. Eficaz? Muitíssimo, porque quem provavelmente lê repetidamente tais frases no FB acabará por achar que o seu "amigo" é mesmo alguém muito erudito, caso contrário falaria provavelmente de couves. Perante tais frases poderá ler- -se um sem-número de likes e de comentários do tipo: Brilhante! Uau! Fascinante! O máximo! Desta interacção no mural é fácil passar às mensagens privadas, onde cada seguidor tentará alcançar um lugar especial no coração do pseudo-autor.
A conversa é apenas o passo que antecede a marcação de um encontro, onde o casanova recorrerá a piropos e elogios. Se o encontro valer a pena, bingo, senão descarta-se dizendo que existe um fosso intelectual entre os dois.
Erudito?
Marta Crawford, sexóloga, jornal "i"

Sobre o assunto:

Marcas da Muxagata

Muxagata - Vila Nova de Foz Côa, foto: Albano Nascimento

Acredito que o desenvolvimento da economia de um país deverá ser alimentado pelo futuro que soubermos imaginar para o nosso passado. Portugal é um relicário de deliciosas características endógenas que expressam a nossa identidade. Esta convicção, a da economia das pequenas diferenças, leva-me a viajar pelas marcas de Portugal com o prazer da urgência a que nos obriga o futuro.
Esta semana voltamos ao Norte, que me aquece as palavras com a lua cheia de sol de Outono e que me abre o apetite para provar o sabor da imaginação gastronómica. Em Famalicão, terra de carnes primorosas, fui surpreendido com costelas de sardinha; um desafio sem espinhas, de uma fantástica carne de peixe do mar, escalada, enfarinhada e frita pela capacidade de criar, para além do simples acto de alimentar. Em Trancoso, terra do Interior de um Portugal antigo, fui igualmente surpreendido por sardinhas. Desta vez eram doces da memória do extinto convento de Santa Clara: massa frita com chocolate por fora, doce de ovos por dentro e um imenso desejo de mar em forma de sardinha. Todos sabemos que se come muito bem em Portugal. Aquilo que não sabemos é como transformar os nossos segredos culinários em marcas-receitas de prosperidade para a nossa economia. Para criar as marcas do futuro é preciso continuar a cozinhar a imaginação para além do óbvio e ter uns bons tomates, grandes, como os da aldeia da Muxagata.
Carlos Coelho, Criador de Marcas, Presidente da Ivity Brand Corp, jornal "i", 27-09-2010

A falta de caráter dos petistas é algo contumaz

Ilustração: Déo Correia


Hoje cedo, ao sair de casa para o trabalho, minha empregada, antes mesmo de dizer bom dia, me dirigiu a palavra e disse:
- Dr. Mario, já decidi o meu voto!
Fiquei contente e lhe indaguei em quem ia votar.
Ela prontamente me respondeu, de cabeça baixa:
- Na DILMA.
Achei estranho já que todos em minha casa sabem de toda a história de Dilma e dos demais candidatos.
Costumo falar a todos sobre a realidade política, embora não peça votos diretamente, apenas alerto para escolher o melhor. Indaguei do porquê daquela escolha. Ela me respondeu:
- "O Serra matou muita gente. Deixou o povo morrer de dengue, não cuidou da saúde. Ele é responsável pela dengue no Brasil e por não haver muitos postos de saúde. Ele faliu o país!"
- Mas quem te disse isso? Indaguei, mais uma vez.
- O pessoal que esteve lá no bairro. Eles mostraram fotos, inclusive cópias de jornais com toda a desgraça que ele causou ao país. Foi tanta bagaceira que o Lula não conseguiu resolver até hoje. Só com a Dilma pode consertar.
Vejam só: Foi o pessoal do PT, militantes descarados, maus caráteres, mentirosos que forjaram cópias de jornais, fotos montadas e sairam de casa em casa, na periferia, mostrando e distribuindo ao povo menos esclarecido.
Esta é a tática que eles utilizam: A mentira, a calúnia, a difamação.
É por isso que eles querem que o povo fique sem estudo e oferecem um ensino precário e nulo. O povo se mantém não esclarecido e vota em quem eles querem, acreditando no que eles dizem.
Mas a falta de caráter dos petistas não é novidade.
Para lutar contra eles só com muita fé em Deus, coragem, perseverança e uma boa dose de Plasil ou similar.
Mario Jorge Tenorio Fortes

Eles são assim mesmo, Mario.
Tive o "privilégio" de os conhecer (e aos métodos) no final da década de 80 e começo da de 90.
Eu era dirigente de uma associação profissional. Num determinado momento da empresa onde trabalhávamos, um momento de crise, resolvemos, a diretoria dessa associação, avançar com uma proposta de negociação com a empresa: propúnhamos algumas concessões e colaborações desde que passado esse período nos fosse, além  de restituidas as concessões propostas, concedidas certas reivindicações profissionais. Só que, ingênuos que éramos, escrevemos na frente do documento as concessões propostas, e no verso o que pretendíamos em contrapartida. Pois bem, o que fizeram eles? Xerocaram SÓ a frente desse documento e sairam "explicando" ao grupo que representávamos o que a gente queria dar... 
Penso que foi nesta ocasião que germinou a minha aversão ao PT...
Abraços./-
JP 

Como nasceram os partidos brasileiros

Em 1979, com a volta do multipartidarismo, surgiram seis novos partidos no Brasil. Cinco se opunham ao governo militar. A Aliança Renovadora Nacional (Arena), braço político do regime no sistema bipartidário, transformou-se no Partido Democrático Social (PDS). O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) acrescentou uma letra à antiga sigla e virou Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Nos 31 anos seguintes, dezenas de legendas nasceram, morreram, desmembraram-se ou fundiram-se, formando o multifacetado cenário atual.
Clique na foto abaixo e confira a genealogia dos partidos políticos do Brasil:


Trabalhadores da UE: não à austeridade! 29 de setembro

Capa do jornal Destak, 27-09-2010.


É em nome de uma crise que não passa que os sindicatos lusos organizam acções de luta na quarta-feira.
‘Não à austeridade’. As palavras, que juntas formam uma das frases mais ouvidas nos últimos tempos, ou não estivéssemos a atravessar uma crise que teima em não querer passar, prometem ecoar um pouco por toda a União Europeia (UE) na próxima quarta-feira, dia em que a Europa se junta numa jornada de luta à qual o nosso país não será alheio: por cá, a CGTP promete greves sectoriais e concentrações na capital e no Porto. O motivo: «o País continua a degradar-se económica e socialmente.»
Organizado pela Confederação Europeia de Sindicatos, o protesto vai levar a Bruxelas delegações de todos os países – UGT e CGTP incluídas –, no dia em que os ministros das finanças europeus se juntam na mesma cidade belga. Mas a luta vai sentir-se um pouco por toda a UE. Em Espanha, a greve geral, já marcada, vai mostrar o desagrado dos espanhóis perante a reforma do mercado de trabalho preparada pelo Governo. A Alemanha junta-se ao grupo, lutando contra o aumento da idade da reforma, dos 65 para os 67 anos, assim como a Itália. Em Roma, esperam-se milhares que pedem medidas contra a crise.

Bruxelas à espera de cem mil pessoas
A Confederação Europeia de Sindicatos espera cem mil manifestantes em Bruxelas. No final do evento estão previstos encontros de responsáveis da confederação e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, bem como o primeiro-ministro belga.
Destak, 27-09-2010