Você pode encarar um erro como uma besteira a ser esquecida, ou
como um resultado que aponta a uma nova direção
Steve Job
Acho engraçado o fervor com
que muitos esbravejam que a Petrobrás pertence ao povo brasileiro, como se toda
e qualquer empresa que esteja no País, mesmo estrangeira, não pertença, de
alguma forma e no mesmo sentido, ao povo brasileiro.
Toda empresa gera riqueza, dá
empregos, paga impostos e produz bens e serviços. Se abstrairmos a existência de todas as
fazendas, comércio, fábricas, transporte, prestação de serviço e o que mais
funcione como unidade econômica, o que restará para garantir o meio de vida das
pessoas? Nada, absolutamente nada.
Nesse sentido, todos os
fatores de produção nos são úteis e necessários, e, na medida em que deles
tiramos nosso meio de vida, direta ou indiretamente, nos pertencem como
garantia de nossa subsistência.
Em economia o mais importante
não é o que se vê. O mais importante é o conjunto das relações econômicas não
percebidas, entretidos que estamos em concentrar nossa atenção naquilo que
vemos.
Vamos para uma pequena cidade,
onde as coisas são mais visíveis. Empregados de um banco, de uma fábrica, de
uma loja, ou de um escritório sentem com precisão a importância dessas
instituições ante a realidade palpável de que delas tiram seu sustento, seu
meio de vida. O dono do mercadinho, da padaria ou a professora, que recebem
parte dos salários desses empregados em pagamento dos bens que lhes vendem ou
do serviço que lhes presta não têm essa percepção imediata. O nexo de
causalidade econômica se perde, para quem não está atento, nas diversas etapas
do fenômeno.
Entretanto, se o banco, ou a
fábrica, ou a loja deixa de existir, o impacto será sentido por todos. Nesse
momento, os negócios na comunidade são altamente prejudicados e todos sentem
que perderam algo que antes não tinham a sensação de lhes pertencer. Trazido
esse fato para o âmbito nacional, vimos, com olhos de ver, que a queda de
atividade das empresas em geral e o fechamento de um sem-número delas,
provocados pela crise que nos engolfou e ainda nos engolfa, causou diminuição
de renda para todos e, no limite, via desemprego e encerramento de atividades,
pobreza para muitos. Assim fica mais claro que a perda de ativos não se dá
somente para o dono, afeta, direta ou indiretamente, a todos.
Portanto, meus caros amigos, o
total das relações de produção interessa ao conjunto da sociedade e determina o
seu maior ou menor bem-estar econômico.
Você terá a percepção mais
aguda disso se perdeu o emprego ou viu seu negócio fechar as portas. Aí você
verá que a Petrobrás não é sua no sentido em que politicamente as pessoas,
ideologicamente motivadas ou não, proclamam.