Sérgio Moura
“Vou ajudar a aprovar o
projeto dele”, declarou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia [foto],
sobre o pacote anticrime de Moro, de acordo com o Antagonista de 14/5/19.
Que condescendência
franciscana! Caridade igual é difícil de se encontrar! Ah, se todos os
brasileiros tivessem um espírito comunitário tão desprendido quanto o do
deputado federal Rodrigo Maia! Parece que os fluminenses puseram uma bola
dentro quando o elegeram.
O único senão é que ele não
entende qual é o papel dele frente aos 209 milhões de brasileiros que ele
devia, constitucionalmente, representar. Ele não tem o cargo que tem nem recebe
de nós a fortuna mensal que recebe, nem os privilégios de que dispõe, para ser
simpático com um ministro de Estado.
Ele está ali para defender o
bem comum. Se temos um problema de insegurança – 60 mil assassinatos por ano, o
11º país em assassinatos no mundo, de acordo com a OCDE, para ficar só por aqui
– e, se este problema vem-se agravando há décadas, é de responsabilidade dele,
deputado federal há 21 anos e presidente da Câmara dos Deputados desde 14 de
julho de 2016, resolvê-lo. Se não o fez até agora é por descaso, para não citar
possíveis outros motivos.
Logo depois de o presidente
Jair Bolsonaro ter enviado proposta de emenda à Constituição ao Congresso
Nacional sobre medidas para aumentar a segurança, Maia declarou que o texto era
um “copia e cola” do texto enviado ao Congresso em 8/5/18 por Alexandre de
Moraes, atualmente ministro do STF. Fazia, portanto, quase um ano que os
congressistas, Rodrigo Maia, inclusive, estavam de posse de alguma proposta
para proteger melhor nossa vida e nossa propriedade, sem falar que deve haver
muitas outras proposições semelhantes mofando nas gavetas das Casas do
Congresso.
Por que o nosso presidente da
Câmara dos Deputados há quase três anos não acelerou o andamento dessas
proposições? Desinteresse. Por que ele não se interessa pela vida e propriedade
dos brasileiros? Simples: porque a Constituição defende a irresponsabilidade
dos políticos eleitos: eles podem fazer a besteira que fizerem com nossa vida e
nossa propriedade, ou se omitirem, que por nada respondem. Põem a culpa sempre
no presidente da República, como estão a fazer hoje com as diversas propostas
do presidente Bolsonaro. E não deixam de ter alguma razão porque a Constituição
cria na mente deles a percepção errônea de que o principal legislador do País
deva ser o presidente da República.
Aí, eu pergunto: qual é o
custo/benefício deste Congresso? O que recebemos pelos cerca de R$ 11 bilhões –
R$ 21,5 milhões por cabeça – que gastamos todos os anos com senadores e
deputados?
O que recebemos é miséria,
pobreza ou mediocridade econômica, o que o rendimento médio mensal de R$ 1.330
de 112 milhões de brasileiros (IBGE) comprova. Vale a pena esse investimento?
Título e Texto: Sérgio
Moura, advogado, ex-executivo da
IBM Brasil, ex-consultor em formulação de políticas públicas, autor dos livros
Chega de Pobreza (edição do autor, 2006) e Podemos ser prósperos – se os
políticos deixarem (edição do autor, 2018), Fellow do Institute of Brazilian
Issues da George Washington University, Oficial da Ordem do Mérito Brasília e
detentor da Medalha do Pacificador. Diário do Poder,
215-2019
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-