Helena Matos
A 31 de Março, na Praça da
República aconteceu uma agressão grave na Praça da República em Paris. O caso
tinha todos os ingredientes das notícias que rapidamente se tornam virais:
Julia, a vítima, apresenta-se como mulher transgénero. À sua volta uma multidão
masculina humilha e agride Julia. A cena foi filmada. Mas indignação nem vê-la.
Por cá, o EXPRESSO deu a
notícia, referindo que Julia “foi surpreendida por três homens que a
agrediram e insultaram em árabe“. O Correio da Manhã nem isso. Diz que a
agressão partiu de “homens, este domingo, enquanto participava num
comício contra o presidente argelino, Bouteflika“.
Vamos ser claros: se o
agressor não fosse um cidadão marroquino-argelino, a viver irregularmente em
França desde 2017, mas sim, por exemplo, um lourinho de olhos azuis, e se
agressão tivesse acontecido numa manifestação de católicos, quantos editoriais,
manifestos, apelos e declarações se teriam seguido?
PS: «Várias associações LGBT condenaram o comportamento dos três agressores, lamentando também que elementos da polícia se tenham dirigido a Julia de forma preconceituosa, tratando-o por “senhor”» O “lamentando também” que
põe no mesmo nível os agressores e a polícia que tirou a vítima daquele inferno
é, de facto, espantoso.
Espantoso também foi o murro
que Julia ainda conseguiu enfiar na cara do agressor porque, felizmente para
Julia, no momento de levar pancada ainda conseguiu defender-se como poucas
mulheres o fariam.
Título e Texto: Helena Matos, Blasfémias,
23-5-2019
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