quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Idiotas ou defensores da liberdade?

Telmo Azevedo Fernandes

As manifestações na China contra as restrições impostas pelo governo chinês a pretexto do suposto combate à covid19 têm vindo a ser apresentadas em Portugal como eventos de grande mérito e coragem e vistos como acontecimentos louváveis em defesa da liberdade das pessoas e dos direitos humanos. Há quem faça até o paralelo com os chineses que em 1989 protestaram em massa por liberdade e democracia na Praça Tiananmen em Pequim (ver vídeo aos 35s).

Mas há um ano, em novembro de 2021, por toda a Europa também houve protestos populares com os mesmos propósitos de lutar contra as restrições e imposições a pretexto da covid19, mas nessa altura os acontecimentos foram vistos como manifestações de negacionistas, chalupas ou idiotas. Ora veja o que dizia o ano passado o primeiro-ministro holandês, o nosso bonacheirão João Soares, ou o decano fariseu Paulo Portas no vídeo aos 2m14s.

Em 2022 as manifestações na China são virtuosas e incentivadas.

Em 2021, a comissão europeia contemporizava com a ideia de limitar manifestações e o pequeno alcoviteiro do regime Marques Mendes dizia sem nojo de si próprio ser contra a obrigatoriedade da vacinação das pessoas desde que estas se vacinassem voluntariamente. Já quem optasse por não se vacinar teria a liberdade de ser obrigatoriamente injetado a mando do estado (ver vídeo aos 3m46s)

Barbara 'Te atualizei' desabafa, pede "socorro" aos Senadores e é aplaudida de pé em Audiência


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A nota:

Le retour du roi

Prince des poètes, roi de Montmartre, et romancier poujado-psychédélique sans pareil, Olivier Maulin élabore depuis une quinzaine d’années des contre-royaumes et des sabotages en règle du monde moderne. Après six années de silence, celui qui est devenu entretemps critique littéraire pour nos confrères de Valeurs Actuelles revient avec un roman débridé récapitulant tous ses thèmes avec un brio étincelant, Le Temps des loups, et c’est peu dire qu’il nous avait manqué.


Romaric Sangars

C’est votre premier roman depuis six ans, alors que vous publiiez autrefois très régulièrement. Pourquoi une si longue pause ?

Entretemps, ma vie a un peu changé parce que j’ai été embauché chez Valeurs Actuelles, ce qui a fait évoluer mon organisation. J’en ai profité pour faire une pause. Écrire un roman est mentalement fatigant, on trimballe une pierre durant un long moment, je voulais profiter de ma disponibilité intellectuelle et la réserver aux articles, faire de la critique à plein temps. L’envie de faire un roman est revenue petit à petit, et l’idée de ce bouquin a mûri de manière assez lente, je l’ai écrit en deux ans et demi, principalement la nuit, pendant mes insomnies.

Votre introduction est une vraie satire du salon du livre de province, genre d’événements où vous avez vous-même été beaucoup invité en tant qu’auteur…

Quand j’ai commencé à publier, vers 2006, j’étais invité à beaucoup de salons, en effet. Au début ça me faisait rire, mais très vite, j’ai compris que c’étaient des lieux assez frelatés. Depuis que je suis à VA, je ne suis plus invité nulle part, ce dont mon atachée de presse de l’époque, chez Denoël, m’avait averti. Alors, il n’y a aucune vengeance de ma part, mais sachant que je n’y retournerai plus, j’en ai profité pour dire un peu ce que je pensais de ces salons. Ça m’a aussi permis de faire un chapitre pour éloigner les emmerdeurs!

Vous vouliez créer un « safe space » réac ?

Oui! On vit à une époque où les gens viennent tout le temps vous emmerder, alors je préfère annoncer d’emblée la couleur. Ensuite, je voulais m’amuser avec les salons où l’on prétend promouvoir la li#érature alors que c’est bidon de A à Z. C’est souvent organisé par des gens de gauche anticapitalistes qui fustigent la li#érature-spectacle mais qui reproduisent la même chose: à la "n, ils veulent quand même inviter des stars dont tout le monde sait qu’ils écrivent des livres de merde pour réussir à faire du chiffre.

« Je prefere dire au lecteur de Télérama de passer son Chemin »

Vous déclarez écrire contre le lecteur de Télérama…

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Ops! Olha ele aí!

Marcelo é lelé da cuca

Pedro Almeida Vieira

Em 5 de Agosto de 1978, na secção Gente do semanário Expresso, o então seu diretor, Marcelo Rebelo de Sousa, escreveu uma frase, completamente desinserida de qualquer contexto, que se tornou célebre: “Balsemão é lelé da cuca”. Pinto Balsemão – fundador daquele semanário e atualmente presidente da Impresa – era então o primeiro-ministro português, e para justificar esta boutade, o então irrequieto Marcelo de 30 anos desculpou-se dizendo ter sido aquilo um teste aos revisores do semanário, por haver queixas sobre as suas qualidades. “Infelizmente, verifiquei que era verdade”, assim disse. Balsemão nunca lhe perdoou, porque foi um insulto gratuito e destituído de fundamento.

Pois bem, não tendo o PÁGINA UM uma equipa altamente profissional de revisores para testar – estando essa tarefa inglória, mas fundamental a ser agora desempenhada, com abnegação, pela Mariana Santos Martins, a quem não posso exigir mais –, não tenho assim qualquer alegação atenuante para vir a desmentir que não tinha o propósito de escrever o seguinte, que até já surge bem escarrapachado do título deste editorial:

MARCELO É LELÉ DA CUCA!

Assim: até com ponto de exclamação. Até para reforçar a intencionalidade, contundência e veracidade da minha afirmação.

Sejamos claros: como no conto de Hans Christian Andersen, Marcelo Rebelo de Sousa é hoje, e não é só de hoje, um presidente completa e tragicamente desnudado de sensatez – e só já se lhe pedia isso, apenas, sensatez –, mas ninguém se atreve a dizer-lhe.

Para mim, bastou vê-lo “nu” em 18 de Junho de 2017, quando no ainda quente rescaldo do trágico incêndio de Pedrógão Grande nos disse que “o que se fez foi o máximo que se podia fazer”. Tal insensibilidade e impreparação como estadista, desde logo mostrando preocupação apenas em desresponsabilizar políticos enquanto as brasas nem tinham arrefecido e cadáveres ainda fumegavam, foi para mim o bastante. Nesse dia, Marcelo “morreu” como político, e perdeu o meu respeito.

Mas, no meio das suas constantes selfies e exposições egocêntricas, a que nos foi brindando desde 2016, nada me preparava ainda para o que veio de si a partir de Março de 2020: um presidente da República simultaneamente catedrático de Direito Constitucional a pactuar, por mor da sua célebre hipocondria, com sucessivas violações da Constituição, incluindo discriminação de cidadãos em função de uma opção legítima e legal, bem como o incitamento a pais para inocularem filhos por uma não-causa social e sanitária. Mesmo se estivesse em causa proteger idosos num hipotético objetivo (não possível) de imunidade de grupo, jamais poderia ser aceitável condicionar a segurança dos mais jovens para proteger os mais idosos. Em tempos de decência geracional, costumava ser ao contrário.

Os protestos na China são contra uma estratégia de saúde pública ou contra a pura opressão autoritária?

O PÁGINA UM analisa uma recente notícia da Associated Press sobre as manifestações em Xangai e outras cidades chinesas. E aponta as falhas, agora recorrentes, da imprensa mainstream, desde a falta de contextualização política até à ausência completa e absurda de um enquadramento que tenha em consideração as mais atuais avaliações sobre a pandemia


Elisabete Tavares

A pergunta é legítima: por que motivo a imprensa mainstream e mesmo as grandes agências noticiosas, mesmo internacionais, publicam agora notícias importantes que apresentam falhas graves de informação e carecem de contexto?

É por os jornalistas que as escrevem não deterem conhecimentos e ignorarem o contexto? É por negligência ou mesmo incompetência de editores? É propositado por indicação da política editorial ou comercial das empresas de media?

Esta semana, de novo, volta a repetir-se um cenário que tem sido comum desde o início da pandemia: notícias de agências noticiosas internacionais, divulgadas em massa pelos restantes meios de comunicação social, apresentam graves falhas de informação e de contexto.

O caso de divulgação de notícias com falta de contexto, e até tendenciosas, por parte de agências noticiosas, é mais grave devido ao fenómeno das notícias recicladas – denominado como churnalism. Notícias são replicadas até à exaustão sem a devida verificação de factos e sem que os meios de comunicação social que as replicam assumam qualquer responsabilidade pela sua veracidade e qualidade.

Saliente-se, desde já, que as agências noticiosas são cruciais e o seu trabalho é de fundamental importância. Habitualmente, é através das agências que os restantes meios de comunicação social conseguem rapidamente obter informação de todo o Mundo sobre conflitos ou catástrofes repentinas, mas também sobre todo o tipo de temas da atualidade, por terem correspondentes sempre presentes. Mas as redacções destas agências têm vindo a ser emagrecidas. Jornalistas com mais experiência são demitidos e, quando substituídos, surgem outros com pouca experiência.

O advento da Internet e das redes sociais teve um papel relevante, já que hoje muita informação surge diretamente de internautas. O Mundo está muito mais rápido. Mas nada disto serve como justificação para as falhas que notícias cruciais continuam a apresentar. E ainda mais nos últimos anos.

Continue lendo AQUI.

Twitter da Copa do Mundo brinca com bandeira do Vasco em estádio: ‘é ele ali?’

Perfil oficial da Copa do Mundo da FIFA destacou a bandeira do Vasco da Gama durante o gol de Casemiro contra a Suíça


Altair Alves

Um dos memes mais populares entre a torcida do Vasco da Gama, o “é ele ali?”, quando algum símbolo bandeira ou referência ao Clube é avistada, foi utilizado pelo perfil oficial da Copa do Mundo da Fifa no Twitter.

A conta da entidade publicou uma foto com o gol marcado pelo volante Casemiro, na vitória do Brasil por 1×0 diante da Suíça. Nela, é possível ver ao fundo uma bandeira do Cruzmaltino. Foi então que veio o meme: “é ele ali?”.

Título e Texto: Altair Alves, Diário do Rio, 29-11-2022, 8h50

TV Globo destaca em transmissão que Emir do Catar é torcedor do Vasco

Rei do Catar é fã do Vasco da Gama e não perde a oportunidade de poder assistir aos jogos do Cruzmaltino, mesmo que em horários incomuns

Altair Alves

Durante a transmissão da partida entre Portugal x Uruguai, pela Copa do Mundo, o narrador Luís Roberto e o comentarista Roger Flores, da TV Globo, relembraram que Tamim bin Hamad al-Thani [foto], o rei do Qatar, é torcedor fanático do Vasco da Gama. Além disso, Roger, que jogou muitos anos no país árabe, revelou que o emir acorda nas madrugadas para assistir aos jogos do Cruzmaltino.

Luís Roberto também contou durante o jogo que alguns brasileiros trabalham próximo ao rei do Catar, e que eles mesmos confirmaram a idolatria do membro da família real catari pelo Gigante da Colina. Segundo o narrador, é preciso um sinal especial de TV para que o rei possa acompanhar as partidas do Time de São Januário.

A admiração de Tamim bin Hamad al-Thani pelo Vasco teria começado em 2000, quando ele viu o Time da Cruz de Malta disputar o Mundial de Clubes. O emir teria se encantado com as atuações do lateral Felipe, que mais tarde viria a jogar pelo Al-Saad, uma das agremiações mais tradicionais do país, e se transformar em ídolo no Catar.

[Aparecido rasga o verbo] Azeite e vinagre

Aparecido Raimundo de Souza

A MULHER
se vira para o marido, ou melhor, para o ex que acabou de ligar para ela e desabafa:
— Escuta aqui Xenofonte. Pare de me encher o saco. Vou lhe dar a carne sem osso, para facilitar a sua empreitada. Seguinte: por que não se deita, relaxa o corpo, solta uns traques (1) e morre?
O sujeito conhece bem a figura de sua ex companheira e sabe que ela come o anzol e cospe a isca. Em vista disso, tenta ser cavalheiro e manter um diálogo amistoso. Lembra, entrementes, que estão às portas de ingressarem na justiça, para legalizarem a separação. Ainda que assim, por que não lutar de unhas e dentes para tê-la, ao menos, no legalismo de boa amiga?

— Melissa, de coração, não estou com vontade partir para a cidade dos pés juntos. Relaxar, ainda está um pouco cedo. Quanto a soltar uns puns, nem sei qual a derradeira vez em que me pus a ficar por conta do organismo com o fiofó à mercê de uma privada. Faz anos, doce amada, que não me dou ao luxo de ter gases. E você sabe como sou cuidadoso com essas coisas. Por isso, sempre penduro minha bunda onde posso alcançá-la.
Melissa, entretanto, não parece muito propensa a dar trela e continua alfinetando. Com ferocidade, ataca:
— De qualquer forma, Xenofonte, faça um favor a si mesmo. Deixe de respirar. Enfie uma garrafa de cachaça em cada buraco do nariz. A propósito: está sozinho?

— Sim.
— Ótimo. Aproveita, antes das garrafas no nariz, toma umas boas doses de uísque, e, em seguida, dê uma voltinha até a esquina. Uma vez lá, pule na frente do primeiro carro que pintar. Mas cuidado! Não vá me aparecer vivo depois. Eu detestaria cuidar de você preso a uma cadeira de rodas...
O varão, num rápido viajar, recorda à consorte, os bons tempos que passaram juntos, e sem magoá-la brinca:
— Tudo isso é consequência do tamanho do amor que nutre por mim?
A matrona (2) continua endiabrada e cruel. E o veneno não se faz esperar:
— Engano seu, queridinho. Não sinto amor nem ódio. Só não estou a fim de papo furado.

— Eu sabia. Você chegou à conclusão que nossa ligação é mais profunda que as palavras. Acertei na mosca?
— Que mosca, seu doido? Pirou? Não quero falar com você porque no fundo não temos mais nada a tratar.
— Melissa, eu te amo!
— Vira o disco, Xenofonte. Cansei das suas mentiras.
— Falo sério! Você sabe que é verdade.
— Nada que vem de você espelha o real.
— Vamos nos dar uma chance, Melissa.
— De novo? Já tentamos várias vezes. Dez, para ser mais exata. E no que deu? Em nada! Sabe por quais motivos? Somos diferentes, temos desejos contrários, posicionamentos inversos, convergências múltiplas, etc. etc...

Sem comentários

Rio de Janeiro, novembro de 2022

[Livros & Leituras] O que o governo fez com o nosso dinheiro?


Há décadas que inúmeros economistas, investidores, analistas, professores e autores aprendem com este livro. Após 50 anos, ele permanece o melhor livro sobre o assunto, um verdadeiro manifesto em prol de uma moeda forte.

Rothbard mostra minuciosamente como os bancos criam dinheiro do nada e como o Banco Central, com o suporte do poder estatal, permite esta prática. Ele mostra como as taxas de câmbio e de juros funcionariam em um livre mercado. E principalmente: ao descrever o fim do padrão-ouro, ele não se limita a relatar os grandes acontecimentos; ele cita nomes e desmascara os grupos de interesse envolvidos.

A verdadeira paixão que Rothbard sente pelo tema é transferida aos leitores por meio de sua prosa. Impossível não se empolgar com o tema. Quem lê sobre o tópico sempre quer divulgar o que aprendeu.

Mais ainda: sente-se impelido a fazer alguma coisa. O ex-congressista Ron Paul confessou que se candidatou ao Congresso americano após ter lido este livro.

Por ser um meio de troca, o dinheiro está presente em grande parte da vida cotidiana de todas as pessoas. Portanto, um entendimento sobre sua natureza, alternativas e história é importante para todos. Por isso, esta é uma obra indispensável. 

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Teatro farsesco

Não dá para falar em funcionamento normal das instituições republicanas em nosso país. Não com este STF ativista

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Agência Brasil

Rodrigo Constantino

Causa espanto o tom de seriedade com que alguns empresários e jornalistas tratam a “equipe de transição” do presidente eleito, como se ninguém soubesse o que ele fez no verão passado. O presidente da Febraban diz esperar responsabilidade por parte do futuro presidente, enquanto economistas tucanos escrevem cartinhas alertando para os riscos de furar o teto de gastos, logo depois de terem feito o L para apoiar o ladrão.

É como se todos eles tivessem chegado de Marte ontem, e nunca tivessem ouvido falar de Mensalão, Petrolão ou Dilma. É como se ninguém ali tivesse a mais vaga ideia de quem seja José Dirceu, ou da essência do PT. O jogo de cena chega ao absurdo de fingir que Lula nem foi condenado, e depois solto por um grotesco malabarismo supremo. Temos todos de participar do simulacro, caso contrário seremos rotulados de golpistas. 

O então deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, Luiz Inácio Lula da Silva, ex-ministros José Dirceu e Walfrido Mares Guia, durante jantar oferecido na casa de Jefferson. Foto: J. Freitas/Agência Brasil

Jornais de esquerda, como a Folha de S.Paulo, chegam a mencionar a simbiose de Lula com empresários corruptos como “conflitos éticos”, e a indecente carona no jatinho de um companheiro como “deslize aéreo”. O Orçamento secreto, demonizado até ontem, virou “emenda de relator”, e o centrão se transformou em “base aliada”. As manifestações contra o opaco processo eleitoral são chamadas de “atos antidemocráticos”, enquanto a censura imposta pelo TSE virou “defesa da democracia”. Quando alguém emite uma opinião diferente do consórcio da mídia é logo chamado de criminoso. E o cidadão de bem virou um “mané”, assim descrito pelo próprio ministro Barroso com aplausos de inúmeros jornalistas.

Fora, Lula!

O PT sonha com a união de todos os brasileiros em torno do ex-presidiário que dividiu o Brasil

Em Brasília, manifestantes contra o governo FHC pedem a saída do presidente. Foto: Roberto Stucker Filho, 26-8-1999

Augusto Nunes

Fruto do acasalamento de dirigentes sindicais que achavam leitura pior que exercício em esteira, intelectuais que só viam pobres de perto nas fotos de Sebastião Salgado e veteranos da luta armada que caíram fora do país antes que aprendessem a diferença entre coronha e gatilho, o Partido dos Trabalhadores nasceu em 1980 caprichando na pose de detentor do monopólio da virtude. A chegada ao governo federal em 2002 apressou o fim da farsa. E o Brasil decente não demorou a espantar-se com a multidão de messalinas aglomeradas no templo das vestais que o PT fingira existir por mais de 20 anos.

Fora do partido ninguém prestava, recitaram as virgens de bordel durante 20 anos. Em 1985, por exemplo, Lula ordenou à bancada no PT que se abstivesse de votar no Colégio Eleitoral formado para escolher o primeiro presidente civil desde 1964. Para o chefe, não havia diferenças entre Paulo Maluf — ele mesmo — e Tancredo Neves. Três deputados federais entenderam que Tancredo era infinitamente melhor. Foram expulsos do partido.

Impedido pela morte de assumir o cargo, o titular foi substituído pelo vice José Sarney. “Fora, Sarney!”, gritaria a companheirada nos cinco anos seguintes. (“Sarney é o maior ladrão do Brasil”, afirmou Lula em 1988, num comício em Vitória. Hoje os dois casos de polícia são amigos.) No mesmo ano, o então deputado Lula, líder do PT na Assembleia Constituinte, determinou que a bancada assinasse o texto com uma ressalva: todos rejeitavam “uma Constituição que ignora os direitos da classe trabalhadora”. 

Os presidentes brasileiros Itamar Franco, Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Raposo e José Sarney, durante o funeral do papa João Paulo II, no Vaticano, em 2005. Foto: Agência Brasil

Na eleição presidencial de 1989, um Lula derrotado no primeiro turno vencido por Fernando Collor negou-se a pedir apoio aos demais perdedores. Sempre avessos a demonstrações de altivez, líderes do PSDB foram por conta própria a um comício do PT nas imediações do Estádio do Pacaembu. Vaiados na chegada, figuras como Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas se enfurnaram por duas horas no fundo do palanque. Nenhum deles foi convidado a discursar. Se algum topasse, não escaparia da tempestade de apupos.

A democracia em colapso

A última agressão ao sistema legal e talvez a mais rancorosa de todas as que houve até agora para “defender a democracia” é essa multa de R$ 23 milhões que o ministro Moraes aplicou ao PL


J. R. Guzzo

A democracia no Brasil fica cada vez mais parecida com uma “democracia popular” — o tipo de regime que existe em Cuba, Venezuela e lugares parecidos, onde os governos trocaram o significado da palavra “democracia” pelo seu exato contrário, e utilizam a ideia de “governo do povo” para impor ditaduras, eliminar os direitos dos cidadãos e reprimir qualquer tipo de manifestação, pública ou privada, de oposição aos que mandam. Perderam seu valor, na prática, a Constituição e as leis em vigência no país. Não há mais o governo conjunto de três poderes independentes entre si; o Legislativo e o Executivo não têm autoridade nenhuma, e simplesmente recebem ordens do judiciário. As liberdades públicas e os direitos civis não valem nada. 

Quem governa o Brasil, sem jamais ter tido um único voto dos eleitores, é o ministro Alexandre Moraes e os oito colegas de STF que o apoiam ou obedecem às suas decisões. Impõem a sua vontade à população através da polícia política que têm hoje sob o seu comando; transformaram a Polícia Federal em força armada particular do STF, uma milícia que executa ordens ilegais, prende deputados e invade residências dos cidadãos às 6 horas da manhã. É “democracia”, isso?

Como em qualquer “democracia popular”, chamam de “atos antidemocráticos” tudo o que se opõe a eles

O último ataque contra o processo democrático, e talvez o mais violento e rancoroso de todos os que houve até agora para “defender a democracia”, é essa multa demente de R$ 23 milhões que o ministro Moraes aplicou ao PL, o partido com o maior número de deputados na nova Câmara Federal. Por que não uma multa de 23 bilhões, então, se é para fazer cara de bravo? Ou 23 trilhões? A insanidade seria a mesma. E por que a multa contra o PL? Pelo crime de ter apresentado uma petição perfeitamente legal à justiça eleitoral. 

O PL, como qualquer entidade ou cidadão deste país, tem o direito constitucional de recorrer à justiça para apresentar uma demanda; até os criminosos podem fazer isso. Examina-se então a queixa e decide-se, ao fim, se há ou não há razões legais para atender o que está sendo demandado. Mas o ministro Moraes não fez nada disso. Não mandou apurar absolutamente nenhuma das alegações feitas pelo presidente do partido, o deputado Valdemar Costa Neto, que reclamava contra irregularidades em 280.000 urnas das últimas eleições: 24 horas depois, num sistema judiciário que leva anos a fio para resolver uma ação de despejo, informou que a “área técnica” do TSE tinha decidido que as observações do queixoso eram “inverídicas”. Fim de conversa. 

Feliz em ser brasileiro...

domingo, 27 de novembro de 2022

Passageiro faz necessidades fisiológicas a bordo, e avião da Azul, sem banheiro, precisa fazer pouso de emergência no Rio

Situação inusitada aconteceu no último sábado (26); aeronave saiu de Congonhas, em SP, com destino ao Aeroporto de Jacarepaguá, pousando antes do previsto

Uma situação no mínimo inusitada aconteceu no espaço aéreo entre São Paulo e Rio de Janeiro no último sábado (26/11). Um passageiro de um voo da Azul saído de Congonhas, na capital paulista, com destino ao Aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste carioca, acabou fazendo suas necessidades fisiológicas a bordo. Acontece que a aeronave, um Cessna C208 Grand Caravan [foto], não possui banheiros e, por isso, foi preciso uma espécie de ”pouso de emergência”. Toda a situação foi registrada pelo sistema de gravação de áudio do avião.

”Nós estamos com uma situação meio complicada aqui a bordo. Estamos com um passageiro com necessidades fisiológicas urgentes, não aguentou. Então, estamos fazendo um paliativo a bordo aqui. A gente não tem condições de prosseguir com todo o pessoal aqui e solicita a colaboração do controle para coordenar com Jacarepaguá a nossa descida em mais 10 minutos, direto ‘XOKIX’ [posição geográfica da rota] para ingressar direto na cabeceira 03, porque a situação a bordo está muito complicada”, relatou o piloto.

Procurada pelo DIÁRIO DO RIO para comentar o assunto, a Azul confirmou o ocorrido, destacando, contudo, não ter havido nenhum tipo de problema na aterrissagem.

”A Azul informa que, durante o voo AD 5121 CGH/RRJ, um cliente se sentiu mal e, por isso, foi pedido prioridade de pouso. O procedimento ocorreu normalmente sem intercorrências”, disse a companhia.

Título e Texto: Redação, Diário do Rio, 27-11-2022

Uma série sem mi-mi-mi

Seal Team não tem compromisso com a correção política e não negocia com bandidos e terroristas


Dagomir Marquezi

Você provavelmente nunca ouviu falar de uma série chamada Seal Team. A mídia não fala dela, nunca ganhou um prêmio importante, não é divulgada. E isso não tem nada a ver com sua qualidade. Seal Team é uma produção de alta qualidade que não se rendeu ao inferno restritivo da correção política.

Seal Team mostra uma equipe de elite de Marines americanos que de uma hora para outra são retirados de suas vidas normais para resolver alguma situação grave em algum lugar perigoso do mundo – Irã, China, Coreia do Norte, México… No capítulo 7 da primeira temporada eles vão resgatar uma vítima de sequestro do Hezbollah na tríplice fronteira. E elogiam o trabalho dos militares brasileiros – “O Brasil não é o Paraguai”, diz um dos personagens.

Em Seal Team, terroristas, piratas e chefões do tráfico são abatidos sem relativismos culturais ou problemas de consciência, não importa a cor de suas peles. Mulheres não são tratadas como vítimas, mas como partes fundamentais da equipe, escolhidas pela competência, dedicação e coragem.

Janaína Xavier


[As danações de Carina] Eu só queria saber...

Carina Bratt

EM QUE PARTE DE VOCÊ ele ficou? Me diga, me esclareça. Preciso saber. Necessito dessa resposta. Careço dela para ontem, de maneira urgente. Ah, Você não sabe, não é mesmo?!   Eu sei que você não sabe. E você também sabe que eu sei que você não sabe. Pois é. Jogo de palavras. Discursos vazios, manifestos ocos, ilógicos, discordantes, destituídos de fundamentos coerentes e afinados, sonantes e harmoniosos.

Compreenda, lado outro, que em mim, dele, em mim, dele, nada restou. Nem um resquício (1) de saudade. Nada de nada para se guardar como lembrança, como recordação perene, infinda, e sempiterna, tipo assim, uma coisa rara, porfiosa (2), um brilhante consistente, uma joia imarcescível de valor inestimável e perpétuo. Algo mais específico e precioso que ficasse no ‘para sempre’ dentro de ‘nossa alma’, ou pelo menos, na minha. 

Por falar em alma, me lembrei Raul de Leoni que assim a descreveu: ‘Em teu delirante desalinho, crês que te moves espontaneamente, quando és na Vida um simples rodamoinho... formado dos encontros da torrente’ (3). Como se pode perceber, um delirante e desvairado desalinho, algo fósmeo (4), além do trivial, do corriqueiro, irmanado ao nosso sangue, grudado como chiclete em nosso DNA.

Todavia, se movendo espontaneamente embalado ao sabor dos encontros da torrente. De repente, não mais que isso, de repente, num piscar estagnado e abjeto de olhos, entre um minuto e outro, num segundo ligeiro e escorregadio, eu diria, tudo se transformou numa metamorfose ambulante, repulsiva, pavorosa e ignóbil. O amor foi para o espaço. Feneceu. A alegria, junto com ele, se partiu em mil pedaços.

Centro de...?


Foto: Rafa Pereira

[Antigamente] Garota de Ipanema

Helô Pinheiro

Heloísa Eneida Paes Pinto Mendes Pinheiro, (Rio de Janeiro, 7 de julho de 1943) é uma apresentadora, empresária e ex-modelo brasileira. Ficou conhecida por ter sido a musa inspiradora de Tom Jobim e Vinicius de Moraes para a canção "Garota de Ipanema", que projetou a bossa nova internacionalmente. Faz parte da lista das 10 grandes mulheres que marcaram a história do Rio de Janeiro.

A Garota de Ipanema

A canção foi composta quando Tom Jobim e Vinícius de Moraes viram a jovem Heloísa Eneida, com apenas 17 anos, andando distraída de biquíni pelas areias quentes da Praia de Ipanema. 

A letra foi interpretada, desde sua composição em 1962 até os dias de hoje, em português, e também em inglês, pelos mais diversos e afamados cantores Internacionais, a exemplo de Frank Sinatra, Amy Winehouse, Cher, Mariza e Madonna, além da banda de rock Sepultura, o boygroup sul-coreano SHINee e outros artistas brasileiros. A canção fora ainda objeto de uma versão instrumental para tema do filme Garota de Ipanema, de 1967.

Wikipédia

Texto revelação da Garota de Ipanema, por Vinicius de Moraes, em 1965:

Seu nome é Heloisa Eneida de Menezes Paes Pinto, mas todos a chamam de Helô. Há três anos atrás ela passava ali, no cruzamento de Montenegro e Prudente de Morais, em demanda da praia, e nós a achávamos demais. Do nosso posto de observação, no Veloso, enxugando a nossa cervejinha, Tom e eu emudecíamos à sua vinda maravilhosa. O ar ficava mais volátil como para facilitar – lhe o divino balanço do andar. E lá ia ela toda linda, a garota de Ipanema, desenvolvendo no percurso a geometria espacial de seu balanceio quase samba, e cuja fórmula teria escapado aos egípcios, teria escapado ao próprio Einstein: seria preciso um Antônio Carlos Jobim para pedir ao piano, em grande e religiosa intimidade, a revelação do seu segredo.

sábado, 26 de novembro de 2022

Copiando a Euronews: "No comments"

Jair Messias Bolsonaro, Presidente da República Federativa do Brasil, 26 de novembro de 2022

Devolvamos ao Ocidente o seu significado original

Václav Klaus

Um pré-requisito para encontrar o caminho certo para a recuperação do Ocidente é livrar-se dos nossos próprios erros e pressuposições, não culpando o mundo em nosso redor

Václav Klaus

O 17 de Novembro é um dia importante para a República Checa. Nesse dia, há exatamente trinta e três anos, teve lugar uma manifestação estudantil originalmente pequena no centro de Praga. Os participantes, incluindo o meu filho, foram brutalmente agredidos pela polícia comunista. Esse comportamento agressivo iniciou um processo de alteração social que ficou conhecido como a “Revolução de Veludo”.

Chegou no momento certo. O comunismo já estava tão fraco que não era capaz nem estava pronto para se defender com eficácia. Digo repetidamente que o comunismo não foi derrotado. De alguma forma, derreteu.

A “Revolução de Veludo” é considerada um marco fundamental da história moderna. Tornou-se o ponto de partida da nossa caminhada em direção à liberdade, democracia parlamentar e à economia de mercado. E no sentido de uma vida normal. Três semanas depois, fiz parte do primeiro governo pós-comunista e assumi a importante pasta de ministro das Finanças. Essa circunstância deu-me a oportunidade de preparar e organizar uma radical transformação económica, social e política do país.

Mencionar este evento histórico já quase esquecido não é sem propósito. A experiência Checa, tanto antes como depois da queda do comunismo, não deve ser esquecida ou negligenciada. Pode-se aprender muito com ela. Deve tornar-se uma lembrança presente nos nossos atuais esforços para lidar com o momento muito problemático que vivemos da história humana. Devemos estar atentos, mais do que em qualquer altura destes trinta e três anos. Estamos numa encruzilhada. De novo.

O comunismo empobreceu-nos em muitos aspectos. Privou-nos de muitas “normalidades” que os cidadãos de países livres consideram – e sempre consideraram – um dado adquirido. Vivi 60% da minha vida antes do fim do comunismo. Não foi um período curto. Foi uma perda, uma privação, um empobrecimento. Por outro lado, foi uma oportunidade de aprender muito durante essa época. A nossa visão do mundo está, portanto, mais aguçada e, sem surpresa, a nossa análise da era atual mais crítica.

Nova Zelândia: mais um laboratório do Totalitarismo Climático

Jacinda Ardern criou recentemente um “imposto animal” que objetiva taxar o metano lançado pelos animais por arrotarem e soltarem puns

Ricardo Felício

Quando falamos em “mudanças climáticas”, já sabemos que o assunto não será sobre clima, mas o quanto devemos pagar pelo nosso pecado de existir neste mundo. Além de consumirmos petróleo, madeira, água, usarmos o solo, as rochas etc., ainda temos que acrescentar ao nosso pecado, o simples ato de que precisamos comer. Assim, todo o abastecimento alimentício também tem uma culpa neste cartório global climático.

No caso específico, abordaremos o envolvimento da produção de carne. Para os ambientalistas que projetam a sua concepção revolucionária climática, o gás metano (CH4) é tão mortal quanto o CO2, embora até hoje não saibamos para quem está direcionada a tal ameaça de mortalidade, ou para a humanidade, ou para o planeta. Tal conjectura baseia-se, como sempre, na falsa hipótese das “forçantes radiativas” (ou farsantes radiativas) adotadas pelo IPCC, o painel do clima da ONU, onde o metano teria a infeliz propriedade de ser dez, 20 (já vi até 38) vezes mais “estufa” que o dióxido de carbono, o que o elegeria um “super-estufa”, mesmo que a sua concentração na atmosfera seja insignificante, de apenas 0,00018% (o CO2 é de cerca de 0,035 a 0,038%) ou seja, um gás traço dentro dos traços.

Ele é medido em partes por bilhão de moléculas, de forma que seria impossível que realizasse o efeito supostamente deletério que o condenam. O metano ainda tem uma ficha corrida interessante: tem vida média baixa na atmosfera, não colaborou com o IPCC nas suas taxas de crescimento (caindo, inclusive, por décadas) e suas fontes são esmagadoramente naturais, sendo bastante duvidosas as estimativas das concentrações atribuídas às atividades humanas, ou seja, deste valor insignificante da sua concentração total, a contribuição humana sequer poderia ser avaliada. Nestes termos, implicar com o metano só significa criar mais problemas para a humanidade nas atividades produtivas que já possuem os seus próprios problemas reais em demasia.

A cara do totalitarismo

Contudo, a agenda climática precede às demandas humanas, pois o planeta “pede” socorro (a humanização da matéria é sempre surreal). E na implementação de medidas urgentes de controle climático, seja lá o que isto represente na mente destes sujeitos, algo precisa ser feito e começamos a observar os seus agentes trabalhando em experimentos laboratoriais pelo mundo, onde estão a criar os meios de controle tão necessários. Assim sendo, um dos laboratórios mais avançados para tais medidas draconianas passou a ser a Nova Zelândia.

O assassino que era “eles”

A militância LGBT&Cia. reconhece, sem reparar, o favorecimento que a sua cultura da vitimização suscita. Tanta lamúria contra o privilégio acabou por produzir peculiares nichos de privilegiados

Alberto Gonçalves

Há dias, numa cidade do Colorado, um sujeito armado entrou numa discoteca gay, matou cinco pessoas e feriu dezoito. O acontecimento tinha tudo para excitar os “media”, que à questão do controlo das armas podiam acrescentar o “crime de ódio”, protagonizado pelo típico fanático de extrema-direita, motivado pela “homofobia”, o “fascismo”, o “trumpismo”, o “divisionismo”, o “racismo”, a “supremacia branca” e a reação conservadora ao avanço das políticas “identitárias”. As redes sociais já acendiam fogueiras e preparavam a festança. Estava a caminho um drama nacional, quiçá global.

Infelizmente, os advogados do homicida tornaram pública a informação de que este se diz “não-binário” e que atende pelos pronomes “they/them”. Ou seja, que em princípio integra a popular “comunidade” LGBTPlus. Num ápice, a maioria dos “media” moderou o assunto quase ao ponto do sumiço. Quanto às redes sociais, e a uma minoria rija dos “media”, aproveitaram as fogueiras, entretanto acesas para, inabaláveis, prosseguir o berreiro contra a “homofobia”, o “fascismo”, o “trumpismo” etc. E para colocar em causa que o assassino seja de facto aquilo que diz ser.

Aqui é que a história começa a ficar interessante. O primeiro mandamento nas Novas Tábuas da Lei ordena: “Nunca duvidarás da forma pela qual um indivíduo se identifica, ou do género que adopta, opções que respeitarás cega e inequivocamente”. Sucede que, no caso do homicida do Colorado, houve quem desatasse a duvidar. Para inúmeros simpatizantes da “causa” LGTBExtra, o homicida é mentiroso e os advogados do homicida são mentirosos. Dando voz aos gritos de milhares de anónimos, uma transsexual convidada pela CNN diz que viu imagens e concluiu de imediato tratar-se de um homem, e dos “binários”.

Não sei se a tal transsexual da CNN também não seria apenas um moço com peruca. Sei que, a partir do instante em que se manda às malvas o direito à “autoidentificação” de acordo com interesses circunstanciais, a arbitrariedade do exercício é exibida às claras. Urge, pois, reescrever o primeiro mandamento: “Nunca duvidarás da forma pela qual um indivíduo se identifica, ou do género que adopta, opções que respeitarás cega e inequivocamente, exceto se isso criar engulhos aos delírios que gostamos de espalhar”. De repente, a possibilidade de se poder fingir ser o que não se é torna-se real. E, com uma crueldade que só se conhecia no heteropatriarcado branco, passe o pleonasmo, despacha-se o pobre homicida com os pronomes “he/him”.

[Versos de través] The sorrow of love

William Butler Yeats

The quarrel of the sparrows in the eaves, 
The full round moon and the star-laden sky,
And the loud song of the ever-singing leaves,
Had hid away earth’s old and weary cry . 

And then you came with those red mournful lips,
And with you came the whole of the world’s tears,
And all the trouble of her labouring ships,
And all the trouble of her myriad years. 

And now the sparrows warring in the eaves,
The curd-pale moon, the white stars in the sky,
And the loud chaunting of the unquiet leaves,
Are shaken with earth’s old and weary cry. 

William Butler Yeats

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

São Paulo volta a obrigar uso de máscaras no transporte público

Regra começa a valer a partir deste sábado, 16

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Os moradores do Estado de São Paulo foram obrigados a retomar o uso de máscaras contra a covid-19 no transporte público a partir deste sábado, 26. A decisão foi tomada depois da recomendação do Conselho Gestor da Secretaria Estadual de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde, com base no atual cenário epidemiológico da doença.

O governo determinou que a medida seja adotada em ônibus, trem e metrô de todos os municípios do Estado. Segundo o Conselho, o aumento das internações em 5% ao dia para pacientes em UTI e 7% ao dia no caso das enfermarias está começando a “pressionar os sistemas de saúde público e privado”.

Na terça-feira 22, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu pelo retorno da obrigatoriedade do uso de máscaras em aeroportos e aviões. A medida passa a valer em todo o país a partir de amanhã. Em agosto deste ano, o uso de máscaras de proteção facial havia deixado de ser obrigatório em aeroportos e aeronaves no Brasil.

Projeto contra obrigação

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) informou que vai protocolar um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) contra a decisão da Anvisa de exigir o uso de máscaras em aeroportos e aviões. O anúncio foi feito na quarta-feira 23, por meio de uma publicação no Twitter.

Fim de semana no Rio deve ser de dias nublados e pancadas de chuva

Até a segunda-feira, dia de jogo da Seleção na Copa do Mundo, o tempo deve se manter instável e com possibilidade de chuva

Foto: Rafa Pereira

Larissa Ventura

O fim de semana no Rio não será de praia. Segundo o Alerta Rio, plataforma disponibilizada pela Prefeitura da cidade, o fim de semana deve ter dias nublados e com possibilidade de pancadas de chuva.

No sábado (26/11), a previsão é de um dia encoberto e com pancadas de chuva isoladas a qualquer momento. A temperatura deve variar entre 18°C e 26°C.

O domingo (27/11) deve ser bastante parecido, mas com a mínima de 19°C e a máxima de 24°C.

Na segunda-feira (28/11), dia de jogo da Seleção, o tempo se mantém nublado e com chances de chuva.

Nesta sexta-feira, o tempo fica instável na cidade do Rio, por conta da atuação de um sistema de baixa pressão no oceano, associado a ventos em médios e altos níveis na atmosfera. A mínima prevista é de 19°C e a máxima de 28°C.

Título e Texto: Larissa Ventura, Diário do Rio, 25-11-2022

[Aparecido rasga o verbo] Nossos subterrâneos da liberdade ficaram descalços

Aparecido Raimundo de Souza

FALARAM TANTO, mas tanto em transparências, em lisuras, em asseios e decoros... colocaram as “urnas eletrônicas” em pedestais leirados (1), intocáveis e “in” mancháveis (2), longe das enegrecencias (3) e achavascamentos (4), distante de invasores inescrupulosos, divorciados quilometricamente de sádicos e perversos que toda a “população votante” abonou piamente. Na verdade, taparam nossos ouvidos às maledicências (5). Pior: fecharam nossos olhos. Amordaçaram nossas línguas e bocas. Bocas, ou meras comedoras de lavagens? Podem escolher. Tempo senhoras e senhores é o que não nos falta. Mandaram para os quintos do deus Alexandre, o “Grande”, as nossas esperanças. Acorrentaram nossas mãos e pés. Por um momento de pura imbecilidade, acreditamos que tudo seria diferente.

Juramos, por breves desvios da realidade que estávamos vivendo num país de homens sérios. Chegamos a botar fé nesses calhordas. E por essa “fé-de-mais” inabalada e fajuta, brega e sem noção ter sido em demasia, acabamos todos emporcalhados e fedidos. Perdão fodidos. Tomamos em nossos rabicós de verde e amarelo. As “urnas eletrônicas”, ou as delicadas “ur”I”nas, melhor dito, as intocáveis e virginais donzelas, viraram moedas de trocas. Deixaram de ser coisas sagradas, invioláveis e mandaram para a casa do caralho, as garantias das blindagens. Por momentos pareceram livres de criaturas funestas e de hackers de sindicatos e carteirinhas do “Papai Trambiqueiro”.

Por breves cochilos também repetimos, como todos os brasileiros que amam de peito aberto e o coração em festa, a sua Terra Mãe, a ponto de, no calor da emoção sentida, darmos “vivas ao brazzzil dos brasileiros”. Dos brasileiros?! Vamos rir?. Kikikikikikikikikikikikikikikikikikiki! Engolimos goela abaixo, como favos de mel, logo em seguida, as melopeias (6) disfarçadas, saídas dos armários das putas que as pariram. As meretrizes seguiram assanhadas. Doidivanadas (7). Por conta da nossa estupidez galopante, nos deixamos ser levados, ao deus dará, pelas ditas cantilenas sonoras e desconcertantemente abruptas dos inescrupulosos “desconhecidos”. Desde então, ou desde sempre, o brazzzil deixou definitivamente de ser o nosso brazzzil.

Seus donos, em dias de hoje, são os empolados e vigaristas, os “pinguinsfachins” (8), ou mais precisamente, o gostosão Lex Luthor da Corte Suprema. Igualmente nos envolvemos nas malhas dos ocultos malignos. Nos deixarmos ser aferrolhados, tiranizados. Nos tornarmos bestas-cargas de cargas bestas, encadeadas em desvãos escuros e encobertos pelas ousadias sem limites dos “Resguardados”, usque dos “Pilantras” que venderam e barganharam as próprias mães para conseguirem chegar onde desejavam.  Vejam, senhoras e senhores, no que deu. Com isso, os puros de espírito, os que tinham e ainda têm sangue nas ventas (logicamente fazemos aqui referências aos cidadãos que morreriam pelo país, se preciso fosse), sinalizamos evidentemente os saudosos de cabelos brancos, os verdadeiros donos de uma Fidelidade que veio com eles, nas bolsas, trazidas dos tempos dos berços.  

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Basta!

Flávio Gordon

Como forma essencial para o restabelecimento e a manutenção da paz social, cabe às autoridades da República, instituídas pelo Povo, o exercício do poder que ‘Dele’ emana, a imediata atenção a todas as demandas legais e legítimas da população, bem como a estrita observância das atribuições e dos limites de suas competências, nos termos da Constituição Federal e da legislação” (Às Instituições e ao Povo Brasileiro, nota oficial dos comandantes das três forças armadas, em 11 de novembro de 2022)

Treze minutos! Foi o tempo que Alexandre de Moraes levou para reagir à entrevista coletiva na qual o PL apresentou o seu relatório técnico, elaborado por engenheiros do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), apontando problemas nas urnas eletrônicas anteriores a 2020 e pedindo a anulação dos votos registrados nesses equipamentos no segundo turno. E o fez da maneira habitual: com parcialidade e politicagem rasteira. Sem, obviamente, ter tido tempo para cumprir o único dever que lhe caberia enquanto presidente do tribunal eleitoral (já que, desgraçadamente, existe no país um tribunal eleitoral), Moraes resolveu posar de enxadrista político, tentando intimidar os querelantes por meio de despacho dando prazo de 24 horas para inclusão de material também referente ao primeiro turno da corrida eleitoral. Num contexto de colapso total do Estado de Direito, e de omissão das instituições que deveriam resguardá-lo, já nem mais nos espantamos que um magistrado trate abertamente como inimigo político uma das partes em disputa judicial que lhe impende julgar. Eis o “novo normal”.

Mas, posto que estranhamente acostumados a uma tão distópica situação nacional, precisamos com urgência recobrar o senso de realidade e o brio coletivo para afirmar que, obviamente, a brincadeirinha de Reich tropical ou de stalinismo moreno já foi longe demais. O personagem em questão parece ter acreditado na fábula lisonjeira contada pela imprensa sicofanta, que o vem tratando – a sério e de maneira elogiosa! – como xerife. Sua cerimônia de posse na presidência do tribunal eleitoral teve tons imperiais e esgares mussolinianos. Todavia, não há juízes-xerifes ou juízes-imperadores numa república que se pretenda democrática. Numa tal república, o cidadão Alexandre de Moraes é igual aos outros. Na condição de servidor público de alto escalão, aliás, deveria sê-lo até um pouco menos, no sentido de estar mais exposto a críticas e cobranças por parte da sociedade. O seu poder, sobretudo, só pode derivar do que prevê a Constituição, na ausência da qual perde toda a legitimidade.

Moraes e os outros ministros trataram pelo menos metade do eleitorado – aquela metade que não simpatizava com o candidato deles – com deboche e rancor. Aos anseios por transparência, responderam com censura e ameaças. Às dúvidas sobre segurança, com piadinhas