Independentemente do resultado eleitoral, “o que já podemos perceber na vida nacional é um retorno ao vício em narrativas como maneira de fazer política”
Rodrigo Amorim
À parte as discussões sobre a legitimidade do resultado eleitoral e a idoneidade das urnas eletrônicas, o que já podemos perceber na vida nacional é um retorno ao vício em narrativas como maneira de fazer política. Pouca ação, muita lacração, é a tônica dos governos de esquerda. Consideram “política pública” o ato de fazer puro paternalismo para com os “povos desfavorecidos”. A velha e ruim demagogia, a política clientelista disfarçada de bondade e “empatia”.
Deputado Rodrigo Amorim, ALERJ |
E eis que a expressão da moda
é “Povos Originários”, tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem). Em um país com 522 anos de história, miscigenação, migrações e lutas,
eis que um partido assume o poder e “descobre” que há povos que merecem mais
atenção do que outros, uma minoria de 500 pessoas-relíquias em meio a 200
milhões de habitantes (os tais “todos os brasileiros” para os quais o eleito
iria governar).
Mais uma vez, cria-se um nicho
político para abrigar “povos originários” e obter os dividendos eleitorais da
atitude boazinha. E nós, que temos de lidar com a realidade, como ficamos, o
que entendemos?
Acredito primeiramente que o papel dos povos originários é qualquer um, menos ser estorvo ao desenvolvimento que os resgata da doença, da fome e da violência. Por exemplo, a “Aldeia Maracanã”. É papel do “povo originário” ocupar e favelizar a área pública ao lado do maior e mais relevante equipamento desportivo do mundo? Ou aquele espaço deveria ser definitivamente integrado ao complexo esportivo e ser pólo de geração de empregos e renda? O que pode ser mais benéfico para a maior quantidade de pessoas possível (inclusive pros “originários”!)? Ou seja: o que é mais democrático?
Já sabemos a resposta, mas
esta ficará soprando no vento, como cantam alguns. O fato é: em tempos nos
quais o descondenado vai fazer graça no Egito em jatinho de empresário amigo e
falar em painéis sobre “povos originários”, o que podemos esperar? Qual a
seriedade de uma corrente política que tenta proibir até que se chame índio de
“índio”?
Se eu fosse fazer o Enem,
minha proposta para os povos originários seria o mesmo processo dos povos da
Inglaterra antes das invasões romanas ou dos nossos índios diante da chegada
dos portugueses: integrar, aprender, trocar conhecimentos, participar do
progresso.
Já a proposta do descondenado
seria manter os “originários” numa redoma de lacração, onde continuariam com o
“acesso” à varíola e à febre amarela, afinal, vacina é coisa de povo civilizado
e, quem sabe, “fascista”.
Nesse “Enem”, podem ter
certeza: eu seria reprovado com louvor.
Título e Texto: Rodrigo
Amorim, Deputado estadual pelo PTB, Diário do Rio,
17-11-2022
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