Murray N. Rothbard
Muitas pessoas acreditam que o livre mercado, apesar de algumas admitidas vantagens, é um retrato da desordem e do caos. Nada é “planejado”, tudo é fortuito. Já os ditames governamentais, por outro lado, parecem ser simples e ordeiros; decretos e leis podem ser criados, aprovados, impingidos e obedecidos. Em nenhuma área da economia esse mito é mais predominante do que no campo monetário. Para estas pessoas, é inquestionável que pelo menos o dinheiro tem de estar submetido a um estrito e severo controle governamental.
Foto: Priscila Zambotto/Getty Images |
Mas o dinheiro é o sangue de
toda a economia; ele é o meio que possibilita todas as transações. Se o governo
passa a controlar o dinheiro, então ele já capturou um posto de comando vital
sobre toda a economia, e assegurou um trampolim para o pleno socialismo.
Vimos também que um livre
mercado monetário, contrariamente às pressuposições comuns, não seria caótico,
e que, com efeito, poderia ser um modelo de ordem e eficiência.
E o que aprendemos a respeito do governo e do dinheiro? Aprendemos que, ao longo dos séculos, os governos foram contínua e crescentemente se intrometendo no livre mercado até finalmente tomarem o total controle do sistema monetário. Vimos que cada novo controle criado, muitas vezes aparentemente inócuo, dava ensejo a novos e mais profundos controles. Vimos que os governos são inerentemente inflacionários, uma vez que a inflação é um mecanismo tentador para se adquirir receitas para o estado e para seus grupos de interesse favoritos. A captura lenta, porém decisiva, das rédeas monetárias foi, portanto, utilizada para (a) inflacionar a economia a um ritmo estipulado pelo governo, e (b) criar uma tendência mais socialista para toda a economia.
Adicionalmente, a intromissão
do governo no âmbito monetário não apenas trouxe ao mundo uma tirania nunca
antes vista, como também gerou o caos em vez da ordem. Essa intromissão
fragmentou destrutivamente o pacífico e produtivo mercado mundial, fazendo com
que o comércio e os investimentos fossem tolhidos e obstruídos por uma miríade
de restrições, controles, taxas de câmbio artificiais, colapsos monetários etc.
A intromissão ajudou a produzir guerras ao transformar um mundo de relações
pacíficas em uma selva de blocos monetários em constantes desavenças e guerras
cambiais, o que estimulou o protecionismo e dificultou o comércio mundial.
Em suma, descobrimos que a
coerção, tanto no âmbito monetário quanto em outras áreas, produz não a ordem,
mas sim o conflito e o caos.
Título e Texto: Murray N. Rothbard, “O que o
governo fez com o nosso dinheiro?”, Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2013,
páginas 73 e 74
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