segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
domingo, 27 de fevereiro de 2022
Presidente: posição do Brasil sobre conflito na Ucrânia é de cautela
Bolsonaro concedeu hoje uma entrevista
coletiva à imprensa
Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (27) que o voto do Brasil em resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia é livre, com equilíbrio.
Ele acrescentou que o Brasil
não defende “nenhuma sanção ou condenação ao presidente Putin”.
“Nossa posição tem que ser de
bastante cautela, não podemos ao tentar solucionar um caso que é grave, ninguém
é a favor de guerra em lugar nenhum do mundo, trazemos problemas gravíssimos
para toda a humanidade e para o nosso país que também está nesse contexto”,
afirmou em entrevista coletiva à imprensa, no Forte dos Andradas, no Guarujá,
litoral de São Paulo.
Conversa com Putin
Bolsonaro disse ainda que conversou, neste domingo, com presidente da Rússia, Vladimir Putin, por telefone, sobre a guerra e questões comerciais, como a importação de fertilizantes pelo Brasil. “Estive conversando com o presidente Putin, mais de duas horas de conversa. Tratamos de muita coisa. A questão dos fertilizantes foi a mais importante. Tratamos do nosso comércio. E obviamente ele falou alguma coisa sobre a Ucrânia, mas me reservo a não entrar em detalhes da forma como vocês gostariam”, disse Bolsonaro.
Brasileiros que saíram de Kiev chegam à Romênia
Eles saíram na tarde de ontem e foram de trem até Chernivtsi
Luciano Nascimento
Um grupo formado por 37
brasileiros e dois uruguaios chegou hoje (27) à Embaixada do Brasil na Romênia.
A informação foi publicada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, em uma
rede social. De acordo com o presidente, todos do grupo, que partiu da capital
da Ucrânia, Kiev, chegaram em segurança e bem de saúde.
“Um grupo de 39 pessoas (37
brasileiros e 2 uruguaios), que partiu de Kiev, chegou à embaixada do Brasil na
Romênia. 2- Estão todos bem de saúde e em segurança”, disse Bolsonaro.
Entre os integrantes do grupo
estão os brasileiros que jogam no time ucraniano Shaktar Donestky e seus
familiares. Eles saíram na tarde de ontem (26) e foram de trem até a cidade de
Chernivtsi, no oeste da Ucrânia. De lá, tomaram um ônibus que os levou até a
Romênia.
Bolsonaro disse ainda que os
jogadores receberam apoio integral da União das Federações Europeias de Futebol
(Uefa), que custeou transporte rodoviário e hospedagem na capital húngara,
Bucareste.
O presidente disse ainda que a
Embaixada do Brasil estabeleceu um posto avançado na fronteira com a Moldova
(caminho entre Kiev e Romênia) para recepcionar os brasileiros “que por ventura
cheguem desgarrados por aquela região fronteiriça.”
O presidente também disse que o governo brasileiro está disponibilizando duas aeronaves, modelo KC- 390, para transportar as pessoas que desejam retornar ao Brasil.
Guerra entre Rússia e Ucrânia pode impactar inflação e PIB no Brasil
Combustíveis, alimentos e câmbio sofrem efeitos do conflito
Wellton Máximo
A invasão da Ucrânia por tropas russas pode produzir impactos econômicos a mais de 10 mil quilômetros de distância. O Brasil pode sentir os efeitos do conflito por meio de pelo menos três canais: combustíveis, alimentos e câmbio. A instabilidade no Leste europeu pode não apenas impactar a inflação como pode resultar em aumentos adicionais nos juros, comprometendo o crescimento econômico para este ano ao reduzir o espaço para a melhoria dos preços e do consumo.
Foto: Bernadett Szabo/Reuters |
Segundo a pesquisa Sondagem da
América Latina, divulgada nesta semana pela Fundação Getulio Vargas (FGV), as
turbulências na Ucrânia devem agravar as incertezas que pairam sobre a economia
global nos últimos meses. No Brasil, os impactos deverão ser ainda mais
intensos. Uma das razões é a exposição maior aos fluxos financeiros globais que
o restante da América Latina, com o dólar subindo e a bolsa caindo mais que na
média do continente.
A própria pesquisa, que ouviu
160 especialistas em 15 países, constatou a deterioração do clima econômico. Na
média da América Latina, o Índice de Clima Econômico caiu 1,6 ponto entre o
quarto trimestre de 2021 e o primeiro trimestre deste ano, de 80,6 para 79
pontos. No Brasil, o indicador recuou 2,8 pontos, de 63,4 para 60,6 pontos, e
apresentou a menor pontuação entre os países pesquisados.
Grande parte da queda atual
deve-se ao Índice de Situação Atual, um dos componentes do indicador, que
reflete o acirramento das tensões internacionais e o encarecimento do petróleo
no início de 2022. O outro componente, o Índice de Expectativas, continuou
crescendo, tanto no continente como no Brasil, mas a própria FGV adverte que o
indicador que projeta o futuro também pode deteriorar-se caso o conflito entre
Rússia e Ucrânia se prolongue.
Canais
Segundo a FGV, existem diversos canais pelos quais a crise entre Rússia e Ucrânia pode chegar à economia brasileira. O principal é o preço internacional do petróleo, cujo barril do tipo Brent encerrou a semana em US$ 105, no maior nível desde 2014. O mesmo ocorre com o gás natural, produto do qual a Rússia é a maior produtora global, cujo BTU, tipo de medida de energia, pode chegar a US$ 30, segundo disse nesta semana em entrevista coletiva o diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras, Rodrigo Costa.
[As danações de Carina] Voyeurismo provocado
Carina Bratt
DEITADA NA REDE da minha varanda, as vistas voltadas para a cidade, lá embaixo, por vezes penso em me fechar em copas. Cerrar as cortinas, me trancar todinha, por inteira, da cabeça aos pés, sem deixar brechas, sem abrir a guarda. Enfim, não dar trelas, não me importar, notadamente dispensando maiores cuidados aos olhos arregalados que me espiam, esbugalhados, como se eu fosse uma coisa rara. Apesar desse inconveniente, me sinto viva. Gosto dessa provocação. Esse desrespeito vem de butucas estranhas, oriundas de um furtivo apê do prédio em frente ao meu. Todos os dias, esse cara surfa meticuloso o meu privado, à procura da minha vida particular. Passeia num mar malicioso pegando ondas no meu cotidiano, ao tempo em que se faz nocivo e maligno ao meu descanso.
Parece, com esses gestos
incoerentes, querer me desnudar por inteira, ou pegar, de relance, um fio solto
dentro de meu corpo exposto. Ou por outra: descobrir alguma coisa fútil em meu
âmago e transformar essa banalidade despicienda em algo permanente, como uma
derrota inextinguível e perpétua que amanhã ou depois caia sobre meus costados
e me deixe prostrada, sem saída, sem escape, sem volta à minha vidinha normal.
Por conta de certos atropelos e entrechoques do dia a dia, da convivência com
criaturas hipócritas e traiçoeiras, dissimuladas e desleais, como o dono desses
olhos que me martirizam, passei a ficar esperta e acordada, ágil e destravada,
tudo para observar melhor as figuras que me rodeiam, principalmente aquelas que
convivem comigo e garantem (cruzando os dedinhos) com todas as letras, serem
‘AMIGOS’ e ‘AMIGAS’.
Embora nova na idade, me
tornei velhaca e esperta, ladina e astuta, especialmente no tratamento com
certos tipos de amizades que esbravejam e se mostram de ‘Peito Aberto’, ou que
rezam a cartilha recordando aquele velho ditado ‘Estou ao seu lado para o que
der e vier’. Aprendi que os ‘Amigos e Amigas de Verdade’ não se traduzem por
frases feitas. Apenas aparecem na hora em que mais precisamos de apoio e
consolo, de ouvir uma palavra de avivamento e que nos coloque para cima, que
abrem as portas do coração e nos enlevam a alma com a caridade voluptuosa da
compreensão. Os ‘Amigos e Amigas’ visto por um outro contexto mais aprofundado,
não nos abandonam aos reveses da sorte, ou ao deus dará.
Quero abrir aspas para explicar o que acabei de escrever acima. ‘De peito aberto, os ‘Amigos e Amigas’ espiam para dentro de nós não das alturas em que se encontram, em contrário, se alinham às nossas mazelas e ferimentos, achaques e dissabores e nos acalmam os frangalhos com gestos de ternura e procuram, com todo cuidado, nos tirar o peso da cruz pesada e tornar o fardo mais ameno e abrandado. Os ‘Amigos e amigas’ autênticos e justos, incorruptíveis e absolutos não cobram nada em troca, como não pedem favores. São como portas abertas nos convidando ao abrigo de um cantinho tranquilo. Euzinha mesma já fui luz acesa na escuridão, hoje farejo as trevas e as obumbrações que trazem tormentas e procelas, trovoadas e vendavais. Sei, todavia, a hora exata de recolher a minha rede, fechar as portas e janelas do meu quadrado e expulsar os inconvenientes e desagradáveis, que só querem se aproveitar da minha serenidade e quietude...’. E digo mais:
Falta um cordão sanitário em redor de PCP e BE
Nunca falha: se amanhã a Noruega entrasse em guerra com a Coreia do Norte, ninguém duvida para que lado tombariam os discursos do PCP e os corações do BE.
Alberto Gonçalves
As juventudes partidárias do
PS e do PSD organizaram para amanhã (domingo, 27 de fevereiro) uma manifestação
em prol da Ucrânia à porta da embaixada russa. Convidaram os restantes partidos.
Menos um. O Chega não vai porque não está na lista. O BE e o PCP não vão porque
não querem.
Este minúsculo episódio resume
na perfeição o ar que se respira na política nacional. A fim de condenar a
agressão a uma democracia europeia, a ortodoxia vigente, ou aquilo que aqui se
convencionou chamar “centro”, excluiu um partido que meio aos solavancos
condena a agressão e incluiu dois partidos que, assumida ou disfarçadamente, a
apoiam. É notável que, independentemente dos interesses e estratégias de cada
um, o primitivismo comunista continue a merecer o respeito “institucional” que,
por boas ou más razões, não se estende a uma “extrema-direita” errática.
O PCP, valha a verdade, não disfarça. Dias antes da invasão, o futuro ex-deputado António Filipe, cuja ausência da próxima legislatura suscitou lamentos pungentes à direita, escreveu no Twitter: “Biden decidiu que a Rússia tem de invadir a Ucrânia quer queira quer não queira. Se não invadir a bem terá de invadir a mal.” Entretanto, os camaradas do dr. Filipe produziram diversos argumentos, oficiais e oficiosos, para demonstrar que a Rússia, por instigação dos EUA e da NATO, é a solitária vítima desta história. A única crítica a Putin veio de Jerónimo de Sousa, que o acusou de “capitalismo” e de “atacar a União Soviética” [sic]. É possível que o chefe do PCP ainda habite em 1989. Ou em 1917.
O Bloco de Esquerda, que
também celebra 1917 e também não celebra 1989, optou pela habitual dissimulação
no que toca à Ucrânia, que com cinismo exige “neutral”. A canalhice é típica e
só convence perturbados: na semana passada, o BE citava Putin para explicar que
o governo ucraniano resultara de um golpe da “extrema-direita”; anteontem, a
fim de simular “solidariedade”, o BE desatou a explicar que Putin é que é de
“extrema-direita”. Em gente comum, tamanho contorcionismo provocaria hérnias
danadas. Os sacristãos do BE não são gente comum. Por flagrante hipocrisia, o
BE condena a invasão. Por convicção, tempera a condenação com as inevitáveis
referências aos EUA e à NATO, que, à semelhança do que acontece com o PCP,
representam tudo o que o BE abomina.
À semelhança do PCP, o BE abomina o Ocidente e os regimes democráticos em que o Ocidente se estrutura. Isto não significa que as nossas democracias não tenham defeitos. Têm imensos, nalguns casos a ponto de já nem se parecerem muito com democracias. A diferença é que um democrata gostaria de democracias melhores, mais sólidas, mais abertas, mais justas. E os comunistas do PCP e do BE querem acabar com elas.
Filhos da Guerra Fria
O conflito russo-ucraniano veio, mais uma
vez, mostrar o perigo das cruzadas ideológicas. A Ucrânia foi encorajada pelos
“aliados” a desafiar a Rússia, mas, na hora da verdade, ficou sozinha.
Jaime Nogueira Pinto
sábado, 26 de fevereiro de 2022
A elite desmascarada
Claro que as celebridades não usam máscara
— as regras sobre a covid-19 só se aplicam às pessoas comuns
Brendan O'Neil
A máscara caiu. Literal e metaforicamente. No último Super Bowl, em um estádio em Los Angeles lotado de pessoas, não havia uma máscara à vista entre o grupo de celebridades. Os fiscais moralistas que obtiveram um enorme prazer nos últimos dois anos mandando a plebe usar máscaras foram ao jogo desmascarados.
Talvez eles tenham prendido a
respiração por três horas? Vimos a atriz Charlize Theron sem um fio de tecido
no rosto, apesar de Los Angeles ter estabelecido o uso obrigatório de máscaras.
Essa é a mesma Charlize Theron que certa vez postou uma foto de si mesma com
uma máscara sofisticada com as palavras “Don’t be an ass #wearadamnmask” (Não
seja um idiota #useumamalditamascara, em tradução livre). Sabe, é só você, um
zé-ninguém, que precisa usar a porcaria da máscara, não pessoas tão lindas e
importantes quanto Theron.
A flagrante hipocrisia das
celebridades do Super Bowl deixou os usuários das redes sociais furiosos, e com
razão. Parece que, no Novo Normal, só “os empregados” usam máscara. E havia a
dama do descolado e do politicamente correto, Ellen DeGeneres, sorrindo
para selfies sem máscara, enquanto os funcionários do estádio
estavam com o rosto coberto. A plateia do talk show Ellen ainda
precisa usar máscara. Claro que precisa. Não podemos deixar DeGeneres respirar
o ar poluído dos não milionários.
Essa é a nova aristocracia da
covid-19 — se você consegue pagar as dezenas de milhares de dólares que custa
um camarote suntuoso no Super Bowl, você pode mostrar o rosto. Se não puder, e
é uma daquelas pessoas que ganha a vida trabalhando no Super Bowl, então você
precisa de uma focinheira. Tudo bem, os ricos exporem a respiração — são só os
perdigotos e os germes dos mais pobres que precisam ser abafados.
Os
estudantes de Los Angeles ainda estão amordaçados nas salas de aula, enquanto
milhares de fãs de esporte podem cantar e tagarelar quanto quiserem
Não foram só figuras como Charlize, Ellen, J-Lo e os demais que desconsideraram a obrigatoriedade da máscara em Los Angeles (que estipula que elas devem ser usadas em megaeventos). A maior parte dos 70 mil participantes dessa disputa entre o LA Rams e o Cincinnati Bengals também. Existe um elemento positivo nisso, claro: foram hordas de pessoas sensatamente se recusando a usar uma focinheira em um evento animado e enorme que envolve comer, beber, gritar e torcer. E, no entanto, a coisa toda ainda enfatiza a questão absurda dos “dois pesos, duas medidas” da máscara.
A fraqueza ocidental
Quando o xerife do mundo livre se mostra
pusilânime, os inimigos da liberdade ficam mais ousados
Rodrigo Constantino
A Rússia invadiu a Ucrânia nesta quinta-feira. Putin avaliou que toda a retórica dos líderes ocidentais não passava disso: pura retórica. O autocrata russo decidiu, então, avançar com seus planos imperialistas, para resgatar parte da configuração territorial que a então União Soviética tinha — lembrando que Putin, um ex-agente da KGB, considerou a queda da URSS uma “catástrofe geopolítica”.
Largado à própria sorte pelo
Ocidente “progressista”, resta ao povo ucraniano “ucranizar”, como fez contra
seu próprio governo e ficou documentado no filme Winter on Fire, e
demonstrar algum heroísmo na resistência ao imperialismo russo de Putin. Mas
todos sabem que, na prática, os ucranianos, sem uma ajuda concreta ocidental,
não possuem nenhuma chance de vitória.
Existem várias causas para
essa guerra, mas não podemos descartar como um dos fatores que desencadearam
esses eventos a fragilidade cada vez maior do Ocidente. Quando o xerife do
mundo livre se mostra pusilânime, os inimigos da liberdade ficam mais ousados.
O Ocidente precisa urgentemente de um novo Churchill, que conhecia a natureza
humana e estava disposto ao sacrifício para defender a civilização ocidental.
Diante da política de
“apaziguamento” com os nazistas, Churchill profetizou: “Entre a desonra e a
guerra, eles escolheram a desonra, e terão a guerra”. Churchill sabia que “um
apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser
devorado”. Essa percepção se aplica perfeitamente ao caso atual envolvendo a
Ucrânia.
Rússia, Estados Unidos e Grã-Bretanha
assinaram, em 5 de dezembro de 1994 com a Ucrânia, um acordo segundo o qual os
três países garantem a unidade territorial desta ex-república soviética, em
troca de que a mesma renuncie às armas nucleares. No documento, Rússia,
Grã-Bretanha e Estados Unidos elogiam a adesão da Ucrânia ao tratado de não
proliferação de armas nucleares e preveem que aquele país destrua todas as
armas que ainda possuir, em troca da garantia de sua integridade territorial.
Pelo visto, a política desarmamentista não funcionou muito bem para os
ucranianos…
Ben Shapiro foi direto ao
ponto: “Os britânicos entregaram o controle de Hong Kong à China em 1997 com a
promessa de que a China manteria a autonomia da área. A China mentiu. A Ucrânia
entregou suas armas nucleares em 1994, com apoio americano, em troca da
promessa da Rússia de não invadir. A Rússia mentiu”. A moral da história é bem
simples: “não confie nas promessas de ditadores. E as nações ocidentais que
facilitam concessões em troca de promessas de ditadores também não são
confiáveis a longo prazo”.
É
como achar que cantar Imagine e soltar bolas de sabão em
favelas levará a paz ao local
Para Shapiro, “o que a Rússia e a China estão demonstrando é que desafiar uma hegemonia global não exige que você seja particularmente forte. Requer apenas que a hegemonia seja fraca, inchada e obcecada por si mesma”. O que estamos vendo tem relação com mudanças nas placas tectônicas da geopolítica, mas não necessariamente pelo fortalecimento de Rússia e China, e sim pelo enfraquecimento ocidental.
4 tragos de vodca
As coincidências de um mundo que dá voltas
Caio Coppolla
1.
Velhos hábitos
Vladimir Putin tem um andar
característico, flagrado em múltiplas filmagens, que já foi até objeto de
artigos científicos. Em vez de movimentar os braços livremente, utilizando-os
como contrapeso aos seus passos, o presidente russo caminha de forma
assimétrica, com a movimentação reduzida em seu lado direito, dos ombros à mão.
Essa forma peculiar de marcha
— apelidada (e glamourizada) pela imprensa internacional como “gunslinger’s
gait” (o passo do pistoleiro, em tradução livre) — é
atribuída ao treinamento de agentes da KGB, o serviço secreto soviético, onde
Vladimir Putin chegou à patente de tenente-coronel.
Segundo os pesquisadores, a
proximidade do braço ao corpo favoreceria o acesso mais rápido ao coldre e a
agilidade no saque da arma numa eventual emergência. Assim caminham o líder
russo e seus velhos hábitos.
2.
Tempos difíceis e seus homens
Spiridon Putin, avô paterno do
presidente da Rússia, era cozinheiro pessoal de Lenin e outros líderes da
Revolução Russa — uma informação que, por algum motivo, foi mantida em sigilo
até 2018. Quando Stalin tomou o poder e perpetrou a carnificina dos
expurgos, chef Putin e sua esposa foram poupados: “Eles
eram, provavelmente, valorizados por serem pessoas de confiança”, comentou
Putin, o neto, nascido em 1952 em Leningrado, onde viveu com a família em um
apartamento comunitário.
Putin, o pai, nasceu em 1911,
com o país sob domínio czarista. Ainda na infância, testemunhou uma revolução,
uma guerra mundial e a fome russa, que matou cerca de 5 milhões dos seus
conterrâneos. Lutou na Segunda Grande Guerra e foi gravemente ferido por um
tiro de metralhadora; sobreviveu, assim como sua mulher, que resistiu ao cerco
a Leningrado, um morticínio que vitimou ao menos 2 milhões de russos, entre
militares e civis. Vladimir Putin é o filho mais velho desse casal — mas só
porque seus irmãos, nascidos antes, faleceram na infância.
Reza o provérbio oriental:
“Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas
homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes”…
Onde estaremos?
3.
Tempos fáceis e seus homens
Emmanuel Macron nasceu em 1977, formou-se em filosofia e graduou-se em administração com mestrado em políticas públicas. Tornou-se sócio do Rothschild & Cie Banque, que o fez milionário antes dos 35 anos. Já como presidente da França, lançou mão de uma estratégia velada e intelectualmente desonesta de protecionismo agropecuário contra o Brasil, amealhando quase 150 mil coraçõezinhos em sua postagem lacradora sobre a Amazônia em 2019, ilustrada pela foto de um incêndio de décadas atrás: “Nossa casa está queimando. Literalmente. A Floresta Amazônica — os pulmões que produzem 20% do oxigênio do nosso planeta — está pegando fogo. É uma crise internacional”. Claro que pulmões não produzem oxigênio, absorvem — exatamente o que faz a floresta, que consome a maior parte do gás liberado pela fotossíntese, embora contribua de outras formas para a ecologia e o clima do mundo. Mas o que salta aos olhos é a definição do presidente francês de crise internacional.
O Twitter e a censura do bem
Ao banir André Ventura, o Twitter
demonstrou não ser um espaço plural e democrático. Quem celebra este
acontecimento lembre-se que a cultura de cancelamento pode um dia atingir quem
hoje a celebra
Ricardo Lopes Reis
A Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia define liberdade de expressão como um direito que compreende a liberdade de opinião e a liberdade de receber e de transmitir informações ou ideias, ao qual qualquer pessoa tem direito. Pelo menos em teoria é um direito inegável a qualquer cidadão, uma vez que qualquer tipo de censura motivada por pura discórdia é algo impensável na sociedade ocidental moderna. Ainda assim, a notícia de que o líder do Chega, André Ventura [foto], tinha sido banido do Twitter, leva-me (a mim e a qualquer puro democrata e defensor da liberdade de expressão) a questionar se de facto as redes sociais são um Mundo de liberdade, ou um mero instrumento ideológico.
O caso de André Ventura
demonstra que o Twitter parece ter um sentido de controlo distorcido, uma vez
que não se preocupa em controlar incentivos ao ódio, como as sucessivas
demonstrações de Mamadou Ba, ou mesmo tweets de líderes de regimes ditatoriais
comunistas, como Nicolás Maduro, mas sim em banir e censurar personalidades
relevantes que tenham uma opinião que se diferencia da doutrina que a rede
social privilegia. O próprio Facebook já admitiu um controlo apertado a
publicações e personalidades de direita, mas nunca se pronunciou sobre o
incentivo ao ódio que a extrema-esquerda prega neste tipo de plataforma,
abrindo um verdadeiro “buraco-negro” para a discriminação ideológica e para uma
nova forma de censura e moldar do pensamento das massas.
Os mais atentos terão maior
facilidade em fazer uma análise às personalidades políticas em Portugal, que
mais vezes foram suspensas nas redes sociais, e compreender quantas eram
dirigentes, por exemplo, do Chega, e estabelecer uma comparação com dirigentes
do Bloco de Esquerda (muitos com discursos de total incentivo ao ódio e mesmo
ao combate à direita na rua), que parecem gozar de uma imunidade concedida a
todos os que propagam aquele que parece ser um “ódio do bem”.
Aliás, parece ser padrão que apenas indivíduos de uma certa linha ideológica sejam consecutivamente penalizados em vários campos (redes sociais, comunicação social ou mesmo no campo judicial), aproveitando para relembrar a rapidez da atuação da justiça no caso da família Coxi, em contrário com a total ausência de histerismo social e de punição assertiva ao apelo direto e claro de Mamadou Ba ao “combate nas ruas” aos militantes da Iniciativa Liberal e do Chega.
Onde pode chegar o Chega?
José António Saraiva
O partido de André Ventura está numa
encruzilhada: ou cresce ou afunda-se
Por que razão Marcelo Rebelo
de Sousa condecora os atletas portugueses que obtêm vitórias além-fronteiras, e
a generalidade do país aplaude?
Por uma razão chamada ‘orgulho
nacional’.
Que está na massa do sangue
dos naturais de qualquer nação (veja-se o que está a acontecer na Ucrânia).
Mas, sendo isto óbvio, que
partido nos últimos 20 ou 30 anos falou do ‘orgulho nacional’ e o assumiu?
Apenas um - e mesmo assim
recentemente.
Pior: forças políticas, como o
BE, empenharam-se não só em demolir esse orgulho como em diabolizar a História
de Portugal - apresentando os portugueses como um povo de salteadores que durante
séculos saquearam territórios noutros continentes.
E ninguém contestou - até há
pouco.
Isto, entre outros fatores, ajuda a explicar o sucesso do Chega.
Além disso, o Chega
empenhou-se em exaltar valores como a família, a hierarquia, a autoridade e a
ordem.
Dir-se-á que são valores
‘ultrapassados’.
São-no, de facto, numa perspectiva
de esquerda.
A esquerda ataca o
nacionalismo porque é ideologicamente internacionalista: «Proletários de todos
os países, uni-vos!».
A esquerda ataca a família porque quer ter os cidadãos dependentes do Estado - e a família constitui a primeira e mais importante rede de educação e assistência social.
"NON À LA GUERRE" – La Russie est-elle la forteresse rangée derrière son président que pense Vladimir Poutine?
Peu de temps après le début de l'offensive
russe en Ukraine, de nombreuses manifestations ont éclaté à travers la Russie,
malgré les menaces des autorités
La police bloque la Place Rouge avant une manifestation non autorisée contre l'invasion de l'Ukraine par la Russie, dans le centre de Moscou, le 24 février 2022 |
avec Viatcheslav Avioutskii
Atlantico : Lorsque la Russie annexe
la Crimée en mars 2014, des manifestations de joie ont éclaté dans de
nombreuses villes russes. Environ 90 % des citoyens appuyaient la décision de
Poutine qui permet de corriger « l’erreur » de Nikita Khrouchtchev en 1954, à
savoir le « don » de la Crimée à l’Ukraine. Comme pour la Crimée, la population
russe est-elle majoritairement satisfaite de la décision de Poutine ?
Viatcheslav Avioutskii : En 2014,
la population soutenait effectivement l’annexion de la Crimée. On appelait ça,
à l’époque « le printemps russe ». C’était une dynamique très importante de la
politique intérieure russe qui a boosté la popularité de Vladimir Poutine et
ce, pendant plusieurs années. Les Russes étaient prêts à souffrir des sanctions
au nom de ce choix. Parmi les partis politiques, seul le parti libéral
(Iabloko) a pris ses distances à l’époque. Ils sont aujourd’hui toujours contre
la guerre en Ukraine et l’annexion de la Crimée, et ils représentent 5 à 10 %
de l’électorat russe. Néanmoins, le soutien de la population russe, avant le
début de la guerre mais après la reconnaissance des deux républiques, était
bien plus divisé. Selon un sondage de CNN, 50%
soutenaient Poutine, 25% étaient contre et les autres ne se prononçaient pas.
En revanche, 60% de la population avait confiance en Poutine et 30% étaient
contre. On parle de plus en plus d’une société divisée.
Depuis le début de l’invasion de
l’Ukraine par la Russie, jeudi 24 février, plusieurs milliers de personnes sont
descendues dans les rues en Russie pour protester contre la guerre. Plus de 1
700 personnes ont été arrêtées, selon le site indépendant OVD-News. Ces
contestations sont-elles représentatives de l’opinion du pays ?
On a parlé d’environ 25 000 personnes qui se sont mobilisées dans 24 villes différentes de Russie. Les arrestations ont notamment eu lieu à Moscou et Saint-Pétersbourg. Ce qu’il faut savoir c’est qu’après janvier 2021, le retour de Navalny et le verrouillage de la situation politique, les gens ont peur. Donc même ceux qui s’opposent à la politique de Poutine ont peur. La Russie compte 144 millions d’habitants, donc est-ce que ce mouvement pacifiste est représentatif de la population ? Il est difficile de le dire. Il n’y a pas encore eu de sondage. Souvent, en situation de guerre, la population se mobilise autour du leader. On peut imaginer une forme de soutien au leader, au moins dans un premier temps, car les sanctions qui sont annoncées n’ont pas d’effet immédiatement. Peut être que dans quelques semaines ou mois, il y aura un changement d’opinion. Néanmoins, à mon sens, l’opinion publique russe n’est pas prête à un conflit militaire de grande envergure. Dans les années 1980, quand le pays était embourbé en Afghanistan, cela avait été très mal vécu. Il y avait eu un mouvement pacifiste, etc. Idem pour les deux guerres de Tchétchénie.
[Atualidade em xeque] Nunca subestime ninguém, pois o palhaço pode ser você
José Manuel
Simples, fácil de executar,
mas imensamente verdadeiro.
Mais de mil soldados mortos,
certamente, claro, os filhos dos outros, e pior, jovens, mais de dez aeronaves
abatidas, inclusive dois cargueiros militares gigantes, abarrotados de
paraquedistas, é um saldo nada abonador e vergonhoso para quem se achava o rei
da vodca e em apenas quarenta e oito horas de invasão e tudo isso russo.
O presidente da Ucrânia, o que
os "experts" facebukianos e
jornalistas sem noção adoram taxar de "o Danilo Gentili" ucraniano,
por ter sido ele no passado um comediante, está dando ao mundo um exemplo de
honradez e machismo, coisa que os "Machos" da Otan não conseguem nem
chegar perto.
VELODYMYR ZELENSKY, ao
perceber que seu país ficaria sozinho neste crime praticado por covarde da pior
espécie, honrou seu país vestindo uniforme militar e comandando seus
compatriotas a uma resistência feroz, foi à luta.
Este fato foi raramente visto
até hoje, principalmente se tratando de uma covardia sem par, é algo admirável,
mas os "experts isentões" adoram colocá-lo em evidência como um
ex-palhaço que teve a audácia de se tornar presidente. Ele não é apenas
presidente, mas hoje já pode ser considerado, sem dúvida, um herói nacional e a
nível dos maiores heróis do planeta, sem a menor dúvida.
Palhaço é aquele que no seu
próprio picadeiro manda prender milhares de civis, que desfilaram no seu
picadeiro vermelho, pedindo paz. Apenas e ordeiramente PAZ!
Cada hora que passa e são
apenas setenta e duas horas o traje típico de palhaço vai se ajustando como uma
luva ao psicopata de plantão.
Agora, o dito cujo boquirroto,
ameaça a Europa inteira com as suas bombinhas atômicas na cara de pau. Bem-feito!
Eu que sou expert em cachorros
e fuscas já sabia que isso iria ocorrer, há muito tempo e bota tempo nisso.
Mas os “donos do mundo " idiotas conhecidos, estão completamente desorientados sem saber o que fazer para não levar um buscapé repentino no seu quintal.
Manual prático para ler a mídia
Quando “Bolsonaro”, “Floresta Amazônica”, etc. etc. etc. entram no noticiário internacional, mude de página. O cidadão aplica melhor o seu tempo assistindo a um desenho da Peppa Pig
J. R. Guzzo
É uma pena, mas a vida tem dessas coisas. Um dos serviços mais úteis que a mídia brasileira poderia oferecer ao público infelizmente não está disponível no momento, e nem vai estar no futuro, próximo ou remoto. Seria um manual, tipo “como usar este produto”, com o seguinte título: “Guia Geral Para Você Perder o Mínimo Possível do Seu Tempo Lendo, Vendo ou Ouvindo Isto Aqui”. Em tese, já que o cidadão está pagando para ter acesso ao “conteúdo” — é assim que se fala hoje — dos veículos de comunicação, o que lhe entregam deveria servir para alguma coisa. Mas aí é que está: umas vezes serve, outras vezes não serve. Quando não serve, o leitor-ouvinte-telespectador não apenas está jogando tempo no lixo. Está sendo ativamente mal-informado — ou seja, fica sabendo menos do que sabia antes. É injusto, mas o que se vai fazer?
Uma sugestão: o roteiro
que Oeste apresenta nos parágrafos seguintes, com algumas
ideias que talvez ajudem o público pagante a desperdiçar menos energia, neurônios
e espaço de armazenagem mental com a quantidade de bobagens que a mídia lhe em
soca em cima sem parar. Não adianta, é claro, para fornecer a informação que
não está sendo dada. Essa vem ou não vem, muito simplesmente, e se não vem não
há o que fazer: você está pagando sem receber pelo que pagou, e pronto. A
tentativa sincera do manual que se segue, em todo caso, é ajudar a limitar o
seu prejuízo. Sempre é alguma coisa. Vamos lá:
· Vá para o mais longe possível, e de preferência
não volte mais para perto, de tudo o que lhe oferecerem como informação,
análise ou comentário de entendidos em “assuntos internacionais”. Tanto faz se
vem de um jornalista ou de um “perito” ouvido pelas redações — dá na mesma, em
matéria de inutilidade, porque nem um nem outro sabem do que estão falando em
praticamente 100% dos casos, e todos só pensam em passar adiante como realidade
o que têm dentro das cabeças como desejo.
Nada mais fácil para entender isso na prática do que o atual noticiário sobre a crise entre Rússia e Ucrânia. Os jornalistas-comentaristas-analistas internacionais decidiram, desde o primeiro minuto, que a Rússia ia invadir a Ucrânia com tropas, tanques e bomba atômica. Decidiram, também, que o bandido indiscutível da história era o presidente Vladimir Putin — nomeado pela mídia, depois de Donald Trump e junto com Jair Bolsonaro, o pior governante que há hoje no mundo, disparado, ainda por cima quando recebe uma visita ao vivo do próprio presidente brasileiro. Mas a Rússia demorou muito para atacar, e a mídia ficou inconformada com isso. Insistia, diariamente, que ia ter guerra, sim senhor — tinha de ter guerra, de qualquer jeito, pois esse era o script que desenharam, e o script precisava ser cumprido até o fim. Quando os ataques finalmente foram feitos, a impressão que ficou foi a seguinte: “Mas essa guerra já não tinha acontecido?” Ou: “Por que demorou tanto?”
Rússia veta resolução do Conselho de Segurança da ONU
Brasil se posiciona contrário à invasão do
território ucraniano
Marcelo Brandão
A Rússia vetou a Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) contrária à invasão da Ucrânia. Tropas russas avançaram pelo país vizinho após uma ordem dada pelo presidente Vladmir Putin, na noite de quarta-feira (24), já madrugada na Rússia. Com o veto, a resolução foi rejeitada, em um resultado já esperado. Foram 11 votos favoráveis, um voto contrário e três abstenções.
Foto: Carlo Allegri/Reuters |
Para ser aprovada, uma Resolução
não pode ser vetada por nenhum dos cinco membros permanentes do conselho. A
Rússia, pivô da crise, é um desses países, exercendo seu poder de veto, como já
se esperava. A China, um dos poucos países a não se posicionar contra as ações
de Putin, foi um dos três países que se abstiveram. Os outros foram Índia e
Emirados Árabes Unidos.
Brasil vota contra a Rússia
Representantes de alguns
países falaram antes da votação. O embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa
Filho, fez uma fala firme contra a invasão da Ucrânia, posicionando o país de
maneira condenatória à agressão sofrida pelos ucranianos em seu próprio
território. Na votação, foi a favor da Resolução.
“Uma linha foi ultrapassada e
esse conselho não pode ficar silencioso. [Precisamos] buscar um espaço para o
diálogo”, disse Costa Filho. “O estratégico equilíbrio na Europa não dá à
Rússia o direito de ameaçar a soberania da Ucrânia ou de qualquer outro país”,
acrescentou. O representante do Brasil no conselho afirmou que as ações da
Rússia abalam a fé nas leis internacionais.
Linda Thomas-Greenfield,
representante dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU, defendeu a
aprovação do documento, e condenou a invasão de um país pelo outro “apenas
porque pode”. “Um país está invadindo o outro. Não há uma situação
intermediária. Países responsáveis não invadem seus vizinhos apenas porque
podem fazer isso. Vote sim se acha que a Rússia deve pagar por suas ações”.
Após o resultado, Thomas-Greenfield pediu novamente a palavra e mandou um recado para a Rússia, e seu representante no conselho. “Rússia, você pode vetar essa resolução, mas não pode calar as nossas vozes, não pode vetar o povo ucraniano e não pode vetar sua culpa nisso”.
[Atualidade em xeque] É sempre a Inglaterra?
José Manuel
Pelo que se sucede há décadas,
desde os primórdios do século XX, eu diria que sim. Não quero me estender muito
neste texto, mas o fato nos coloca para pensar.
Não fora a determinação de
Winston Churchill no início das invasões germânicas a países limítrofes, com
extensão a toda a Europa, hoje estaríamos comendo chucrute enlatado em campos
cercados de arame farpado e provavelmente falando alemão
Aqueles que acham que os
heróis são os americanos, estão muito enganados.
Nunca tiveram uma só bomba voando
sob suas cabeças até ao dia 7 de dezembro de 1941, quando os japoneses
destruíram sua base em Pearl Harbour, ou seja, em seu próprio solo continental
nunca tiveram um só bombardeamento.
Ao contrário dos ingleses que
enfrentaram uma blitz aérea na sua capital entre 7 de setembro de 1940 e 10 de
maio de 1941, os americanos só foram declarar guerra ao Eixo em 11 de dezembro
de 1941.
Desde o início do conflito na
Europa, permaneceram dois anos em neutralidade apenas fornecendo armas e
insumos.
Agora, desde a madrugada do
dia 24, quando da criminosa invasão da Ucrânia, e menos de 24 horas após, mais
uma vez a Inglaterra dá uma lição ao mundo, através do seu primeiro-ministro,
Boris Johnson, que declarou um pacote de banimento total aos ativos da Rússia no
Reino Unido.
O banimento é extenso e vai
desde a empresa aérea Aeroflot a ativos bancários, sistema mundial Swift, e
empresas de tecnologia.
Não vai ficar muito bom para os cães de guerra russos, que vão sofrer na pele o que estão fazendo em território Ucraniano.
777 Partners deposita os R$ 70 milhões para o Vasco, mas quantia só deve cair na sexta
Depósito foi feito para o Vasco da Gama nesta sexta (25), mas, devido ao feriado de Carnaval, compensação bancária deve demorar uma semana.
Raphael Fernandes
Boa notícia para os cofres do Vasco da Gama! O empréstimo de R$ 70 milhões por parte da 777 Partners, aprovado pelo Conselho Deliberativo do Clube em reunião na última quinta-feira (24), já foi depositado para o Gigante da Colina. A informação é do jornalista Wellington Campos, da Rádio Tupi.
De acordo com o radialista,
porém, pelo fato de esta semana ser Carnaval e haver feriado na próxima terça (1),
a compensação bancária (dinheiro cair na conta) só se dará na sexta (4).
Vale ressaltar que, de acordo
com a diretoria do Vasco, essa quantia será utilizada em caráter emergencial
para pagamento de despesas e dívidas de curto prazo, aliviando momentaneamente
o fluxo de caixa cruzmaltino.
Outro ponto importante a ser
destacado é que, caso o futebol do Gigante da Colina seja transformado em
Sociedade Anônima (SAF), os R$ 70 milhões serão abatidos do valor total da
negociação (R$ 700 milhões).
Caso a aprovação não ocorra,
essa quantia será considerada um empréstimo convencional, com juros e prazo
para quitação.
Título e Texto: Raphael
Fernandes, Vasco Notícias, 25-2-2022, 21h27
[Versos de través] Sonnet 20
Pierre de Ronsard
Je voudroy bien richement jaunissant
En pluye d’or goute à goute descendreDans le giron de ma belle Cassandre,
Lors qu’en ses yeux le somne va glissant.
Puis je voudroy en toreau blanchissant
Me transformer pour sur mon dos la prendre,
Quand en Avril par l’herbe la plus tendre
Elle va fleur mille fleurs ravissant.
Je voudroy bien pour alleger ma peine,
Estre un Narcisse et elle une fontaine,
Pour m’y plonger une nuict à sejour :
Et si voudroy que ceste nuict encore
Fust eternelle, et que jamais l’Aurore
Pour m’esveiller ne rallumast le jour.
Pierre de Ronsard
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Barraca da Chiquita, 42 anos
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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022
‘Bancos de esquerda’ já preveem catástrofe na economia brasileira
O cidadão comum tem de acreditar naquilo
que vê e não naquilo que lhe dizem os economistas das grandes instituições
financeiras
J. R. Guzzo
Um dos grandes bancos brasileiros chegou à conclusão, já em fevereiro, que o Brasil vai fechar este ano com recessão — mais exatamente, a economia vai recuar 0,5% até dezembro. Como é que eles sabem isso, se o ano nem começou? É o tipo de pergunta que não adianta nada fazer, porque nunca dão uma resposta coerente para ela; são previsões da ciência econômica, diriam os autores da profecia, coisa que é privativa dos economistas de grandes bancos e a respeito da qual não cabe ao leigo se manifestar.
Tudo bem, mas o que realmente
interessa saber, nessa espécie de adivinhações, é o seguinte: elas são feitas
sem nenhuma responsabilidade, sem nenhum compromisso e, sobretudo, sem nenhuma
consequência para quem as coloca em circulação junto ao público pagante. Têm de
ser recebidas, assim, com o grau de confiança que se reserva para os búzios do
Pai João e as cartas de tarô da Mãe Joana. É simples: se der tudo errado, e a
realidade mostrar-se o contrário da previsão, não acontece nada para o
economista-previsor. Não perde o emprego. Não é nem chamado para uma pequena
conversa na sala do chefe. Na verdade, ninguém vai se lembrar em dezembro o que
ele disse em fevereiro — com um pouco de jeito, o cidadão pode até ir dizendo,
aqui e ali, que previu outra coisa, ou mesmo o contrário. Em seguida, parte
para a próxima previsão.
Vinda de onde vem, a estimativa de 0,5% de recessão não deveria, pensando um pouco, surpreender ninguém. Curiosamente, no Brasil de hoje, temos bancos de esquerda — e faz parte de seu compromisso social, sobretudo num ano de eleições, dizer que a economia nacional está em ruínas e dar a entender que o “campo progressista” vai devolver ao sistema econômico a felicidade que ele perdeu com o governo de direita. São bancos assim que fazem previsões como essa. Ou, então, pagam campanhas de publicidade contra a pecuária brasileira. Ou têm, na voz de gente que está em suas vizinhanças, candidatos à Presidência da República.
Embaixada do Brasil em Kiev anuncia trem para retirada de brasileiros
Prioridade será dada a mulheres, crianças e idosos
Pedro Rafael Vilela
A Embaixada do Brasil em Kiev, na Ucrânia, anunciou, na tarde desta sexta-feira (25), que um trem vai partir da capital com destino à cidade de Chernivtsi, no oeste do país, que fica nas proximidades da fronteira com a Romênia. Essa é a primeira opção viabilizada pelo Itamaraty para a retirada de brasileiros do país, que sofre uma invasão de tropas militares da Rússia.
Foto: Embaixada do Brasil/Telegram |
"Caso considerem que a
situação de segurança em suas localidades o permita, cidadãos brasileiros e
latino-americanos registrados junto à Embaixada poderão dirigir-se à estação.
Não é necessário comprar bilhetes. A chefia da estação está avisada do assunto,
e buscará atender os cidadãos brasileiros e latino-americanos. Sugere-se que os
interessados cheguem com antecedência", informou o serviço consular
brasileiro, em uma publicação no Facebook.
Segundo a embaixada, a
situação de segurança e de disponibilidade de transporte em Kiev é instável e
sujeita a mudanças repentinas e que, por isso, não é possível garantir a
partida ou lugares suficientes. A partida do trem estava prevista para ocorrer
por volta das 17h, pelo horário de Brasília (22h no horário local).
"Prioridade deverá ser dada a mulheres, crianças e idosos. Viajantes que tenham sucesso em partir com o trem deverão ter em conta relevantes dificuldades na chegada, onde há problemas com a falta de hospedagem, transporte para a fronteira, bem como longas filas na imigração. Os cidadãos que decidirem escolher essa viagem o farão por conta e risco próprio. A embaixada terá condições mínimas de prestar ajuda durante o trajeto até a fronteira com a Romênia, embora esteja sendo negociada a possibilidade de que o Conselho Regional de Chernivtsi ofereça transporte até a fronteira", alertou a embaixada.
Ministro da Saúde diz, na ONU, que vacinação é obrigação do Estado
O país tem uma das maiores taxas de
vacinação do planeta
Pedro Peduzzi
O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga [foto], disse hoje (25), a chefes de Estado e autoridades em encontro na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, que, no Brasil, a vacinação é um direito previsto na Constituição e, portanto, uma obrigação do Estado.
Queiroga acrescentou que o
país tem uma das maiores taxas de vacinação do planeta, e que esse resultado se
deve à “cultura de vacinação de nossa população”, baseado no princípio de que
“todo brasileiro é livre para decidir” sobre a questão.
Ele lembrou que o país
adquiriu mais de 400 milhões de doses de vacinas, e que cerca de 85% da
população já recebeu a primeira dose do imunizante, e que a segunda dose já foi
aplicada em mais de 70% de seu público-alvo.
Por esse motivo, acrescentou o ministro, “nos últimos 6 meses tivemos reduções significantes do número de mortes, inclusive [de pessoas contaminadas] pelas variantes Delta e Ômicron”, acrescentou ao lembrar que acordos assinados pelo país resultaram na autonomia para a produção de imunizantes no país.
Conflit ukrainien : Macron se sent pousser des muscles
H16
Poutine envahit l’Ukraine, et
instantanément, on ne parle plus de virus et de petites picouses.
C’est aussi ça, la magie de la guerre : en quelques heures, tout le monde est rapidement rappelé aux évidences que le confort occidental actuel nous a fait oublier. Tout peut basculer très vite et ce qui se passe actuellement en Ukraine a très vite occulté les tracas du quotidien dont, au passage, on n’oubliera pas de mentionner qu’une grande partie est directement causée par les clowns à roulettes qui nous dirigent.
Et ceux qui se posaient encore
la question de savoir vers quoi ils nous dirigeaient ont maintenant une
réponse, assez peu joyeuse mais assez terre-à-terre : pour les Ukrainiens, ce
sera la guerre et, probablement, une occupation ; pour les Européens, ce sera
une saignée de leurs comptes en banque de deux façons.
D’une part, ces dernières
années, à coup de votes idiots et d’écologisme d’adolescente énervée, ils ont
judicieusement choisi d’éviter soigneusement toute indépendance énergétique et
de choisir un approvisionnement auprès des Russes alors même que le conflit
couvait déjà depuis plusieurs années. On peut raisonnablement parier sur une
petite augmentation des tarifs gaziers dans les prochaines semaines. Les
Allemands, qui ont abandonné nucléaire et charbon au profit du gaz, seront
ravis. Est-il utile de revenir sur le rétropédalage acrobatique et grotesque de
Macron en matière de centrales nucléaires, typique de son
« en-même-temps » emblématique autorisant à la fois la fermeture de
Fessenheim et le lancement de 14 nouveaux EPR ? Au moins ce conflit
évitera au locataire élyséen d’avoir à répondre de son bilan et de ce genre de
pirouettes ridicules…
D’autre part, les conflits ont une tendance à bousculer les chaînes logistiques, tendre les marchés, découpler l’offre de la demande et, à la fin, faire monter les prix. Il faudra donc s’attendre à ajouter ce paramètre à l’inflation déjà dodue que la Banque Centrale Européenne peine à cacher sous le tapis de ses déclarations euphémistiques, pour obtenir une nouvelle hausse des prix de détails.
[Observatório de Benfica] A Europa de novo em Guerra
Mário A. Florentino
Na minha geração (nasci em
1969) não vivemos de perto nenhuma grande guerra. Mas ouvi, desde muito novo,
relatos dos meus pais e meus avós, sobre várias guerras. O meu pai esteve em
Moçambique, na guerra colonial, e o meu avô deixou a sua terra natal com 14
anos, para fugir à guerra civil espanhola. Como todos, li livros e vi filmes
sobre as guerras brutais do século XX. Apesar de todos esses relatos
históricos, ou precisamente por causa deles, pensei que os líderes europeus não
iriam repetir o erro de se envolver os seus povos em guerras similares. Tive a
ilusão de que os meus filhos pudessem viver num século XXI mais pacífico que o
anterior. Talvez me tenha enganado, tendo em conta os acontecimentos do dia de
hoje.
"O problema do mal será o
problema central da vida intelectual do pós-guerra na Europa - tal como a morte
se tornou o problema central depois da última guerra", escreveu Hannah
Arendt em 1945. No dia em que a Rússia, sob os comandos do ditador Putin,
invadiu a sua vizinha Ucrânia, podemos estar no início de uma guerra comparável
às que vitimaram os povos europeus no século passado. Os países democráticos
ocidentais não foram capazes de afastar o mal.
O antigo primeiro-ministro
inglês Clement Atlee disso sobre Estaline: "sem princípios, recorre a
quaisquer métodos, mas também não tem uma linguagem floreada. É sempre um sim
ou um não, embora só se possa acreditar nele quando diz não". Nesse
aspecto, Putin parece não ser muito diferente de Estaline, já que não olha a
meios para atingir os seus fins, que podem ser o de conquistar para a sua
esfera de poder os países que fizeram parte da União Soviética.
O antigo campeão de xadrez Garry Kasparov [foto], que tem sido um dos principais opositores ao regime de Putin, escreveu hoje no Twitter as suas recomendações ao mundo ocidental: "apoiem a Ucrânia militarmente e imediatamente, através de todos os meios; levem à falência a máquina de guerra de Putin, congelem todo seu financiamento; afastem a Rússia de todas as instituições internacionais e financeiras; eliminem todos os elementos da sua máquina de propaganda".
Esperemos que a resposta do Ocidente, da Aliança Atlântica e dos seus líderes esteja à altura do momento, tal como esteve na segunda guerra mundial. Disso dependerá o futuro deste nosso velho continente.
A fraqueza do Ocidente
Luís Menezes Leitão
Com o colapso da União Soviética em 1991, os diversos países da Europa de Leste afastaram-se da Rússia e a maioria deles aderiu à Nato, enquanto a Geórgia e a Ucrânia se afirmaram candidatos à adesão. Com a ascensão de Putin ao poder a Rússia retomou, no entanto, as suas pretensões imperiais, e tem sido imparável na defesa da sua esfera de influência. Assim, em 2008 invadiu a Geórgia para lhe retirar o controlo da Abecásia e da Ossétia do Sul, que aquele país pretendia recuperar, e em 2014 anexou a Crimeia e ocupou o Donbass, em resposta ao derrube do seu aliado ucraniano, o Presidente Ianukovich.
A partir daqui a Rússia procurou sempre manter os países vizinhos sob o seu controlo, garantindo que um derrube semelhante ao de Ianukovich não se voltaria a passar. Assim, apesar das acusações de fraude eleitoral, Lukashenko foi mantido no poder na Bielorrússia no ano passado, graças ao apoio russo, e já no início deste ano o exército russo interveio no Cazaquistão, em apoio do seu Presidente Kassym-Jomart Tokayev, que corria o risco de ser derrubado.
Nota do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira sobre a Invasão da Ucrânia
O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (IPCO) exprime seu indignado repúdio da grave e injusta agressão da Rússia à nobre nação ucraniana, a qual conseguiu corajosamente libertar-se do jugo soviético, inspirando-se nas figuras heroicas do Exarca Leonid Feodorov, do Metropolita Andrej Sheptytsky e do Cardeal Josyf Slipyi.
O IPCO convoca
os católicos do Brasil a rezar a Nossa Senhora para que proteja o povo
ucraniano e especialmente a numerosa, heroica e crescente comunidade católica.
Em particular que Ela cumpra o que anunciou nas suas aparições no vilarejo de
Hrushev, em 1914 e 1987, ou seja, que a Ucrânia sofreria terrivelmente como
nação, mas que finalmente tornar-se-ia “um Estado independente”.
Esta nova agressão a uma nação independente, mediante a violação de todos os tratados internacionais assinados pelo Kremlin, que põe em grave risco a paz na Europa e no resto do mundo, demonstra que a Rússia ainda está longe de ter-se convertido dos seus erros. Essa constatação torna imperioso que seja dado cumprimento, finalmente, ao pedido feito por Nossa Senhora à Irmã Lúcia. Ou seja, que o Papa e os bispos do mundo inteiro consagrem a Rússia ao Imaculado Coração de Maria, pois somente dita consagração tornará viável a conversão da Rússia e, em consequência, o retorno da paz ao mundo.
[Aparecido rasga o verbo] Carta a meus filhos (“Nemo inauditus debet damnari”)
Aparecido Raimundo de Souza
Com isso, concluí que a minha
sedução por saltar na frente de um automóvel, soaria desleal, ou inócua. Pensem
comigo. Igualmente me proporia um gesto mesquinho e covarde. Não para comigo,
ou com a vida errada, para os embaraços que eu criaria com o meu atropelamento
para o motorista que certamente ficaria enrolado com a justiça. Acreditem, meus
amados rebentos: estou pagando por tudo o que fiz. Purgando meus dias vindouros
sem saber como será o próximo segundo. Tudo porque, desde quando me conheci e
me assumi como gente grande, procurei pautar meus dias de adulto por caminhos
sinuosos e abetesgados. Nunca fui bom filho – e quem não é bom filho, jamais
será um exemplo de pai. Tiro como exemplo, meu velho, que nunca se fez comigo.
Águas passadas, me lembram que não devo chorar sobre o leite derramado. Por
assim, que o Altíssimo o tenha em seus cuidados, já que não se afigura mais
entre nós!
De igual maneira, devo deixar
esclarecido que não me comportei com a devida decência e honradez. Deixei de
dar o salto quântico na compreensão viável, ou no momento certo, o que redundou
com as não sei quantas jovens que, de namoradas passaram às condições de mães e
acabaram por trazer vocês ao mundo. Mulheres brilhantes, criaturas que tiveram
a infelicidade e a má sorte de cruzarem comigo num dado ponto da jornada. Falo
em má sorte e em infelicidade, porque fiz questão de magoar e maltratar a todas,
sem distinção. Deixei faltar o essencial o imprescindível para a sobrevivência,
além dos maus tratos, da falta de atenção, de amor, de carinho, de afeto e,
principalmente, de alinho, de decência, e moralidade, na condução dos anos em
que vivemos dividindo espaços comuns. No alvor dos dezoito, talvez não soubesse
precisar o sentido exato da palavra caráter.
Minha mente não processava assuntos de tamanha complexidade. O caráter era um deles. Jovem e imaturo, despreparado e inseguro, levava a vida ao deus dará, chovesse ou fizesse sol, estava tudo às mil. O negócio era curtir, o depois, que se danasse. Aos vinte e cinco, desconhecia, ainda, o chão lodoso que pisava. Tudo se transformava, ou melhor, qualquer porcaria virava motivo para sair e comemorar. Nessas ocasiões, não faltavam os amigos para farrear, os oportunistas que chegavam de todos os lugares para ajudar a passar as noites em claro. Foram tantos os bacanais regados em cenários de atividades frenéticas, onde o ápice se traduzia na farta consumação de vinhos caros e garrafas de cerveja a dar com pau. Semanas inteiras se perdiam ao acaso nos botequins das esquinas, sem mencionar as garotas de programas que pareciam surgir de guetos escuros como formigas em busca de falsos prazeres regados ao mais puro gosto do saboroso mel.