segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ela não está online. Será que está com o outro?

As relações são mesmo complicadas ou somos nós que complicamos?
Paulo Farinha

«Sim, eu sei que estiveste em Londres na semana passada. Vi as fotografias no teu Facebook», pensou ele enquanto ela falava de Picadilly Circus e Trafalgar Square. Pensou mas não disse. Ainda não eram amigos na rede social e o facto de ela não ter as fotografias bloqueadas a desconhecidos nas definições de privacidade permitira-lhe ver essas imagens. E as outras todas que ela tinha. A história não é real, mas podia ser. E de certeza que o é para muitas pessoas...  A conquista tem novas regras no tempo das redes sociais e o tema não passa ao lado de antropólogos, psicólogos e terapeutas. Já muito se estudou e escreveu sobre a difícil (somos nós que dificultamos?) arte de amar nos tempos do Facebook, do Twitter e do Hi5, mas numa coisa investigadores e investigados parecem estar de acordo: acontece tudo muito depressa na era da Web 2.0. Os novos protocolos de contactos e relacionamentos através da internet são mais rápidos do que a queda televisiva do Pedro Abrunhosa a chegar ao Youtube.

«Há novas regras de etiqueta digital que temos de descobrir sozinhos. Neste momento, não temos as ferramentas. E isto torna as coisas muito confusas», disse Lee Rainie, responsável pelo projecto Internet and American Life, ao jornal The New York Times no início deste ano. O estudo, conduzido pelo Pew Research Center for the People & the Press, um centro de pesquisa de opinião pública sediado em Washington, pretende avaliar o impacto social da internet nos EUA.  Por cá, as dificuldades e constatações são as mesmas. Mas se serve de consolo ou pista, os pontapés ao lado ou os tiros certeiros são iguais para toda a gente no mundo dos três W. Novos ou menos novos, homens ou mulheres, andamos todos às apalpadelas (virtuais, infelizmente).
Veja-se o caso do Facebook:
Não sabemos o que fazer quando alguém nos diz que não tem Facebook e que não acha piadinha nenhuma àquilo. Defender as virtudes da rede social não adianta. Quem ainda não está convencido não vai ficar.
A primeira coisa que (quase) toda a gente vê no perfil de alguém são as fotografias. Primeiro, as do perfil. Depois, as das férias ou viagens (há mais probabilidades de haver alguma em biquini ou calção).
A segunda coisa é o -«relationship status». Nem todos o preenchem (ainda bem, haja algum mistério), mas nos casos em que revela «numa relação com...», vamos ver a fotografia do(a) namorado(a)dela(e), para saber se é mais giro do que nós.
O mural da outra pessoa está cheio de posts do Mafia Wars, Farmville, Café World  e outras fantochadas dessas. E agora? Como se diz educadamente «olha, acho isso uma palermice e gostava que parasses de me enviar ursinhos amorosos que dão xi-corações e convites para guerras de almofadas».
Na fase da conquista, passamos a vida a ver se a outra pessoa está online (fica com uma bolinha verde na coluna da esquerda). Quando está, não sabemos se nos devemos meter com ela ou esperar e fazermo-nos difíceis. Quando deixa de estar e não nos passou cartão, sentimo-nos abandonados.
Se alguém faz um «gosto» ou comenta um post que colocámos na semana anterior, está na cara que andou a explorar o nosso mural. E ficamos satisfeitos.
Assim que acaba a relação, a não ser que bloqueemos a outra pessoa (ou sejamos bloqueados), não conseguimos deixar de ir constantemente ao mural dela (uma vez por semana já é de mais).  E vamos ver quem são os amigos novos.  E desejar que sejam todos feios.
No rescaldo da separação, quando há esperança em «manter a amizade» ficamos na dúvida se devemos retirar os tags das muitas fotografias nossas em que estamos com a outra pessoa - ou os amigos dela(e). Dantes podíamos rasgá-las..
Paulo Farinha, Notícias Magazine, 13-06-2010

2 comentários:

  1. Essa questão da presença constante de um ex amor é uma questão interessante nos dias de hoje. E deve ser muito mais difícil esquecer alguém quando se está constantemente a ver as novas publicações, as férias, etc. Esse é um aspecto em que as redes sociais só atrapalham:)

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  2. E é o que acontece atualmente: "rever" a/o ex no Facebook, no orkut...

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