Marcelo Duarte Lins
Todo tempo tem seus paradoxos.
Entre fumaça e silêncios, entre a pressa da notícia e a lentidão da memória.
O cão que fuma é um espaço para olhares
inquietos. Feito de perguntas mais do que de respostas, de reflexões que não
cabem nos manuais e de histórias que sobrevivem ao esquecimento.
Por que “o cão que fuma”?
Porque toda imagem absurda carrega em si uma verdade escondida: o insólito nos
obriga a pensar. O cão não deveria fumar — mas fuma. O poder não deveria ser
autoritário — mas é. A vida não deveria ser tão breve — mas é.
Este espaço é convite a quem
gosta de crônicas, ensaios, lampejos filosóficos e observações que atravessam
política, história e cotidiano. Aqui, o que importa não é a certeza, mas a
centelha.
Entre, sente-se. O cão já
acendeu outro cigarro.
O cão traga devagar. Solta a
fumaça como quem suspira pelo mundo. Observa os homens correrem atrás de suas
próprias correntes — chamam de rotina, chamam de progresso, chamam de vida.
A História, no entanto, insiste em repetir-se como se fosse piada sem graça. Robespierre acreditou na lâmina como instrumento de justiça, e terminou descobrindo que toda guilhotina tem sede insaciável. Lavoisier, que decifrou a matéria, foi reduzido a pó pela mesma lâmina que servia à República.
Mudam os cenários, mas não as
sinas. Sempre há um poder travestido de democracia, um autoritarismo com
máscara de virtude, um governante que se diz salvador da pátria. E, diante
disso, o povo permanece — ora rebelado, ora silenciado, ora descrente.
O cão que fuma observa. Sabe
que o homem é capaz de erguer catedrais e, ao mesmo tempo, acender fogueiras
para queimar hereges. Sabe que a verdade é volátil, que a justiça oscila como a
fumaça, e que a vida, no fim, cabe inteira numa baforada.
Talvez por isso ele fume: para
lembrar que cada trago é breve, cada sopro se dissipa, cada século repete sua
sina.
Título e Texto: Marcelo
Duarte Lins, 21-8-2025
[Conversamos com] Marcelo Lins: “Lamentavelmente o Governo Federal nunca teve intenção de ajudar a salvar a VARIG e o AERUS.”
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[Conversamos com] Marcelo Duarte: “Enquanto pilotávamos os aviões, os que estavam pilotando a empresa estavam quebrando a VARIG e o AERUS”
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