Marcelo Duarte Lins
Platão nos deixou um aviso que
atravessa séculos: não é a vela enfunada que faz andar o barco, mas o vento que
não se vê. É uma metáfora simples e profunda. A vida, afinal, não se move pelo
espetáculo das aparências, mas pelas forças silenciosas que nos animam: o
desejo, a fé, o sonho que insiste em existir mesmo quando tudo parece desabar.
Diante das dificuldades,
muitos param, como se o obstáculo fosse o fim do caminho. Mas o que sustenta a
travessia não é a ausência de pedras, e sim a presença de sonhos. É o que toca
a alma que, em última instância, indica a direção.
O risco é ignorar essa bússola
interior e ceder à tentação das maiorias. O erro, ainda que vestido de
consenso, não se converte em verdade. O certo permanece certo mesmo quando
caminha só; o errado continua errado ainda que receba aplausos de todos os lados.
Por isso, talvez a tarefa mais difícil seja manter o equilíbrio. Nem se deixar inflar pelos elogios, nem sucumbir às críticas. O que protege de ambos é o autoconhecimento — essa forma de serenidade que nos impede de oscilar ao sabor das marés externas.
Vivemos obcecados em prolongar
os anos, como se o simples acúmulo de tempo fosse garantia de plenitude.
Esquecemos que viver muito não depende de nós, mas viver bem, sim. O que nos
cabe é a densidade dos instantes, não a contagem deles.
No fundo, somos todos barcos
em viagem. O leme pode ser firme, a vela pode estar aberta, mas o que realmente
nos move é o vento invisível — esse sopro imaterial que não se explica, apenas
se sente. O segredo é confiar nele. E seguir.
Título e Texto: Marcelo
Duarte Lins
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-