sábado, 23 de agosto de 2025

[Versos de través] Ode ao status quo

Jaime Otelo 

Jamais irei versar o dia-a-dia.
É vaso estéril com semente prosa,
e como toda a lírica é abuso,
eu, conquanto poeta, me reduzo.

Quem narrará a História, este fruto
que desnudo apodrece, será Nero.
A nossa voz, por norma, lhe é matéria,
mas o seu eco estronda, abate e fere-a.

Dele é o timbre isolado, que decreta
chamas e aponta fumos. Quem por cinzas
se disser pó irá soltar um mero:
“E o único poeta… era Nero”


Jaime Otelo

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Há formas 
Na partida da senhora Beatriz 
Rosa dos Ventos 
Da saudade que também se acende

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