sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Equador: projeção de derrota do governo no segundo turno. Redutor bolivariano?

Cesar Maia
          
1. Só com praticamente todos os votos apurados é que se confirmou o segundo turno na eleição presidencial de domingo no Equador. A lei eleitoral equatoriana determina que para vencer no primeiro turno seriam necessários 40% dos votos e uma diferença para o segundo lugar de pelo menos 10 pontos.
           
2. A segunda exigência foi cumprida. Lenin MORENO - candidato do Aliança País, do Presidente Rafael Correa - obteve 39,3% dos votos e Guillerme LASSO - candidato do “Creo”, de oposição - atingiu 28,2%, numa diferença de 11,1 pontos, maior que os 10 pontos exigidos. A terceira colocada - Cynthia Viteri, do PSC, liderado pelo prefeito de Guayaquil Jaime Nobot - recebeu 16,2% dos votos. Guayaquil é a cidade do país com maior população.
              
3. O apoio ostensivo do PSC a Lasso durante a apuração aponta para o favoritismo deste no segundo turno. Moreno – candidato do presidente Rafael Correa - venceu nas maiores cidades como Guayaquil (2,5 milhões de habitantes) e Quito (capital do país, com 2,3 milhões) e nas principais capitais provinciais, como Cuenca (onde se produz os chapéus “Panamá”) e Portoviejo. Lasso venceu nas capitais na Serra Centro, Sul do país e Amazônia, como Ambato, Guaranda, Riobamba, Loja, Orellana e Morona, cidades de cerca de 200 mil habitantes. Mesmo vencendo nas grandes cidades, a vitória de Moreno, nelas, não alcançou os 40%, como o caso de Guayaquil.
               
4. O partido de Rafael Correa – Aliança País - sofreu forte perda no Parlamento, mas, assim mesmo, continua como a principal força, com 67 de 137 deputados, ou 49%. Tinha 70% antes da atual eleição. Os partidos que eram de oposição e que podem governar vencendo no segundo turno terão agora 64 deputados, ou 47%. Em governos tipo os bolivarianos, o poder executivo tem uma enorme capacidade de intervenção constitucional. Portanto, uma vitória de Lasso é uma ampla mudança no quadro político do Equador.

5. E tem forte impacto internacional na América Latina. Acentua a tendência de desintegração do grupo chavista-bolivariano, embora Rafael Correa seja um quadro formado nos EUA, que trabalha com uma equipe de equatorianos mestres ou doutores nos EUA. Se elegeu com aquela marca, governou de forma autoritária, mas com políticas mais racionais e flexíveis.
               
6. Exemplo disso é a questão monetária. Anos atrás, o Equador adotou o dólar dos EUA como sua moeda de circulação. Correa não alterou. Da mesma forma tem respondido a crise –especialmente a queda no preço do petróleo - de forma racional. O Equador, em função disso, atravessa um período recessivo.
                
7. Dessa forma, poderá ocorrer um impacto internacional significativo com o desmonte do Grupo Andino Bolivariano, com as vitórias do liberal Pedro Pablo Kuczynski no Peru e – se ocorrer - com a vitória de Lasso (empresário, banqueiro), também liberal no Equador.
               
8. Provavelmente, o impacto mais importante seria em relação à Aliança do Pacífico, cujos membros fundadores foram Chile, Colômbia, México e Peru. A Costa Rica entrou em 2013. Agora ocorrendo a vitória de Lasso, o Equador se integraria.
Título e Texto: Cesar Maia, 24-2-2017       

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