Péricles Capanema
Foto: Paulo Roberto Campos |
A vaga aberta no
Supremo com a morte de Teori Zavascki assanhou a patrulha ideológica. Para
desgraça nossa, ela continua crespa, cada vez mais intolerante. Eram 30
candidatos com chances de levar, avaliou Eliseu Padilha, encarregado pelo
Presidente de fazer uma triagem inicial, informou a revista “Época”. No seleto
grupo estava Ives Gandra Filho [foto abaixo], presidente do Tribunal
Superior do Trabalho. Entre os ventilados, só ele foi fulminado pela fatwa da
patrulha. Razão: suas opiniões estão vetadas no Brasil pela censura dos
bem-pensantes progressistas. Não conheço Ives Gandra Filho, não tenho
procuração nem pedido para defendê-lo e, quer saber, nem tenho juízo formado
sobre a melhor escolha. Meu problema aqui é outro, de âmbito nacional.
Intrigado com a agressividade
do veto, fui atrás das opiniões do magistrado, em especial sobre a família (o
falatório girava em torno do tema). E li a nota que distribuiu à imprensa. Tive
enorme surpresa. Suas convicções enunciadas em linguagem culta e clara são as
da maioria do povo brasileiro.
Em resumo, a artilharia
libertária quer banir do Supremo qualquer candidato que espose ideias aceitas
pelo grosso dos brasileiros, mas não da patota emproada. A intolerância da
neoinquisição não admite divergência. Faz lembrar Henrique VIII advertindo São
Tomás Morus [quadro ao lado] no filme “O homem que não vendeu sua alma”: “No
opposition, Thomas, no opposition”. Também ele não admitia oposição.
Fica o recado: a KGB progressista não mais tolera no Brasil tais opiniões em
pessoas que aspirem a postos de expressão; só ainda as atura no povo miúdo.
Cada vez que surgir algum infeliz com tais opiniões, cogitado para posição
influente, a patrulha também vai tratá-lo como proscrito.
Para onde vamos? Vamos para a
servidão, se o Brasil da gente direita curvar a espinha às tirânicas
oligarquias libertárias e assim permitir que minorias fanatizadas, por meio de
estrondos publicitários, tomem de assalto as cadeiras do Supremo. E outros
espaços de direção.
Vejam o que encontrei (está na rede). O conceito de matrimônio de Ives Gandra Filho reproduz exatamente o que ensina o catecismo católico: “O matrimônio possui dupla finalidade: a) geração e educação dos filhos; b) complementação e ajuda mútua de seus membros. Tendo em vista, justamente, essa dupla finalidade, é que o matrimônio se reveste de duas características básicas que devem ser atendidas pela legislação positiva, sob pena de corrupção da instituição: a) unidade — um homem com uma mulher; b) indissolubilidade — vínculo permanente”. Mesmo protestantes e até agnósticos podem subscrever tal definição; tem raiz no Direito Natural. A intolerância furibunda com os conceitos acima nutre no bojo o vírus da perseguição religiosa, que, se não for combatido, gradualmente vitimará o organismo inteiro.
Transcrevo abaixo algumas
outras convicções relativas à família enunciadas pelo Dr. Ives: “A
celula mater da sociedade (núcleo básico) é a família, como sociedade natural e
primária, constituída numa comunidade de vida e amor para a propagação da espécie
humana e ajuda recíproca nas necessidades materiais e morais da vida cotidiana”.
Multidões de brasileiros dariam vivas e bateriam palmas em pé para quem
afirmasse isso. Vou adiante: “O homem desde a sua origem surgiu no
meio de uma família, que é a primeira sociedade humana. Não há que se falar,
pois, em estado pré-social ou situação originária de promiscuidade sexual na
vida animal”. Continuo: “A base do matrimônio é o
consentimento mútuo na outorga e recepção do direito perpétuo e exclusivo sobre
o corpo de cada um com vista aos atos aptos à procriação”. Mais uma: “Homens
e mulheres têm constituições física e psíquica distintas, complementares entre
si”. Excluir um candidato por defender tais convicções, equivale a
moralmente banir o geral dos brasileiros de sua pátria.
Opinião de Ives Gandra Filho
sobre união homossexual: “O casamento de dois homens ou duas
mulheres é tão antinatural quanto uma mulher casar com um cachorro. Casais
homoafetivos não devem ter os mesmos direitos dos heterossexuais, isto deturpa
o conceito de família”. Reafirmo, é a persuasão da maior parte do povo
brasileiro.
É também censurado por ser
contrário ao aborto, ao divórcio, à distribuição de pílulas anticoncepcionais
em hospitais públicos e a pesquisas com células-tronco de embriões. Reitero meu
bordão, milhões de brasileiros têm opinião idêntica.
O presidente do TST julgou-se
obrigado a distribuir nota à imprensa: “Diante de notícias veiculadas
pela imprensa, descontextualizando quatro parágrafos de obra jurídica de minha
lavra, venho esclarecer não ter postura nem homofóbica, nem machista. Deixo
claro no artigo citado, de 70 páginas, sobre direitos fundamentais, que as
pessoas homossexuais devem ser respeitadas em sua orientação e ter seus
direitos garantidos, ainda que não sob a modalidade de matrimônio para sua
união. Por outro lado, ao tratar das relações familiares, faço referência
apenas, de passagem, ao princípio da autoridade como ínsito a qualquer
comunidade humana, com os filhos obedecendo aos pais e a mulher ao marido no
âmbito familiar, calcado em obra da filósofa judia-cristã Edith Stein, morta em
campos de concentração nazista. O compartilhamento da autoridade sempre me
pareceu evidente, tendo sido essa a que meus pais casados há 58 anos viveram e
a qual são seus filhos muito gratos. [...] As demais posturas que adoto em
defesa da vida e da família são comuns a católicos e evangélicos, não podendo
ser desconsideradas “a priori” numa sociedade democrática e pluralista”.
Vou virar a página e dar um
exemplo revelador das agressões da intolerância. Fórum de 31
de janeiro traz em manchete: “Manifesto feminista contra Ives Gandra
para a vaga de Teori ganha apoio irrestrito”. A notícia afirma que, “para
eles [os signatários], Ives Gandra demonstra desconhecer a realidade social de
brasileiras e brasileiros. ‘Sexismo, homofobia, lesbofobia, discriminação
racial, desrespeito aos direitos humanos e sociais e ao Estado laico não podem
ser parte da trajetória de quem irá integrar o colegiado do STF’, afirmam, em
manifesto”. O texto, intoxicado de preconceitos progressistas e lotado de
falsidades, vem assinado, entre outros, por Luiz Gonzaga Beluzzo, Miguel
Rossetto, Emir Sader, centenas de professores de Direito, procuradores, líderes
sindicais, juízes, jornalistas, advogados.
É pressagioso que minorias
oligárquicas de esquerdistas e libertários, treinadas no patrulhamento
ideológico, façam marcação cerrada para banir dos postos de direção qualquer um
que tenha consonância com opiniões majoritárias do povo brasileiro, por
eles abominadas. Agem aqui os mesmos germes causadores das perseguições que
mataram milhões nos gulags da Rússia soviética e nos campos de
concentração da Alemanha nazista.
Título, Imagens e Texto: Péricles Capanema, ABIM, 18-2-2017
Título, Imagens e Texto: Péricles Capanema, ABIM, 18-2-2017
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